José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

9.10.18

( 3º enxerto do livro inédito: “Diário de 3 Gatos” )



(...) ele há coisas onde regresso, praticamente, todos os dias. Descobri-as por akaso (na infância?) e depois volto a estar de uma outra maneira no estar onde já estive só para estar. Nestes locais, há brisas que acontecem de um modo inesperado & ramos de árvores , luminosas árvores, alvoroçadas em silêncios que aprumam os momentos. Por vezes, também há pássaros alongados nas suas asas em voos brandos de quem já está aceso e por detrás as nuvens dispersas caminhando para os seus destinos incógnitos no meu olhar.

- Queres que te diga uma coisa espantosa?

nada sei acerca deste espanto, quando muito sei que sinto a torrente por vezes volumosa outras vezes doucement enquanto as escadas do templo são transcorridas com pés descalços e as tais asas quando aparecem, e ultimamente sou franco têm surgido frequentemente.


O Preto desviou-se no seu caminhar solene e como que, pomposo ( raio do gato que me interroga) enquanto fui regar as plantas na sala. A Donzela especada inteiramente em si, no meio do corredor, junto à sombra do meu quadro antigo " Acta de uma flor num dia de Verão", parece estar a olhar  para algo que está no ar ou a meditar, o que sei eu?
É tão bonito ( de uma beleza que arde!) adivinhar-lhes  os pensamentos, o modo como estão situados neste mundo, enquanto eu sou apenas humano e eles também servos de DEus.
Reparei à dias que 1 deles me olhava de soslaio ( qual dos 2 não sei, haviam muitas penumbras no local ou era nevoeiro?) e então eu debrucei-me sobre o livro de culinária que lia ( pois no dia seguinte queria fabricar um almoço para a nova namorada) e então akilo estranhou-me pois o gajo(a) ficou fixado e começou a rosnar tons coloridos à volta de si próprio e eu naquela de só ver tachos e + tachos & frigideiras & azeite a transbordar de tudo salvaram-se os tomates que ainda estavam incuravelmente verdes apesar dos 2 bjis  que dou à Sr.ª D.ª F. , quando lá vou comprar produtos mais naturais na tenda da estrada 222, quase precisamente ao lado do rio Douro, isto claro, com muito boa vontade há dias cheios de otimismo, apesar deste país assim-assim, eternamente assim.

Esta Sr.a tem uns olhos azuis melhores que os céus que por lá costumam andar e tem (também) uma filha que é bombeira em Londres e conta-me estórias de emigrantes ( tem irmãs nas Europas, também, estão bem graças a deus) foram com o coração apertado entre as duas mãos que tinham, mas tem de ser, diz. Sinceramente, eu não acredito nestas coisas assim tão inevitáveis & cheias de destino, mas mantenho-me circunspecto, pois eu lá vou apagar as ilusões da mãe de uma bombeira profissional em Londres?
Traduzido: c´est la vie, mas vejo no fundo  daquele azul uma dor apaziguada pelo menos do tamanho do ovo que me oferece quase sempre, como brinde, com um sorriso que naquele momento, a salva dos infernos  em que muita gente persiste andar.
E eu agradeço-lhe, pois o que jorra do coração das pessoas é ouro cá-pra-mim, é o alimento que nos liga real+mente à vida que vai acontecendo pelas linhas aparentemente errantes de tudo. (...)




rascunho. ?. 09.18


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