"(...) o filho-da-puta, por si, nunca se defina à primeira, e esse é o primeiro e o principal dos seus traços distintivos. À primeira vista, o filho-da-puta mostra-se sempre bem disposto, acima de tudo disposto a viver e a deixar viver. À primeira vista, o filho-da-puta diz quase sempre que está bem, que sim, o filho-da-puta é quase sempre assim, sim senhor.E só depois, às vezes muito depois, que o filho-da-puta diz que "não, não senhor", e mostra que não está disposto: nem a viver nem a deixar viver. Por isso ele, o filho-da-puta ocupa-se muito com os outros, o filho-da-puta ocupa-se e preocupa-se muito com os outros, e uma das coisas que mais ocupa e preocupa o filho-da-puta é a despreocupação dos outros, e esse é o segundo dos seus traços distintivos. (...)
Ele, o filho-da-puta, acha que o mais importante é conseguir toda a espécie de vantagens sobre os outros, e assim ocupa a vida com essas preocupações, isto é, ocupa a vida preocupando-se com o modo de conseguir sempre mais e melhor(...)
- in, DISCURSO SOBRE O FILHO-DA-PUTA, de Alberto Pimenta. 1ª edição, 1977. -
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