eu ká voo caminhando dencontro ao sol negro
onde mergulho de corpo inteiro
para que toda a escuridão que trago de tãolonge
vá sumindo em todos os instantes
um pouco +
(...)
E, quando é preciso subo a um terraço
qual xamã de mim e a Vida,
nós próprios em evocação aliados
aos destinos que dEUS nos emprestou
para que tudo se desenlace & volte a enlaçar
cumprindo-se a 1ª vontade do Infinito
que sempre Foi e sempre Estará
aqui & agora, para quem apenas já
sabe Ser
à sua altura
"os Sons, a Palavra é o Verbo" E então que o meu nome conquiste inteira-
Há rostos que tornam as coisas mais simples São como pedras vivas mergulhadas a prumo no sábio esquecimento das suas formas onde a sós só os olhos dizem o ouro breve das imagens.
5 horas da tarde + ou -, 5 pombas à minha volta procuram comida, no chão quente destas pedras bem escuras.
Às vezes encontram, descem as suas cabecinhas só delas, os bicos alongam-se e debicam algo,,, depois, seguem afirmadas & apressadas, mais uns passinhos ........
voltam a fazer unânimes vénias para sobreviverem neste chão duro do mundo.
A noite acesa e "há quem diga que o peito da mulher é a pedra mais dura que Deus pôs sobre a terra dos homens. Que terra? que homens?"
Mas digo eu: e a via Láctea & a grande teta universal mãe ou pai ou ambos como Leonardo se sonhou e pintou em plena ausência do seu 1º amor a mãe: - para onde partiste? pedra dura- mente aconchegada às minhas sombras quando desamparadas esperamos o pressentimento da asa que ampara e,,, a mãe já não está lá mesmo quando agora é noite incendiada no verbo, no clamor da voz cheia de vivos silêncios Alguém, Quem? grita no meio das montanhas transmutadas em visões, Oh! Marões! e no fim do poema ou dilema somente os ecos ecoam, e/co/am os brancos lençóis metafóricos onde a criança renasce para (se) deslumbrar.
(referência inicial, versos do Poeta Corsino Fortes. Cabo Verde)
Uma mulher negra coberta de panos amarelos sentada num banco de madeira pintado de verde, no jardim. No banco ao lado um sr. de camisa e calças vermelhas, sentado num banco verde à sombra de uma árvore com folhas tenramente ainda, no mesmo jardim. O sino do relógio a dar 6 badaladas bem compassadas ao ritmo do calor hoje abafado, será que vai chover? O céu faz-me recordar Mindelo e depois o “monte cara” e com ele fiquei pensativo mas, já regressei.
Passam mulheres & mulherzinhas agrupadas, com a bunda arrebitada todas janotas em direção à igreja que já está apinhada de gente para a missa de domingo. Espreito de longe e parece-me haver ali um fervor amornecido, uma entrega naturalmente física à devoção, neste caso católica, mas acham que a fé lá no fundo tem algum nº na porta?
No jardim, um casalinho namora espreguiçadamente num outro banco de cimento. Ela deitada sobre o colo ali à mão de semear e ele com as mãos dedicadas ao corpo da paixão. Por ali devagarosamente há sombras que estremecem quase sem se dar por isso.Evolam-se pelo ar formas de carne & paixão, cores vermelhas vivas & cores azuladasperfumadas de laranjas que até encantam as flores sonolentas à-volta.
Por perto, há jovens absortos de computadores escancarados em cima dos joelhos, a fazerem o que lhes apetece (soube que alguém da nova Câmara, instalou ali precisamente um sistema eficaz de acesso à internete.- Já agora um exemplo a ser copiado por estes Ex.mos Sr.s Presidentes das Câmaras de Portugal, que só se expõem em tudo o que é propaganda (bem-mal paga pelos eternos contribuintes cada vez + pedintes) e nem perdem tempo a cogitar estes pormenores “minimamente” úteis às vidas do seu “povo”. Volto a dar 1 passeio. E volto ao lugar. A meu lado está alguém com um ar de quem já não espera nada e também não se rala com isso. Talvez esteja em plena divagação do seu ser talvez seja o seu modo de estar ,talvez a luz do seu olhar esteja toda estancada no (seu) pequeno sol de dentro, e que me importa?
Passam mais meia-dúzia de moços todos coloridos, alegres, entretidos com eles próprios.Ouço o barulho de uma moto bastante, e leva atrás um gajo de patins a deslizar por ali como gente grande…… lá vai ele a espalhar o seu imenso sorriso branco pela cidade adiante…
Adiante, a diante, que é sempre cedo para se ser feliz.
no meio de tanta barulheira & escuridão fabricada por "makakóides" completa- Mente avariados de todo Onde estão as luzes que ficam? meu dEUS, Onde achar as portas douradas por onde estas asas brancas brancas iluminem o fogo primordial que as criou Onde? Saltar da cruz deste mundozinho assim e ficar, no entanto ainda, de corpo inteiro para transportar felizmente o meu destino amando quem me vê mesmo, acordado sempre inteiramente lúcido em cada momento, até não mais.
Encontrar-se-á uma Floresta nas Índias, Onde estão unidos 2 Pássaros: Um Branco, outro Vermelho. Bicam-se até a morte, Um devora totalmente o outro. Serão transformados, então, numa pomba branca Da qual nascerá uma Fênix Que terá perdido o seu negrume e ganho a imortalidade, Assumindo, assim, uma nova vida. Deus concedeu-lhe uma força e um poder tais Que doravante viverá liberta da morte. E trazer-nos-á riqueza e saúde a fim de que com ela façamos surgir grandes maravilhas Que os Sábios nos descrevem em profundidade.
o sol batendo nas rochas negras e é do mar que me vem esta cegueira que cai mui tranquila lá no fim do olhar onde as ondas se afundam em luz + branca que a brancura do sol e então ainda vejo tantas portas fechadas por onde os mortos deambulam solenes,sonâmbulos, sôfregos por algo que já nem me importa porque tudo está a chegar ao fim de mais 1 ciclo, mas a espiral prossegue clara- Mente nada ficará de lado
não estou triste nem feliz agora é outra a minha Alegria ao atravessar os dias, porqueme- afasto de vez dos makakóides deixo-os nas suas fogueiras de salamandras e que ardam até os seus venenos se tornarem carvão e pesada poeira e que essas nuvens escuras lhes inundem os dias & as noites de infernos e que também esses lugares se transmutem, a seu tempo E 1 dia mereçam as graças de dEUS enquanto eu agora só sei das galáxias a voarem e danço bem louco no meio de tudo.
hoje parece-me que até choveu e conheci o meu amigo Luís, de São Tomé e Príncipe, Há 18 anos em Cabo verde devidovivido fascínio pelas mulheres e cá poisou & ficou mesmo - pelos vistos - e a incerta parte do seu voo poético, disse-me: A mulher é uma casa sem portas. Depois, talvez perante o meu ar insatisfeito ou demasiado pensativo para a leveza da Altura onde nos encontrávamos, acrescentou: A mulher é a chave da porta. Fiquei satisfeito.
A conversa alongou-se, desviou-se por várias ramificações, voltou à casa, mas ele já era noutras distâncias. Não fiz "cortes", claro.E até quase deixei de falar, pois lembrei-me de que tenho só uma boca, mas 2 ouvidos e duas orelhas e também já sei que é assim que uma amizade pode germinar.
acordo cantando agora nesta morada a minha canção: "tropeçando na minha luz/eu cá voo caminhando" e canto alto já na varanda sem ninguém incomodar eu só com as minhas árvores e plantas e flores para saudar este novo dia que dEUS me está a dar.
E mais uma vez, o canto me chama lágrimas à tona dos olhos e os olhos ficam cheios de água, onde o sal tem tarefa de alegria por eu ser aquilo que sou e estar assim feliz & felizmente mais eu sem "eu" algum.
Já ainda na varanda, com o mar ali por detrás dos finíssimos coqueiros, onde vejo o meu corpo igual até na minha própria dignidade de ser humano livre &.......o marulho atravessa as folhas penteadas pelo ar fresco atravessa outras folhas de árvores minhas amigas e chega até aqui para me saudar num natural: BOM-DIA! que aceito com todo o meu coração e retribuo, cantando a mesma canção: "tropeçando na minha luz eu cá voo caminhando"
Se olharmos para a escuridão, veremos escuridão. Se olharmos para a luz, veremos luz. É, por isto & aquilo, que Albert Einstein dizia: “Somente os imbecis não conseguem maravilhar-se”.
Está um dia quente e quanto ao resto é indefinito. Talvez vá chover, talvez não, quem sabe? Estou sentado a pastar o olhar. Uma negrinha aí pelos 3 anos, brinca na Praça Alexandre de Albuquerque com uma boneca, enquanto a mãe sentada por detrás de uma tendinha, olha à-volta como se nem esperasse cliente; tem à venda mangas, bananas, rebuçados, tabaco, fósforos, coisas claramente várias e agrupadas aos poucos numa ordem evidentemente colorida. A sua filha continua toda entretida a pentear com os seus próprios dedos, os longos cabelos louros da barby, comprada concerteza numa das muitas lojas dos chineses por aqui.
hoje levantei-me bem comigo & a vida, comi manga, papaia e cana de açúcar que o meu quintal me ofereceu com uma claridade de sol já esclarecido nas coisas do mundo. Também bebi água logo nas aberturas do dia e é água fresca e leve que vem dos lados do convento de São Francisco, do séc. 17, eles lá sabiam as melhores fontes das coisas essenciais na vida.
Nesta varanda virada para a Sidády Vêlha, com o mar ao fundo de onde me acolhem imagens & imagens sem fim e um barulho de ondas fortemente contra as pedras negras da praia, onde todos os dias me banho ao fim da tarde até ver o círculo solar cheio de luz e cores e vice-versos e tudo à-volta a tombar docement até + não , porque já é demasiado para um ser humano só e já são horas de ir jantar.
Acabei agora de regar as minhas plantas, saudar as flores que me ajudam tacitamente a ser feliz, tocar ao de leve as folhas da palmeira aqui ao lado, são pequenos gestos aparentemente distraídos entre pessoas que já são amigas.
A minha amiga borboleta, que me visitou logo no 1º dia, volta todos os santos dias, enquanto estou acordar-me nestas pequenas tarefas. Um dia destes, veio poisar na minha mão mas só ao fim do coração da manga bem chupada, pois para quem nunca esteve nestas bandas africanas, talvez ainda não saiba que as mangas não se "comem" propriamente,,,depois das primeiras dentadas na casca amarelaesverdeada, chupam-se demoradamente até à última gota de sumo cor da respectiva manga, ao nível paciente de quem está na situação .
Ah! eu e a minha amiga borboleta, 2 pétalas brancas, uma de cada lado, onde pontuam vários círculos negros distribuídos à toa, falámos abertamente dentro dos nossos silêncios amadurecidos. Depois disse-me que ia vadiar pela mata partilhar alegria e liberdade com outros e foi-se, feliz desclaradamente, remando as suas muitas asas frágeis ao sabor das curvas da aragem e, pronto,,,,,,,
Voltei ajustar a tanga à cintura (um dia destes tenho que arranjar uma tanga a sério, talvez de pano de terra, logo se vê), incendiei 1 cigarro, pernas desleixadamente entregues à varanda que até é azul, costas contra o mundo dos "makakóides" e quejantes...
mar e mar,
há ir
&
regressar.
(Sidáde Vêlha. Casa do Sr. Embaixador de São Tomé e Príncipe.Bem-Hajas, Almeida!. Cabo Verde. Agosto.2008)