José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

11.9.24

( entretanto ama os teus amigos)

Pintura. J. A. M.

 

Viemos de longe.
Da vagina das mães, prenúncio dos dons cósmicos, a inaudita descoberta
- rebentam-me os lábios com tais palavras.
 
Uma luz impaciente invade-me. Eis o prestígio do que é diário e parece comum. As ondas desdobram-se em ondas. O mar respira, inspira, não se esforça por ser, em vertigem, em confissão, em celebração – naturalmente.
Eis a exatidão do que em nós também é. E esquecemos.
Dissimulados nos dons, somos sempre o desconhecido lugar da saída, com todas as portas abertas.
Uma cegueira enorme escuta o silêncio, depois do confirmado enredo da vida. Estamos aqui, a palavra repete-se: “aqui” e a onda desaparece nas areias dos nossos distraídos desertos.
Inalterável esta estória refugia-se mo corpo. É o corpo que enobrece a distância, é o corpo que abre as distâncias, é o corpo que se despede das distâncias.
 
Ninguém perturba ou acrescenta o teu caminho. Somente quem chamas.
E olhas á-volta e vês o que és.


( J. A. M.)
 

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