- Imagem construída a partir de foto de j.a.m., da escultura do "Cego do Maio", Póvoa do Varzim - |
ESTRELAS APAGADAS
Já a noite
tinha sido iniciada, os pescadores juntos sentados calados curvados olhavam
presos por um fio emaranhado de leves & ondulantes pensamentos o horizonte,
como quem lia 1 texto antigo.
Entretanto
as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu
próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava e tudo estava
ligado.
Os barcos
continuavam a baloiçar o cais. O mar sempre estivera ali como se fosse eterno.
Como um eco longínquo que ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas
gerações.
E os
pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa
os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães
afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso esboçado junto ao aconchego do útero.
Os
pescadores, disse-me um dia um amigo vagabundo nas viagens, viraram estátuas
fixas e ali estancaram para o gáudio dos turistas que acudiam aos magotes & as crianças agora pediam moedinhas com uma vida inteira moribunda nos olhares.
(J. A. M. ~ rascunho Nº 182. 2009?)
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