José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

19.5.19

sir Banksy, + uma vez?

A peça mostra uma criança-imigrante, a usar um colete salva-vidas e a segurar uma chama cor de rosa no ar.

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16.5.19

a Ciência das Ilhas ~ the Science of the Islands

Pintura: J. A. M. - 2015





















as Ilhas partilham um segredo com as árvores.
Todas têm as suas raízes entrelaçadas
no fundo
das águas.

onde ainda há peixes & pássaros a cantarem e
a encantarem a vida.

15.5.19

para os olhos de quem é mendigo à frente dos prodígios da vida

- Foto trabalhada. J. A. M. -

























de folha em folha os horizontes alongam-se para os olhos
de quem é mendigo à frente dos prodígios do Mundo.
Há sempre um nada absoluto em cada gesto, uma idade
e um peso de estrela a cair na sua luz até nós.

Olho à volta, agora esquecido de tudo e de súbito vejo-te
como esta frágil papoila a deambular pelos seus íntimos
sonhos coloridos.
Enquanto, a minha voz se perde no meio da luz que me dás.



in, " A Primeira Imagem", Ed. Sol XXI, Lisboa.1998 )

~

Madrugada - Honey Bee: https://youtu.be/JQUNTJob078

coisas comuns

- Rio Minho. V. N. de Cerveira. Foto trabalhada: J. A. M. -



















há pessoas assim, chegam-nos sei lá de onde, instalam-se num lugar qualquer mais substantivo do nosso corpo onde ciclicamente amanhecemos e morremos e parece que as levamos connosco para todo os lados, sem darmos conta da leveza que nos dão.


E através do tempo, prolongamo-nos entre pensamentos, sentimentos e palavras anónimas em conversas mais íntimas, sem nada sabermos do que acontece e que importa?




(Julho-2007. Actualizado a 2019. Rascunho Nº 64)

14.5.19

~ & os candeeiros eram estrelas ~



as varandas acendiam os candeeiros
e os candeeiros eram estrelas esfumadas 
pelos corpos dispersos na noite


era Verão e estava tudo deleitado
sobre o calor que brota das coisas terrestres
enquanto as varandas baloiçavam na luz.




10.5.19

Já não me lembro

Obra: Tinta da china e dourada s/ tela.100X100 cm. J. A. M.

























já não me lembro se era uma luz exterior ou de dentro de mim
e tudo estava incandescente de uma forma natural
o Mundo tinha um amplo sentido exato
em todas as coisas.


A incerta altura, olhei-me de longe e com o passar do tempo
aprendi a esquecer-me de mim.

No entanto, agora sou, cada vez mais
esse vaso de luz
onde a luz me ensina.




(2.Julho.2009. Rascunho Nº 87)

LINHARES DA BEIRA- GOUVEIA ( Portugal )
foto: j. a. m.















“ É como se a terra soubesse de sua própria beleza, de sua própria grandeza
e não precisasse gritá-la “

( Kazuo Ishiguro ) 

8.5.19

- Imagem construída a partir de foto de j.a.m., da escultura do "Cego do Maio", Póvoa do Varzim -














ESTRELAS  APAGADAS


Já a noite tinha sido iniciada, os pescadores juntos sentados calados curvados olhavam presos por um fio emaranhado de leves & ondulantes pensamentos o horizonte, como quem lia 1 texto antigo.
Entretanto as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava e tudo estava ligado.
Os barcos continuavam a baloiçar o cais. O mar sempre estivera ali como se fosse eterno. Como um eco longínquo que ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas gerações.
E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso esboçado junto ao aconchego do útero.

Os pescadores, disse-me um dia um amigo vagabundo nas viagens, viraram estátuas fixas e ali estancaram para o gáudio dos turistas que acudiam aos magotes & as crianças agora pediam moedinhas com uma vida inteira moribunda nos olhares. 




(J. A. M. ~ rascunho Nº 182. 2009?)

6.5.19

MUNDOS QUÂNTICOS

 Especulação Visual acerca da  Experiência Científica da " Dupla Fenda"( partícula e  onda) .  
Pintura. 100X100 cm s/ tela. 2017.
Autor:  
J. A. M.
~

Expansão de Consciência, Hélio Couto:https://youtu.be/T03QkTSeMKI


5.5.19

Pintura: j. a. m. - 2918
























Outras asas


por vezes, abrem-se outros sons, outras
luzes dentro
como acontece na boca das fontes
e é por aqui que algo em mim é mais humano
entre esta sagrada Terra & as estrelas à mão de semear
é por estas margens, que os tambores celestes
batem e rebatem o meu coração.



(J. A. M. ~ rascunho Nº 62)

3.5.19

coisas noturnas

cidade do Porto. Foto: J. A. M.


até que enfim o Porto hoje era uma cidade viva às 3 horas da manhã ainda havia uma chusma de gente nas ruas à volta dos Clérigos e, enquanto resolvia comigo a estranheza da novidade, acabei por me sentar numa cadeira à frente do café Piolho. havia pessoal desordenado em grupos, falavam, riam, bebiam. Gostei. havia também um aroma quente no ar & fiquei por ali o tempo de 2 finos frescos, ou foram mais?
Depois, atravessei a escuridão do jardim da Cordoaria, onde revi de soslaio, mas com natural atenção, as estátuas do Juan Muñoz. com aquela parca luz geral a gentinha do nosso hermano ganhava um ar mais severo e bizarro. Mas porque é que não estavam parados?

As extensas sombras pelo chão pareciam levitar ao som dos candeeiros sobriamente acesos. ao fundo, ainda estalavam no ar as gargalhadas dos jovens, abrindo a noite a outras luzes mais



(Porto.2007. Rascunho nº 158)


2.5.19

Blog: " Gazeta de Poesia Inédita "



SEM   MARGENS


por vezes vem um outro sol, um outro sal, outra luz
da cintura dos astros ou do fundo da Terra
descendo, subindo, entrando, aclarando
a cabeça, o coração o corpo todo
pois já é outra a resposta que cintila
no esquecimento do olhar
onde caio em mim, como uma gota de água
no mar dentro dos dias todo o tempo é redondo
e reparo nas duas mãos como se fossem
10 os novos caminhos
e no entanto, são tantos & tantos
que me volto a calar.



( J.A.M. ~ poema inédito, anos 80. Rascunho Nº 96)
Publicada  a versão do rascunho Nº 94,a convite do poeta José Pascoal



1.5.19

Pintura: J. A. M. 


























(…) claro que felizmente todos os estados de espírito são vadios e não se demoram em nenhum lugar. E o que fica em nós, é uma poeira que assenta na memória essa grande rocha de xisto, formada lâmina a lâmina, desde o início dos tempos. Uns trazem essa rocha, ás costas, como um talismã à vista desarmada de todos; outros, afundam-na nas águas do próprio corpo e por lá a esquecem, sabendo que não precisa dos seus cuidados para poder ser o que é: um  lastro para o  destino.
E assim, todos os dias somos atravessados por mundos e mundos, onde vivemos mais um pouco de tempo inscrito na ilusória viajem que até fazemos realmente.


1/06/2006

África

obra: J. A. M.

Yambo, Yambo (by Salif Keita): https://youtu.be/gz2WMvHCJOU


29.4.19

Parece-me que quem assim respira talvez possa encontrar

Obra: J. A. M. 


Mais uma viagem aproxima-se caminho lentamente
para o barco desamparado nas águas,
ao lado
as redes rendilhadas & frágeis do Mundo.

Como um simples sopro tento apenas
ser o seu alento.

Parece-me que quem assim respira
talvez possa encontrar.


(26-Julho-2008/Alterado em Abril-2012)

25.4.19

Palavras, palavras, por vezes

Obra: J. A. M.


























Palavras, palavras, por vezes cansado das palavras fico completamente à escuta, vazio por dentro, parado, virado para fora. Como se o meu corpo fosse uma harpa aberta aos sons que passam. E então há um outro sol a cobrir as formas do Mundo, o grandioso coração dos universos a bater como um  pêndulo maduro, a água no corpo como os oceanos a respirarem lá no fundo, a beleza epidérmica das coisas sem nomes, a vida total a pulsar sem eira nem beira.
E então, vejo que nada em mim é o que sei e sinto, nada em mim é apenas uma ilha a desenhar horizontes de palavras, nada disto tudo faz sentido, sem a luz e a vastidão da Terra com sementes e as plantas e as flores e as árvores e os frutos e as aves e as pessoas a encherem-nos os dias e as noites.


(1987?)

24.4.19

pequenas sabedorias

Obra: J. A. M. 















à volta, as coisas da humanidade, seres humanos, árvores, flores, aves, água horizontalmente azul, a música  do silêncio que desflora o ar como ramos que se erguem  para os céus e depois, curvam-se com o peso alentado do mundo,
demonstram-se assim os simples milagres do que é sempre impermanente.


( Agosto-2011)