paisagens e mais paisagens e eu entro e saio com a cabeça iluminada pela leveza por onde muito vivo. Altura, largura e comprimento, eis as 3 linhas, onde me puseram a respirar.
Mas - eu sonho. E os sonhos são estrelas domesticadas pelas almas de quem é pouco. Tudo se passa em silêncio, porque os Homens são demasiado barulhentos e afugentam o que é grande.
Estava eu bem sossegado, afundado no meu cadeirão anti-stress, quando a minha vizinha me acordou para fora deste delicioso enlevo criativo, com um frenético toque de campaiiiiinha que, enfim.
+ umas frases adiante,
fiquei desarmado com uma revista nas mãos que se tinha perdido por entre as caixas de correio.
Bom, agradeci o favor, que obviamente não foi favor nenhum mas um grandessíssimo "corte" e por hábito, educação ou qualquer outra razão de que já não me lembro, abri a dita revista, que não tinha muitas folhas mas parecia Grande devido à generosa espessura das folhas, e, e, caí logo na pág. 16. O 16? Como sou um adepto fervoroso até incerto ponto, das numerologias, fiz automaticamente as contas e Zás ali estava o tal 7, o número mágico por excelência nesta civilização onde deus me faz andar, e vai daí pus-me logo a pensar onde poderia encontrar a tal magia. Então
comecei pelo título da pág:"desporto, saúde & bem-estar". Quando cheguei ao "bem-estar", fiquei bem aberto a tal assunto, mas ao correr as palavrasfiquei simultaneamente intrigado, pois havia Muita matéria junta que transbordava um-não-sei-quê de excesso para encher as medidas de quem tem a intenção subreptícia de convencer alguém de algo que só tem haver consigo-próprio, no intuito para mim claríssimo de um lucro sorrateiro qualquer. Mas pronto. Estou habituado a estas circunstâncias.
Vim por ali abaixo, ultrapassei os obstáculos que surgiram, e, o pior era o tipo de letra, para não falar da horripilante mancha gráfica, até que
me deparei com a palavra "Aviso". E aí, estanquei mesmo definitivamente, com todas as minhas forças possíveis e impossíveis quase, fiz um momento de inclinação corporal a obrigar-me a uma maior concentração no assunto e pus-me a ler o dito Aviso para poder continuar a escrever este artigo de momento, sem qualquer futuro à vista desarmada, pois a vida de um cidadão neste país é um eterno desarmamento de tudo o que é Vida-Mesmo.
A coisa começou a complicar-se, tudo aquilo eram "artigoss" a maiss,os "dispostoss" "decretoss-lei" e as "deliberaçõess" com datass & tudo, maiss os "capítuloss" & os "subcapítuloss",,, Ó minha nossa Sr.ª de kualquer Coisa, comecei a ficar farto, farto, enfardado de todo, pois considero-me uma pessoa mini-ma-mente culta, mini-ma-mente inteligente, minimamente capaz de ler e entender um mero artigo de uma Revista de Informação Camarária, mas efectivamente não entendia patavina daquilo.
Adiante. Trocado por miúdos, e muito bem espremido o fruto (podre, tá-se a ver) , tratava-se de quê?
De um Aviso para Avisar o Povo destas bandas de que foram Avisados de que há um prazo de 30 dias "úteis" ( ainda estou para descortinar o que é isso de dias "inúteis”), para se realizar uma "Discussão Pública" acerca de mais uma alteração ao não-sei-quê, que logicamente tem o seu quê de mudança relevante só para alguns e o pessoal até tem de ser informado pelas leis em vigor e essas lérias ditas democráticas, d&les.
Agora a questão aqui complicou-se ainda mais, porque na parte final diziam ao povo que 1º: tinham de ir a uma determinada morada para consultarem o tal assunto fundeado no enigmático número 7, e depois quem quisesse Até Podia! enviar reclamação ou sugestão, nas "horas normais de expediente". Só estas palavras do final da frase, atiraram-me abruptamente para profundíssimos momentos de reflexão acerca deste lado da questão: o que são horas "normais" para eles? Onde param as horas anormais, que nunca as vislumbrei na minha vida? E qual será o expediente lá do sítio? E no expediente de lá, está lá alguém ou será a habitual es-pe-ra-desespera e o culto matricial português do como-e-cala-te?
Mas
o que mais me deixou desanimado de todo, confrangedoramente deprimido mesmo, comigo próprio e com o mundo e até ouso dizer,com a Humanidade, foi o facto de perceber - creio bem - que numa declaração tipo preto no branco acerca de uma DISCUSSÃO PÚBLICA, o pessoal era Afinal convidado, nestes modos enviesadamente anacrónicos e absurdamente obscuros, a ENVIAR CARTAS, se quisesse. E. Pronto.
Continuo a não entender a ponta de um corno acerca do modo de pensar e agir dos Srs. que nos governam democraticamente eleitos & tudo
e para ver se alguém me poderá ajudar neste momento mui difícil da minha vida, vou surripiar uma garrafa de vinho da parte mais nobre da minha modesta garrafeirazinha, e vou ter com a vizinha que me arrancou dos meus criativos enlevos
e vou tocar à campainha, muitíssimo ao de leve, só um toquezinho de quem está ali, desamparado como a noite, apenas com um pretexto entre as duas mãos e um sorriso naturalmente aparvalhado de quem espreita uma suave e doce vingança.
"(...)La agencia de calificación crediticia Fitch rebajó el rating de Portugal y eso bastó para causar una pequeña convulsión en las Bolsas y una sacudida de mayor escala en el mercado de divisas(...)
La ya casi habitual sobreactuación de los mercados llegó ayer minutos después de las once de la mañana, en el momento en que Fitch hizo público su informe sobre Portugal. "En las últimas semanas parecía que perdía relevancia la crisis fiscal griega y su potencial contagio, pero los mercados demuestran que siguen siendo muy sensibles a cualquier mala noticia", afirmó Juan Luis García Alejo, de Inversis. "Las declaraciones de los políticos alemanes recalentando la próxima cumbre también perjudican al euro", señaló. Lo curioso es que un país, por encima de todos, se beneficia de esa depreciación del euro, que abarata las exportaciones. ¿Su nombre? Alemania."
O meu-irmão-gémeo-que-até-Professor-coitado-neste-país, pediu-me insistentemente que eu dissesse algo sobre o dramático caso da criança Leandro. Entre muitas dúvidas(emocionais & racionais), fui protelando. Mas. Entretanto, eis que leio 1 artigo suficientemente inteligente e acutilante, para me encostar preguiçosa & conscientemente a ele, agradecendo obviamente ao seu autor.
p.s. 1 dos problemas, penso eu, agora, é que "tudo isto" anda em circuito fechado. E as elites mentecaptas & corruptas: até dizer chega! & mui espertas deste país continuam a voar impunemente, por cima de todos os imbecis & tontinhos que lhes acenam.
"(...)Porém, há uma ideia de nação que deixou, vagarosamente, de o ser: exclusão, egoísmo, ganância, desemprego, corrupção, precariedade, indefinição de identidade. A violência do PEC mais não traduz do que a violência da nossa sociedade, cujas prostrações assumem a feição de um sintoma neurótico. Estamos doentes de resignação e de astenia moral.(...)"
(...)O fato é que no terreno, onde muitos de nós vivem e trabalham, o paradigma do "desenvolvimento" morreu. Isto pode ser constatado a cada dia na prática e nas acções das pessoas comuns. Mas a "máquina desenvolvimentista" continua viva, pagando generosamente a especialistas, intermediários e consultores, gastando copiosas indemnizações aos seus clientes locais, seus auxiliares e agentes. A "máquina desenvolvimentista" continua funcionando em vão, o que é ainda mais preocupante já que este vácuo produz esbanjamentos consideráveis(...)
[...] Detesto a ideia que faz da vida em África um simples desapego: o de um estômago vazio e um corpo nu à espera de ser alimentado, vestido, curado ou alojado. É um conceito arraigado na ideologia e na prática do "desenvolvimento" e que vai totalmente ao encontro da experiência pessoal quotidiana das pessoas com o mundo imaterial do espírito, especialmente quando se manifesta em condições de precariedade extrema e de uma insegurança radical. Este tipo de violência metafísica e ontológica tem sido durante muito tempo um aspecto fundamental da ficção do desenvolvimento que o Ocidente tenta impor àqueles que colonizou. Devemos nos opor e resistir a formas tão hipócritas e desumanizadas(...)
-Mata da Costa: Presidente dos CTT, 200.200 euros; -Carlos Tavares: CMVM, 245.552 Euros; -António Oliveira Fonseca: Metro do Porto, 96.507 Euros; -Guilhermino Rodrigues: ANA, 133.000 Euros; -Fernanda Meneses: STCP, 58.859 Euros; -José Manuel Rodrigues: Carris 58.865 Euros; -Joaquim Reis: Metro de Lisboa, 66.536 Euros; -Vítor Constâncio: Banco de Portugal, 249.448 Euros; -Luís Pardal: Refer, 66.536 Euros; -Amado da Silva: Anacom, Autoridade Reguladora da Comunicação Social, ex-chefe de gabinete de Sócrates, 224.000 Euros; -Faria de Oliveira: CGD, 371.000 Euros; -Pedro Serra:ADP, 126.686 Euros; -José Plácido Reis: Parpública, 134.197 Euros; -Cardoso dos Reis: CP, 69.110 Euros; -Vítor Santos: ERSE, Entidade Reguladora da Energia, 233.857 Euros; -Fernando Nogueira: ISP ( Instituto dos Seguros de Portugal), 247.938 Euros; -Guilherme Costa: RTP, 250.040 Euros; -Afonso Camões: Lusa, 89.299 Euros; -Fernando Pinto: A TAP, 420.000 Euros; -Henrique Granadeiro: PT, 365.000 Euros;
(Fonte: Jornal O SOL''''de 22/1/2010 )
E ainda faltam as Estradas de Portugal, EDP, Brisa, Petrogal, todas as outras Observatórios e Reguladoras ... ISTO É SÓ UMA PONTA DO ICEBERGUE É no mínimo imoral e no máximo corrupção à sombra da lei ... Até porque estes cargos são de nomeação política ..
É TODO O NOSSA SUOR E SILÊNCIO QUE ALIMENTAM ESTE BANQUETE!
Uma mulher negra coberta de panos amarelos sentada num banco de madeira pintado de verde,
no jardim. No banco ao lado, um sr. negro de camisa e calças vermelhas-encarnadas, sentado num banco verde à sombra de uma árvore com folhas tenramente ainda, no mesmo jardim. O sino do relógio lá no seu alto, dá 6 badaladas bem compassadas ao ritmo do calor hoje abafado, será que vai chover?
Passam mulheres & mulherzinhas agrupadas, com a bunda arrebitada todas janotas em direção à igreja que já está apinhada de gente para a missa de domingo. Espreito de longe e parece-me haver ali um fervor amornecidoa uma qualquer devoção.
No jardim, um casalinho namora espreguiçadamente num outro banco de cimento. Ela deitada sobre o colo do seu amor, ali à mão de semear e ele com as mãos dedilhando o corpo da sua paixão.Vejo a soltarem-se deles, devagarosamente, sombras que estremecem o mundo sem ninguém dar por isso. Evolam-se pelo ar cores vermelhas vivas & azuladasperfumadas de laranjas que até encantam as flores sonolentas à-volta.
Volto a dar 1 passeio pelas ruas centrais do Plateau. E volto ao jardim. A meu lado está alguém com um ar de quem já não espera nada da vida e também não se rala com isso. Talvez esteja em plena divagação do seu ser, talvez seja o seu modo de passar pelos dias, talvez a luz do seu olhar esteja agora toda estancada no seu pequeno sol de dentro, mas que me importa?
Passam mais meia-dúzia de moços todos coloridos, alegres, entretidos com eles próprios. Ouço o barulho bastante de uma moto, que arrasta atrás um gajo de patins a deslizar por ali como gente grande…… lá vai ele a espalhar o seu imenso sorriso branco pela cidade cinzenta adiante…
- "Ouvi dizer" que o Paulino Vieira se chateou mesmo com as máfias instaladas nos mundos - das-artes- das - músicas - tb - e então retirou-se para se concentrar no ( seu ) essencial. Continua a criar, claro, mas muito menos contaminado. Ainda há criadores assim. 1 abraço -
- Imagem Construída. j.a.m. - (Em homenagem ao cantor Vadú . Ainda há pouco tempo te conheci meu, e já te foste embora sem avisares? Isto não se faz aos amigos.)
Texto Escrito por Mário Crespo que foi censurado pelo Jornal de Noticias dia 1 Fevereiro de 2010
Título: O Fim da Linha
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.