26.3.21
25.3.21
19.3.21
JÁ FUI AO PARAÍSO
A Céu Aberto. One Sky to You. (Autor: J. A. M. ) |
Há coisas do diabo. Já fui ao paraíso.
E voltei.
Estava já quase acordado no meu quarto do
Hotel Europa, quando a Ana e a Joyce abriram a porta em leque cheias de
sorrisos floridos e me convidaram para dar um passeio pelas franjas de Gaibu.
Lá me levantei um tanto ou quanto aturdido pelas caipirinhas da noitada
anterior, mas depois de beber o coco fresco que me atiraram de chofre fiquei
logo fino, vesti a t-shirt e os calções de sempre e lá fomos, que nem 1 trio
harmonia pelo dia adiante.
Passámos pelas ruínas do Forte São
Francisco Xavier, eram pedras amontoadas por ali pelas leis do acaso e com
alguma parcimónia sobrava a placa, livrei-me das alpercatas (1) na linda praia
de Calhetas, onde vi ondas debruçadas sobre a própria espuma fresca nos meus
pés, depois de serem verde-esmeralda e azul-turquesa, e também vi uma foto do
jovem Eusébio no bar lá do sítio, ao lado de N ilustres que por ali tinham
po(u)sado algures, ao longo dos seus destinos.
Depois continuámos a caminhar por entre árvores
(2), plantas e flores de muitas cores e aromas vários, até que a incerta altura
num morro inesperado e cheio de um céu azulmuitoazul, vi uma tabuleta tosca de
madeira com a palavra: “PARAÍSO”.
As minhas companheiras apanharam o meu ar
aparvalhado e eu apanhei-as a sorrirem apenas cúmplices.
Sentámo-nos a olhar e a escutar o mundo à
volta através daquele ponto de vista, dentro do ponto de vista de cada um e os
três juntos com as 6 vistas desarmadas, despidas, deliradas.
Já não sei, e pouco me importa, o tempo (o
tempo?...) que poisámos ali, a respirar aquele lugar tão belo e simples
irrealmente em tudo. Lembro-me vagamente que as palavras eram coisas a mais e a
ninguém lhe passou pela cabeça falar de tal assunto.
(2) Manacás, mulungas, ipês, com as suas
flores de ouro, algumas das muitas árvores ainda existentes e caraterísticas da
Mata Atlântica no local.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
- in, Livro de Contos " lusófono": O OURO BREVE DOS DIAS .
16.3.21
2020 ~ 2021
Mudanças
inesperadas, motivadas por um ser vivo (invisível a “olho nu”), têm motivado e
forçado todo o Planeta e os seres humanos a novos questionamentos da realidade.
“Nada é permanente, excepto a mudança”
( Heráclito)
11.3.21
PALAVRAS, PALAVRAS, POR VEZES
Selfie. ( J. A. M. ) |
Palavras, palavras, por
vezes cansado das palavras fico completamente à escuta, vazio por dentro,
parado, virado para fora. Como se o meu corpo fosse uma harpa aberta aos sons
que passam. E então há um outro sol a cobrir as formas do Mundo, o grandioso
coração do Universo começa a bater como um pêndulo maduro, a água no corpo
a murmurar lá no fundo como nos oceanos e a beleza epidérmica das coisas à
volta aparece sem nomes, a vida total continua a transformar-se sem eira nem
beira.
E então, vejo que nada em
mim é o que sei e sinto, nada em mim é apenas uma ilha a desenhar horizontes de
palavras, letras que se juntam para criarem um círculo um entendimento, nada
disto tudo faz sentido, sem a Luz e a vastidão da Terra com sementes e as
flores e as plantas e as árvores e os frutos e as aves e as pessoas, as pessoas
a encherem-nos os dias e as noites.
( in, O OURO BREVE DOS DIAS)
8.3.21
Silêncio Insurreto
Pintura. Autor: J. A. M. |
O silêncio serpenteia-se nas ondas do ar, a boca
da noite abre as flores do coração curva
os sons que tem sempre à mão e o tempo
habita-nos mais ao sabermos nos olhos
as sombras que se despedem das árvores
onde os pássaros acolhem os primeiros
tons do dia sob o lençol verde às tantas
da manhã pelas cinco e tal ou quase
assim começam a sinfonar uma visão
acesa para quem esmorece ainda é cedo
ainda há o segredo de haver um mundo
com tudo sagrado.
( J. A. M.)
27.2.21
SOMBRAS ACORDADAS
Trabalho Visual. Autor: J. A. M. |
Estou sentado na varanda do meu quarto na Residencial Sol Atlântico, com um padjinha(2) amornecido entre os dedos e a pastar o olhar pelo murmurinho geral.
Uma negrinha aí pelos 3 anos brinca na Praça Alexandre de Albuquerque com uma boneca, enquanto a mãe sentada por detrás de uma tendinha, olha à volta como se nem esperasse cliente. Tem à venda rebuçados chocolates amendoins tabaco fósforos, coisas claramente várias e agrupadas numa ordem naturalmente colorida.
Aproximei-me da circunstância e pedi à Sr.ª um pedaço de rapé que embrulhou muito delicadamente num pedaço de jornal, kela é kantu?(3) Ela lá disse com um sorriso morabi (4) enquanto eu continuava atento à menina toda entretida a pentear com os seus próprios dedos, os longos cabelos loiros da barby, comprada com certeza numa das muitas lojas dos chineses por aqui.
Quando me voltei, tinha os olhos marejados, creio que pela penumbra densa do nevoeiro que descia, inclinei-me para a rua 5 de Julho em direção à “Gruta”(5) do Neilito, enquanto a noite se instalava na cidade pareceu-me ouvir o eco dos ritmos de um pilão(6) celestial, algures. Os sons acompanharam-me até ao final do jantar e levaram-me pela noite adiante onde, mais uma vez, me deixei perder pelos caminhos de deus, entre estrelas descidas luas abundantes e várias pessoas que se tornaram amigas pelas naturais leis das luzes.
(2) Cigarro de erva medicinal, elaborado manualmente.
(4) “Amável, afável, atencioso(a), delicado(a), gentil, simpático(a)”. A morabeza é tida pelos cabo-verdianos como algo difícil de traduzir (como a palavra saudade em português) e exprime um sentimento tipicamente cabo-verdiano, análogo à osprindadi na Guiné-Bissau.
(5) Tasca.
(6) Utensílio feito de madeira, idêntico ao almofariz, com uma altura média de 60 cm, utilizado para moer alimentos com um pau de madeira mais rija, e com a extremidade arredondada (mão do pilão).
(Cidade da Praia. Ilha de Santiago. Cabo Verde)
P.S. texto integrado no meu Livro de Contos "lusófono":
O OURO BREVE DOS DIAS.
18.2.21
Alguém passeia-se porque lhe deu para tal
Foto trabalhada. Autor: J. A. M. |
Os hábitos escravizam, tornam-nos cegos.
Todos os dias acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias, mas não o são, não.
Nada é banal nesta vida que nos está acontecendo.
E por aqui os diamantes não têm quaisquer preços, são iluminadas fontes metafóricas, criadas pela infindável sede que habita os profundos lençóis da Terra. E das pessoas, também.
(Ourique. Alentejo. Portugal)
P.S. Texto integrado no Livro de Contos: O OURO BREVE DOS DIAS.
14.2.21
~ blue men on fire ~
mais cegas
mais frágeis
apenas dois olhos na luz possível.
( J. A. M. )
Pintura. Homem azul ardendo. J. A. M. ( 2021) |
12.2.21
Vivemos dias em que há uma escuridão sem rosto
Autor: J.A.M. |
Vivemos
dias em que há uma escuridão sem rosto
como
um lençol negro caído sobre os nossos hábitos
e
assim é mais fácil conhecer as dores dos corpos
(alguns
são corpos caídos na luz final
onde
parece não haver retorno ...)
mas
quanto às almas, quanto às almas, quem canta isto?
um
novo mundo que já começou.
(J. A. M. - 21)
Disturbed - Sound of Silence "Legendado em Português": https://youtu.be/RM3sQ3Omz0w
8.2.21
Ponta d´Areia
( St.o António de Alcântara. Maranhão. Brasil. Foto: J. A. M. )
O guarda-sol é cor de mangas maduras e eis à minha frente o mar vivo e aceso. Do céu vários azuis luminosos descem naturalmente sobre tudo o que é vida.
À minha volta, o povo espraia-se finalmente no seu domingo.
As crianças vivem à solta por aqui, onde o mar deslaça dia & noite as suas ondas e elas, as crianças, dão cambalhotas e correm chapinhando a água dócil, entre pequeno sal/tos de quem está mesmo felizmente feliz e quer continuar assim, sem precisar de o querer. Há gazelas morenas, umas a seguir às outras, é difícil acompanhar com a merecida atenção tantos ritmos ondulantes e belos, sob este sol de Deus. Passa uma caipira (2) com o peso dos anos no rosto grudado pelo sal que vagueia pela aragem e com uma caixa transparente no braço leva ovos de codorniz, camarão cozido, umas comidas que outros irão comprar, com certeza.
Olhando para trás, vejo 2 candeeiros públicos ainda acesos, o que não me espanta (pois em Portugal também acontecem estes descuidos) a despontarem entre as cabeleiras verdes das árvores sossegadas e claramente alheadas do assunto. É de lá - dessas bandas - que chegam até aqui aquelas músicas populares, sempre a tocarem as esferas do coração. Muitas pessoas cantam-nas em grupos e alegram-se simplesmente assim.
Um papagaio caiu, tombou mesmo agora a meus pés e re/ paro que é feito de plástico, que já foi saco de supermercado + uns pauzinhos de coqueiro aliados, e ainda mais agora, o menino já o ergueu no ar e aquela coisinha frágil como Tudo, dá curvaS sozinho com a cauda louca sem tino e esburaca o espaço, rodopia veloz e depois ,,, cai outra vez no chão aparentemente sólido do mundo e a criança continua a ser criança a brincar e já é muito, tomara eu.
A menina do bar, mini-saia de ganga boa perna, camiseta vermelha desabotoada, bandeja prateada na mão esquerda, já aviou mais umas garrafas de Sol (3) a uns jovens que estão pr’ali num forrobodó evidente e regressa ao balcão, esvoaçando um olhar geral pelas mesas dos seus clientes.
Um bandozinho de sabiás-da-praia passa à frente do meu olhar a rasarem o grande areal, com cadeiras e mesas azuis, vermelhas e brancas e desaparecem numa curva uníssona do tempo, o que é feito deles? pensei, enquanto uma outra parte de mim se regala a misturar as cores do cenário em jogos infindáveis.
(1) Praia localizada a cerca de 4 km do centro da cidade de São Luís, muito movimentada principalmente aos fins de semana, pela população local.
(2)
Pessoa
humilde do campo, da roça, do interior do Estado.
(3)
Marca de cerveja brasileira.
(4)
Segundo
uma interpretação livre de lendas populares brasileiras, na lha dos Lençóis, D.
Sebastião mora num palácio de cristal que se ergue no fundo do mar próximo à
ilha considerada encantada. Consta que o rei vagueia pela praia, durante a
noite, na forma de um touro com uma estrela de ouro (ou de prata), na testa. Se
alguém conseguir atingir a estrela e ferir o touro, o seu reino será desencantado
e D. Sebastião poderá regressar a Portugal.
- Há quem relacione estas lendas, com a possibilidade do “5º Império”.
(São Luís. Estado do Maranhão. Brasil)
P.S. Conto integrado no Livro: O OURO BREVE DOS DIAS.
Autor: José Alberto Mar.
5.2.21
É PRECISO ESCOAR A KOISA
Uma mulher negra, com um olhar divagante,
coberta de panos amarelos sentada num banco de madeira pintado de verde, no
jardim da Praça. No banco ao lado um Sr. de camisa e calças vermelhas, estirado
num banco também verde à sombra de outra acácia ainda mais verde.O sino do relógio vai dando badaladas bem
compassadas ao ritmo do calor hoje mais abafado, será que vai haver tchuva?Passam mulheres e mulherzinhas agrupadas,
com as bundas arrebitadas todas janotas em direção à igreja já apinhada de
crentes para a missa domingueira. Espreito discretamente e parece-me haver ali
um fervor amornecido, uma entrega naturalmente física à devoção, neste caso
católica, mas a fé lá no fundo terá algum nº de porta?No jardim, um casalinho namora
espreguiçadamente num outro banco de cimento já sem cor. Ela deitada sobre o
colo ali à mão de semear e ele com as mãos dedilhadas no corpo da paixão. No
chão quente do dia as suas sombras estremecem sem eles darem por isso.
Evolam-se pelo ar formas de tesão & paixão, cores encarnadas vivas que até
acordam as flores sonolentas à-volta.
Volto a dar 1 longo passeio pelo Plateau (1),sem deixar de passar
pelo mercado onde as cores e os aromas levantam os sorrisos das vendedoras. E
volto ao lugar. A meu lado, encostado à fonte central com uns barulhinhos de
cascata, está um homem com o cachimbo adormecido na mão e um ar de quem já não
espera nada & também não se rala com isso. Talvez esteja em plena divagação
do seu ser, talvez seja mesmo o seu modo de estar, talvez a luz do seu olhar
esteja toda estancada no pequeno sol de dentro, mas o que sei eu?Passam mais meia-dúzia de moços todos
coloridos e alegres, entretidos com eles próprios em direção aos finais da missa,
na igreja matriz de traça colonial há dois séculos ali plantada. É a hora das
moças saírem e acontecerem luzinhas entre os olhares.Ouço o barulho de uma moto bastante na Av.ª Amílcar Cabral e leva atrás, de reboque, um gajo de patins a deslizar por ali
como gente grande, lá vai ele a espalhar o seu imenso sorriso branco pela
cidade adiante Adiante, adiante que é
sempre tempo para se ser feliz.
(Cidade
da Praia. Ilha de Santiago. Cabo Verde.)
(1) Zona
histórica central da cidade da Praia.
~ ~ ~
2.2.21
Lançamento do livro: O OURO BREVE DOS DIAS.
Foi lançado em São Paulo, (Brasil), o meu Livro de Contos:
“ O Ouro Breve dos Dias ”.
Para já, em formato ebook.
O Livro em formato ebook e igualmente em suporte papel, será divulgado logo que possível, em Portugal.
( Contém contos escritos em vários locais do Brasil, Cabo Verde e Portugal.)
~~~
O autor publicou anteriormente os seguintes livros de
poesia:
- O Triângulo de Ouro (Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores – 1987), Editora Justiça e Paz, Porto, 1988.
- As Mãos e as Margens, Editora Limiar, Porto, 1991.
- A Primeira Imagem, Editora
“Sol XXI” – Lisboa, 1998.
29.1.21
Autor: J. A. M. |
24.1.21
Folhas douradas caídas
Pintura: J. A. M. |
eu sinto = eu sei, como Tudo é uma outra coisa alada
no sono das pedras
onde já respirámos o halo misterioso
da Vida como agora, tudo é um
agora
( J.A.M.-2021)
19.1.21
Estrelas apagadas
Os barcos continuavam a baloiçar o cais. O mar sempre estivera ali como se fosse eterno. Como um eco longínquo que ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas gerações.
E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso esboçado junto ao aconchego do útero.
( Póvoa do Varzim. Douro Litoral. Portugal )
~ José Alberto Mar ~
P.S. Texto do Livro de Contos " O OURO BREVE DOS DIAS ", constituído por vários contos escritos em vários locais de alguns países lusófonos: Portugal, Brasil e Cabo Verde.
Brevemente acessível ao público.
10.1.21
For sale: “ Parallel Worlds ”
SMAVE ART (This Work): https://smaveart.com/painting/parallel-worlds-jos-alberto-mar
Some Works: : https://smaveart.com/jos-alberto-mar
(In this World there are many worlds. In the Universe there are millions and millions of Worlds with Life, without end).
9.1.21
Uma trave no olho
( Escultura. Autor: J. A. M. )
“Por
que vês o cisco no olho de teu irmão, porém não
reparas na trave que tens no teu? Ou como poderás dizer a teu irmão: Deixa-me
tirar o cisco do teu olho, quando tens a trave no teu?” (Mateus 7:1-5)
20.12.20
18.12.20
~ Green Maze ~
( Pintura: J. A. M.)
Se sentes essa novidade no rosto quando no coração há chamas
deixa-te levar, deixa pairar esse espírito em visita (...)
3.12.20
Não sei se volto a voltar
Olhando, escutando, aprendendo a ser mais.
O pássaro que me visita todos os dias merece agora toda a minha atenção. E ele já está ali, na sua árvore de eleição, misturado com as flores vivas cor-de-laranjas-acesas, pelo meio da folhagem verde escura porque efetivamente já é noite e tudo está demasiado claro para mim.
(1) “nos sons compassados das ondas do mar”. (crioulo do Sotavento).
(Sidády Vêlha. Ilha de Santiago. Cabo Verde).
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
P.S. Texto integrado no Livro de Contos, " O OURO BREVE DOS DIAS ", brevemente acessível ao público. Trata-se de um conjunto de textos escritos em alguns países lusófonos.
29.11.20
24.11.20
coisas noturnas
( auto-retrato. 2020)
até que enfim o Porto hoje era uma cidade viva às 3 horas da manhã ainda havia uma chusma de gente nas ruas à volta dos Clérigos e, enquanto resolvia comigo a estranheza da novidade, acabei por me sentar numa cadeira à frente do café Piolho. Havia pessoal desordenado, em grupos, falavam, riam, bebiam. Gostei. Havia também um aroma quente no ar & fiquei por ali o tempo de 2 finos frescos, ou foram mais?
Depois, atravessei a escuridão do jardim da Cordoaria, onde revi de soslaio, mas com natural atenção, as estátuas do Juan Muñoz. com aquela parca luz geral a gentinha do nosso hermano ganhava um ar mais severo e bizarro. Mas porque é que não estavam parados?
As extensas sombras pelo chão pareciam levitar ao som dos candeeiros sobriamente acesos. Ao fundo, ainda estalavam no ar as gargalhadas dos jovens, abrindo a noite a outras luzes mais
( Porto. Portugal. 2007 )
J. A. M.
P.S. Texto incluido no Livro de Contos, " O Ouro Breve dos Dias ", brevemente acessível ao público. O livro contém Contos escritos em alguns países lusófonos.
21.11.20
16.11.20
Outras vozes
por vezes, abrem-se outros sons, outras
luzes dentro
como acontece na boca das fontes
e é por aqui que algo em mim é
mais humano
entre esta sagrada Terra e as
estrelas às mãos de semear
entre tantas margens, os
tambores celestes batem
e rebatem o meu coração.
( J. A. M. - 1980 ?)
14.11.20
12.11.20
31.10.20
16.10.20
OUTONO
As folhas despedem-se das suas árvores
castanhas, amarelas, verdes, vermelhas
às vezes
um adeus de sombras a voarem
vadias pela aragem enquanto a terra
não lhes dá colo.
Naturalmente, em breve despidas
as árvores abraçam o frio.
( J. A. M. - anos 80?)
12.10.20
INTERROGAÇÕES
( Pintura: J. A. M. )
1
Bate-me à porta a noite
o silencioso exercício do Mundo
acontece-me na mais pura beleza
do que parece estar nu.
Inspira-me a visão das linhas curvas
dos sons e a inutilidade das mãos
quando a intenção desta beleza é estar
à altura do espanto.
Sou, pois, mais um ser
dominado pela voz, cantando
o seu exemplo de onda transformada
em espuma
2
É sempre à noite, quando a luz
caminha de soslaio entre as paredes do mundo e
chego à casa da minha existência.
É sempre fria esta estranha sensação a distância
entre tudo o que parece real dentro da casa ou
dessa voz vadia
que canta desamparada e só.
( J. A. M. - Anos 80 ou 90?)
4.9.20
( praia de Cuba. Foto: J. A. M. )
Pergunta às montanhas
como o silêncio ou os gritos
crescem
como tudo é um som
vindo de dentro
ressoam os ecos das infinitas
vidas
enquanto as nuvens nos mostram
as respostas que já sabemos.
29.8.20
26.8.20
Paisagem Budista
( Foto: J. A. M.)
" Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma ".