José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

15.7.22

( ao artista Vadú)

 Noite. J. A. M. . 1987

 














ainda recordo algumas imagens como pétalas caídas no meu regaço estava no restaurante “Quintal da Música” com o meu amigo acontecido há pouco por ali, entre strelas (1) douradas pela luz oblíqua da porta semiaberta da entrada e saída e os dengosos funanás no palco onde a Mayra (2) se espraiava deleitosamente.
E ele entrou, fino, esbelto como um lírio estremecido pela sua íntima alegria de estar naturalmente vivo no seu gingar dançante e o meu amigo inesperadamente levantou-se assaltou-o na dança e apresentou-me: este é o não-sei-quê.
Levantei-me a pesar a repentina gravidade do momento e a que existe em todo este mundo de deus, mas a leveza que me acompanhou logo me surpreendeu e quando olhos nos olhos enlaçámos as mãos eu vi ali um ser raro mesmo à minha frente daqueles que já ganhei o dia embora neste agora quase já fosse noite.

 “Lá Fora” (3) no surpreendente mundo das pessoas tudo parecia continuar a ser igual.

Quando a altas horas consegui descer de tudo aquilo, pois nestas farras a fraternidade por estas bandas é imensa e onda a onda neste mar tudo se demorna já os meus amigos no veículo estavam à espera numa achada (4) próxima.
Levantei as asas possíveis com tais companhias é sempre fácil e logo estávamos a viajar entre tantas estrelas à mão de semear que nem vos conto.

 

1. cerveja caboverdiana.

2. Mayra Andrade. Cantora.

3. título de canção de Vadú.

4. planalto de origem vulcânica.


 Nota: texto alusivo ao cantor Vadú(1977-2010)

 

(in, Livro de contos “O OURO BREVE DOS DIAS”, 2021)

~ J. A. M. ~


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