José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

18.8.19

Exposição de Artes~Visuais














P.S. Devido a várias circunstâncias positivas, a Direção do evento
decidiu prolongar a Exposição até ao final do mês de Setembro.

9.8.19

onde o sOl é mais perto

" O Olhador " . Autor: J. A. M.



















ás vezes à noite, pego no bloco pego na caneta. Fico assim, horas a fio a olhar para o céu, depois a incerta altura, desço o olhar

agora: 1 pirilampo aqui outro acolá na espessura da noite por detrás da sebe deste jardim há 3 sobreiros unidos com troncos rugosos onde a cortiça respira e cresce sem darmos por isso e as folhas todas juntas formam uma cabeleira que estremece & dança, muito espaçadamente, com a aragem que sopra dos lados do mar enquanto pedaços de algodão dos álamos esvoaçam e uma sisão[1] algures espalha as pautas.
De repente, a chuva parou. Gotas de água escorrem de folha em folha e depois apagam-se no chão onde as raízes das plantas absortas se abrem aos desejos da sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que cai dos candeeiros. E são belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à volta. Na superfície azulada de um pequeno lago provisório, estranhamente ondulado, está a lua estampadamente enorme.



Data =?
( Rascunho Nº 238)




[1] Ave considerada Vulnerável, pela organização BirdLife International.

28.7.19

Um Barco dançava na Luz

Foto: J. A. M.

















Hoje, para variar, meti-me ao caminho para norte e vim parar à Povoa do Varzim.


O mar vivo e aceso, com o sol por cima, está a meu lado como um companheiro para esta ocasional minha solidão, prazenteira aliás.
Nesta esplanada onde os sons das ondas se  debruçam em cascatas iluminadas para dentro dos ouvidos dos olhos e a bem dizer, para o corpo todo.


Saio de mim

e reparo num barco de velas no alto mar, parece transparente segue um percurso e agora atravessa a luz espelhada na água pelo sOl e parece desaparecer definitivamente. Como é tão belo saber esta luz por fora e por dentro o reflexo direto e verídico das leis da Natureza em Tudo se demonstram.

A Maria, empregada de Pernambucoestou cá há duas semanas que me serve as estrellas (1), tem um ar graciosamente sensível, ondula a sua maravilhosa bunda por entre as mesas e a simpatia dos clientes que surgem como cogumelos neste fim de tarde  Alguns destes amigos vêm do trabalho e falam alto entre eles, como se tivessem muitas coisas adiadas para dizerem. Outros mais cansados aparentemente, agarram-se com afinco aos telemóveis e vice-versa & também ficam presos a uma atenção  tão demorada que me deixa derrotado, mas logo recupero.

O copo amarelo da cerveja, os tremoços também amarelos, ambos juntos bem equilibrados em cima do corrimão branco da varanda com minúsculos espelhos, onde os azuis do mar se refletem e  parecem criar um outro mar.  E a sinfonia dos maravilhosos sons das ondas  torna-se mais aLta, d´encontro aos meus 2 ou 200 ouvidos expectantes. E, por momentos torno-me o Cego do Maio, sem me entender.


E o tal barco, feito de nevoeiro e magia voltou ao início e este início é a forma de uma ilha a flutuar entre as águas longínquas e um horizonte difuso e o barco desliza agora outra vez no mesmo caminho outro.

- Maria, já reparou naquele barco além?
- Desculpe, sr., mas não vejo barco algum.



Entretanto: o jantar, algo comestível com um “Cabriz”(2), mas quanto ao prego no prato a parte da carne nem se via praticamente que o digam os talheres. Como só consumo cadáveres raramente, não houve problema de maior, embora tenha assinalado a “gravidade do lapso” ao empregado que  fez a fita de se mostrar servil, nem era preciso tanto pensei eu para com os meus botões, depois de um sorriso q.b. compreensivo & implicitamente altaneiro de cliente de fora, para estar  de acordo com o teatro.



Entre tanto ar tudo escureceu, nem horizonte, nem gaivotas, apenas umas luzinhas dispersas são barcos de pesca nesta zona ainda são possíveis embarcações pequenas onde meia-dúzia de pescadores salvam muitas fomes e apetites nos pratos dos restaurantes à beira-mar plantados à espera dos lucros, obviamente, venham os turistas, por aqui ainda há peixe fresco, serviços baratos, aproveitem  que 1 dia destes nunca se sabe, até quando?


E eis-me então agora no laço final: café curto &  Jack Daniel`s, com uma pedra. De gelo, feito com água da Serra da Estrela, gosto de saber estas coisas.



Antes de me ter despedido do local, ainda olho + uma vez para o tal barco, parece sempre parado antes de o fixar, o barco e a sua viajem, agora é uma visão ou alucinação diferente e entre este e as águas que o transportam não  há intervalo que se vislumbre tudo é uníssono e caminha através de um tempo metafórico que 1 dia destes talvez venha a saber.
As novidades dos novos tempos aproximam-se já chegaram, tudo começa a ser um outro modo de olhar, de estar vivo e aceso.



(1) cerveja da Galícia ( España).
(2) vinho da zona do Dão, Portugal.



(Inicial: Out. 2018)

 Rascunho Nº27



25.7.19

Série; Celebrações

Pintura : J. A. M.

























Há coisas que acontecem.
Há coisas que não acontecem.
Entre elas, a luz derradeira a mais simples
luZ
as esplêndidas aranhas solares expandindo as teias
à nossa volta, ainda os véus impostos da escuridão
erguidos por afortunados ventos dos desertos
das almas que viajam pelas fontes
onde me perdi para Te encontrar
e agora sou o diabo, o anjo negro transformado
em mais um deus, graças a deus
nos teus frondosos braços há oásis
onde pouso as asas quando as noites são translúcidas
e então, eu lhes abro minha atenção
e depois sei como regressar aos voos
o tempo é uma pérola abismada no meu bico
& todas as aves dos céus sem fim
subitamente iluminam as minhas asas
com a felicidade das coisas assim.





(Data: séc. 20)

24.7.19

de manhã


Foto Trabalhada. Autor: J. A. M. 















de manhã, quando ainda as aves são sonhos
e já as claridades esvoaçam
abrindo as portas & as janelas
de encontro aos olhos de quem acorda

e os rios de ouro abrem as vozes
à procura dos mastros humanos
onde há gente viajada em nascentes

e a Beleza do mundo é 1 presente simples
e tudo se ampara nos muitos eus
que devagar se unem
enlaçando a infância, o futuro e o agora

de manhã quando algo estala o
silêncio instaurado e já ouço
o cantarolar aceso dos pássaros
Felizmente vivo
mais um dia.



(11-10-2008)

21.7.19

New Worlds - Nuevos Mundos - Novos Mundos

https://www.arteinformado.com/agenda/f/nuevos-mundos-novos-mundos-new-worlds-177228

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(IM)POSSIBLE WORLDS?

 From poet to poet: "Who is the one who sings without condition? It is Joseph the man of dreams.* "But also from the poet to the visual artist, in a dual declaration of freedom concerning the frontiers of language, or even of the world itself, heading new worlds in which from the ordinary, the Other and the Other else are created. Thus, if in the plastic work of José Alberto Mar we recognize ourselves before signs related to nature (suns, moons, flowers, butterflies) and related to the human being (hearts, eyes, inner flames, heads, crosses), we harmonize ourselves before universal archetypes of geometrical formal root, we become amazed, however, at the metamorphosis of the signs in a process of morphogenesis that has gradually been emphasized by the ontological course of the artist's work, where quest and revelation emerge indivisible. In such a way, that in these (im)possible universes that we are allowed to glimpse, the look surprises itself, but it does not migrate since the other self who affirms himself is deeply rooted in both the human being and nature as an assumption of the transcendent. From another angle, in this display we encounter again a performance between colour and its absence, the intense line, in two-dimensional, three-dimensional forms - and suggestions of other planes – as well as the ethereal signs of ours and of other new languages, that is, all that derives from a symbolic calligraphy. But again, it seems to us that the unmistakable imprint of José Alberto Mar's art flows naturally from the existential matrix of the poet, painter - and visionary - and also from a radical freedom of the being and the existing as an assumed celebration of life. Anyhow, “Who is the one who sings without condition? It is Joseph the man of dreams.”

* (Poet, Ruy Belo, Homem de Palavras)

poeta Sofia Moraes. Translation: Dr.ª  Isaura Pereira
Trabalho visual: J. A. M.

quando a gaivota passou
e deixou a sua sombra pousada
no meu olhar,
todo o rio se tornou um cais de símbolos.


19.7.19

16.7.19

14.7.19

( Os Distraídos)

Pintura de J. A. M. ( 100X100 cm) 

























alguém passeia-se algures por caminhos e paisagens onde há pedras pelo chão e acontece-lhe curvar-se de repente, por algo que o chama sem dar-bem-por-isso e há um diamante entre as suas mãos, o olhar turva-se pelo brilho que o sol, atento a tudo onde há vida, lhe oferece no mesmo instante e depois há quem veja logo ali um presente, ou há quem não dê conta do vislumbre que lhe aconteceu e continue apegado aos seus hábitos, atirando o pequeno seixo para as águas de 1 rio que desliza por perto no seu ocaso indiferente a tudo isto.

Os hábitos escravizam, tornam-nos cegos.

Todos os dias acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias, mas não o são, não.

Nada é banal nesta vida que nos está acontecendo.

E por aqui os diamantes não têm quaisquer preços, são iluminadas fontes metafóricas, criadas pela infindável sede que também habita os profundos lençóis da Terra. E das pessoas, também.


 - quanto demora uma idade a ser luz?



 (Ourique. Alentejo. Portugal)



- Rascunho Nº 287 -


11.7.19

~ 1 Céu para Todos ~

Pintura de : J. A. M. 
























Série: pedaços de 1 diário perdido


(…) aconteceu-me algures, num país distante,  sem tempos nem espaços uma luz 1ª, e sem dar tempo ao tempo muitas luzes explodiram em uníssono e só não caí redondo talvez por um acaso que julgo agora ter sido fortuito.
Era a simples beleza de um areal prateado sem fim, ao lado o mar evidentemente, e eu ou alguém na altura por mim passeava sem qualquer destino entre os despojos das ondas à frente dos olhos e o soletrar dos seus sons quando se fingiam enfim de mortas. Deambulava  por ali ciente da felicidade que vivia sem dar por tal e a incerta altura, o sol que me acompanhava desde o início desbotou-se pareceu retirar-se e eu senti-me sozinho sem

e foi então, regressando aos milagres da luz (pois hoje sei que tudo é Luz), que olhei mui convictamente para o céu no lugar onde o sol se tinha ausentado e pedi convictamente que voltasse para a companhia que me faltava. Repentinamente surgiu invadindo-me de calor, das raízes dos cabelos até às plantas dos pés e … fiquei repentinamente surpreendido pelo meu próprio espanto!

e foi a partir deste momento que nunca mais duvidei de Deus. Um deus, muito longe de todas as cruéis religiões que andam por aí a fazerem dos homens escravos.
(…)



Data = ?

5.7.19

pedaços do texto "Estou de Tanga"


Obra de : J. A. M.

hoje levantei-me bem comigo e a vida, comi manga, papaia e cana de açúcar que o meu quintal me ofereceu com uma claridade de sol já esclarecido nas coisas do mundo. Também bebi água logo nas aberturas do dia e é água fresca e leve que vem dos lados do convento de São Francisco, do séc. 17, eles lá sabiam as melhores fontes das coisas essenciais na vida. 
Nesta varanda virada para a Sidády Vêlha, com o mar ao fundo de onde me acolhem imagens & imagens sem fim e um barulho de ondas fortemente contra as pedras negras da praia, onde todos os dias me banho ao fim da tarde até ver o círculo solar cheio de luz e cores e vice-versos (...)

(...) A minha amiga borboleta, que me visitou logo no 1º dia, volta todos os santos dias, enquanto estou a acordar-me nestas pequenas tarefas prazenteiras. Ontem um dia destes veio poisar na minha mão, mas só no fim do coração da manga bem chupada [1] é que sorveu com tal suavidade a última gota que me deixou derrotado por longos instantes.

Ah! eu e a minha balurca[2] batizada ao 3º dia com o nome Unine [3], duas pétalas brancas uma de cada lado onde pontuam vários círculos negros salpicados à toa, falámos abertamente dentro dos nossos silêncios unidos, depois foi vadiar desclaradamente pela mata fora partilhar alegria e liberdade com outros seres vivos na viagem, remando agora as suas muitas asas frágeis ao sabor das curvas zoadas da aragem e, pronto  (...)



 (Sidády Vêlha. Ilha de Santiago. Cabo Verde.)




[1] Para quem ainda não viveu estas circunstâncias, creio achar por bem informá-los que as mangas por aqui cabem inteiras numa mão e então não se comem propriamente dito, após as primeiras dentadas na casca amarelaesverdeada chupam-se longamente até o caroço, qual osso, reluzir à luz que há.

[2] Só gosta de vadiar, sem trabalhar (crioulo do Sotavento).

[3] Referência a personagem mítico da cultura popular cabo-verdiana, transcrito por Leão Lopes, em “UNINE” (Edição: Embaixada de Portugal em Cabo Verde, Instituto Camões e Centro Cultural Português Praia-Mindelo, Coleção Livros Infanto-Juvenis, 1998).




NOTA: uma das várias versões do texto completo, encontra-se publicado a 24.9.08, neste blogue.





1.7.19

Comunicação da Exposição de artes visuais: "New Worlds ~ Novos Mundos".

" Exhibition of 16 works of painting by the visual artista and poet,
José Alberto Mar 
at the MOSTEIRO DE GUIMARÃES 
(Portugal) "

27.6.19

pedaços de 1 diário perdido

Lanzarote. España. Foto: J. A. M.
















(...) de onde em onda, os relâmpagos ao fundo assinalavam as vertigens da noite sobre os espelhos ondulados e partidos das águas do mar. Aconteciam esporadicamente como se acontecessem por acaso, como se o acaso não tivesse dono. Pareciam lentos nas suas próprias demoras nos olhos até nos sons que só aconteciam às vezes, como as súbitas surpresas que nos caiem bem.


Entretanto
o terraço na escuridão sem algum fim à vista desarmada, apenas aconteciam algumas estrelas que me permitiam vislumbrear a lua acesa no seu C.Q., e, francamente, eu já nada pensava, apenas estava  (...)