trabalho artístico: j. a. m. |
há "gente" que manda na gente, só para se sentir gente. Eu, cá para mim, não gosto nada dessa "gente". Prefiro, de longe, a gente que gosta da gente, sem lhe apetecer mandar na gente. Pois, essa "gente", que só gosta de mandar em toda a outra gente para se julgar gente, cá para mim, não são propriamente gente, mesmo. Porque se essa "gente" fosse realmente gente, entendia claramente, que não é necessário haver gente-por-cima & gente-por-baixo, dado que - por exemplo - toda a gente nasce despida e toda a gente vai desta para melhor, vestida por outra gente, quer o queira quer não.
Mas, porque é que essa "gente" que continua a mandar em toda a outra gente, não começa por mandar neles próprios, para se tornarem verdadeiramente gente? Essa "gente" é mentecapta, muito inteligentes sem dúvida mas com a inteligência ao serviço da estupidez, têm a lucidez do tamanho da astúcia, são inequivocamente infelizes, intranquilos, sem paz por dentro, escuros, desalmados até, medrosos e merdosos até à insanidade, mas que culpa nós temos disso?
Gente, gentinha, seus velhacos, deste & daquele ramo dessa árvore putrefacta, crentes disto & daquilo, governantes grandes & governantezinhos pequenininhos, lá vê a gente aquela outra “gente” a continuar a mandar para nos ludibriar, escravizar, espezinhar, ignorar & roubar a toda a minha nossa gente.
Claro que também há gente que se deixa levar assim, por essa "gente" seguem-nos cegamente que nem sombras indignas das vidas que Deus lhes emprestou & então só é gente assim-assim, entre os muitos lados das gentes.
Nesta coisa de haver gentes, "ser ou não ser é“ a questão é mesmo : “estar ou não estar, " pois cá pra mim nunca há meias-gentes, propriamente dito, amigos atinem caiam em si.
( rascunho Nº 367. 1974)
Sem comentários:
Enviar um comentário