Uma mulher negra coberta de panos amarelos sentada num banco de madeira pintado de verde, no jardim.
No banco ao lado, um sr. de camisa e calças vermelhas, estirado num banco verde à sombra de uma árvore com folhas ternamente a conDizer , ainda no mesmo jardim.
O sino do relógio que não sei, vai dando badaladas bem compassadas ao ritmo do calor hoje mais abafado, será que vai chuvar? O céu faz-me recordar Mindelo e depois o “monte cara” e depois fiquei ausente
mas já regressei.
mas já regressei.
Passam mulheres e mulherzinhas agrupadas, com a bunda arrebitada todas janotas em direção à igreja que já está apinhada de gente para a missa de domingo. Espreito na discrição e parece-me haver ali um fervor amornecido, uma entrega naturalmente física à devoção, neste caso católica, mas acham que a fé, lá no fundo, tem Nº de porta?
No jardim, um casalinho namora espreguiçadamente num outro banco de cimento. Ela deitada sobre o colo à mão de semear e ele com as mãos dedilhadas ao corpo da paixão. No chão as suas sombras entrelaçam-se mais sem eles darem por isso.
Volto a dar 1 passeio pelo Plateau. E volto ao lugar. A meu lado está alguém com 1 ar de quem já não espera nada & também não se rala com isso. Talvez esteja em plena divagação do seu ser talvez seja mesmo o seu modo de estar, talvez a luz do seu olhar esteja toda estancada no (seu) pequeno sol de dentro, mas que me importa?
Passam mais meia-dúzia de moços todos coloridos, alegres, entretidos lá com eles.
Ouço o barulho de uma moto bastante, olho para lá e vejo mesmo , a reboque, um indígena de patins a deslizar como gente grande……lá vai ele a espalhar o seu imenso sorriso branco pela cidade adiante enquanto a noite já caiu…
(Adiante, adiante que é sempre cedo para se ser feliz.)
(Texto inicial.Cabo Verde. Praia.Plateau.Agosto.2008)