Foto: ( Ilha do Príncipe). J. A. M. |
19.8.23
Página de São Tomé e Príncipe
14.8.23
São Tomé e Príncipe
Foto: J. A. M. -2023 |
puras
As manhãs nascem sempre repentinas
São benignas as florestas
E o mar faísca de inusitadas ofertas
26.7.23
25.7.23
imagem com muitas palavras
Pintura: J. A. M. |
(1ª dose)
Uma mulher contra um muro.
Encostada ao de leve, como quem ampara algo sem nome e prende à sua frente a
sombra que a desafia.Olhando para o chão. Um lugar que não se vê, porque é evidente espelhado nos
olhos, que este ser consente no rosto inclinado.Será o subterrâneo medo de estar viva ou o seu natural segredo de ser mulher,
exposto a este mundo assim?
(2ª dose)
(3ª dose)
(J.A.M. ~ Julho-2010)
20.7.23
"A Natureza não tem máscaras" ( Intervenção artística)
11.7.23
COM UM FIO-DE-PRUMO A NOITE
As Artes da Borboleta. J. A. M. |
Como
um fio-de-prumo a noite encimada em tudo
e
por dentro uma voz insidiosa e duradoira
o
ouro breve dos momentos
atravessa
a escuridão com a velocidade dos átomos do Mundo.
Também
há o universo aceso para todos os lados e os candelabros
dos
nossos pensamentos são fagulhas que no ar se cruzam & entrelaçam
e
enlaçam as substâncias que unem os presságios das vidas.
Tudo
tem um propósito errante e nenhuma voz cabe dentro
de todas as línguas faladas, fadadas, caladas da
Terra.
3.7.23
EXPOSIÇÂO INDIVIDUAL
“Visões
de um Viajante”
“Visões de um viajante” é um título que imprime a esta exposição uma dupla vertente: a do caminho, o percurso já longo de José Alberto Mar, e da inovação, que se propõe como visão artística de forte pendor poético e universal.
Assim, reencontramos o alfabeto iconográfico, já tão característico do pintor, enraizado em arquétipos universais, num fluxo hermenêutico partilhado através de uma dimensão subconsciente e aberto à revelação da vida e à sua celebração. Tudo isto moldado pelo cunho do artista, o seu estilo inconfundível que confere ao conjunto da sua obra uma identidade única.
(Michael Iva - Chicago, U.S.A.-2020)
- in, Catálogo. Sofia Moraes,27-06-2023 -
30.6.23
SOMBRAS ACORDADAS
Pintura: J. A. M. |
(ao Victor Mendes)
Estou sentado na varanda do meu quarto na Residencial Sol Atlântico, com um padjinha(2) amornecido entre os dedos e a pastar o olhar pelo murmurinho geral.
Uma negrinha aí pelos 3 anos brinca na Praça Alexandre de Albuquerque com uma boneca, enquanto a mãe sentada por detrás de uma tendinha, olha à volta como se nem esperasse cliente. Tem à venda rebuçados chocolates amendoins tabaco fósforos, coisas claramente várias & agrupadas numa ordem naturalmente colorida.
Aproximei-me da circunstância e pedi à Sr.ª um pedaço de rapé que embrulhou muito delicadamente num pedaço de jornal, kela é kantu?(3) Ela lá disse com um sorriso morabi(4) enquanto eu continuava atento à menina toda entretida a pentear com os seus próprios dedos, os longos cabelos loiros da barby, comprada com certeza numa das muitas lojas dos chineses por aqui.
De repente, olhou-me e demorou-se como quem se dá conta de um rosto com a pele igual à do seu bebé. Apeteceu-me dizer-lhe algo, mas para além do sorriso cúmplice e desairoso as palavras ficaram-me embarcadas na garganta. O que que eu lhe poderia dizer acerca das infindáveis cores deste mundo e dos homens que separam & dividem tudo?
Ajoelhei-me até aos seus olhos límpidos de todo, peguei-lhe nas mãos juntas, dei-lhe um beijo sentido na testa e senti-me perdoado.
(3) “Quanto custa?” (crioulo do Sotavento).
(4) “Amável, afável, atencioso(a), delicado(a), gentil, simpático(a)”. A morabeza é tida pelos cabo-verdianos como algo difícil de traduzir (como a palavra saudade em português) e exprime um sentimento tipicamente cabo-verdiano, análogo à osprindadi na Guiné-Bissau.
(5) Tasca.
(6) Utensílio feito de madeira, idêntico ao almofariz, com uma altura média de 60 cm, utilizado para moer alimentos com um pau de madeira mais rija, e com a extremidade arredondada (mão do pilão).
- in, o Livro "lusófono" O OURO BREVE DOS DIAS ". Autor: J. A. M. -
26.6.23
encontros
Pintura: J. A. M. |
entre a concha das minhas
múltiplas mãos
abro-te as minhas portas
onde o teu jardim entra inteiro.
( J.A.M.)
18.6.23
Divagação em Gaibu
Pintura. J. A. M. |
e só muito tempo depois, felizmente
acabo por cair em mim.
Aqui ao lado, as folhas das palmeiras continuam penteando a aragem que corre atrás de si e por vezes alarga-se até à mesa e leva-me as outras folhas as palavras, o que me importa?
Na rua as pessoas passeiam-se devagar no meio do tempo. Saboreiam os encontros, param aqui e acolá, trocam poucas frases, poucos gestos, coisas simples, como um sorriso cúmplice na caminhada, já é Tanto!
1 pescador idoso, de boné ainda vermelho e corpo fechado, está esquecido ou estará a lembrar-se, a olharolhar o mar como se lesse um texto.
(Gaibu. Estado de Pernambuco. Brasil.)
- in, O OURO BREVE DOS DIAS -
( Livro de Contos "lusófonos". Autor: José Alberto Mar)
14.6.23
Palavras, palavras, por vezes
Pintura: "O Sol no Coração". J. A. M. |
Palavras, palavras, por vezes
cansado das palavras fico completamente à escuta, vazio por dentro, parado,
virado para fora. Como se o meu corpo fosse uma harpa aberta aos sons que
passam. E então há um outro sol a cobrir as formas do Mundo, o grandioso
coração do Universo começa a bater como um pêndulo maduro, a água no corpo
a murmurar lá no fundo como nos oceanos e a beleza epidérmica das coisas à
volta aparece sem nomes, a vida total continua a transformar-se sem eira nem
beira.
E então, vejo que nada em mim é o
que sei e sinto, nada em mim é apenas uma ilha a desenhar horizontes de
palavras, letras que se juntam para criarem um círculo um entendimento, nada
disto tudo faz sentido, sem a Luz e a vastidão da Terra com sementes e as
flores e as plantas e as árvores e os frutos e as aves e as pessoas, as pessoas
a encherem-nos os dias e as noites.
(Ilhas Desertas. Madeira. Portugal)
in, O Ouro Breve dos Dias.
J.A.M.
5.6.23
uma doença de sombras
Foto: J. A. M. |
Mas as sombras eram como todas as sombras: germinadas por uma luz. Esta luz era cega, distante, não se via. Apenas alguns a pressentiam. Por dentro, era por dentro que novas sementes germinavam e quando cresciam o suficiente toldavam os olhares. E algumas pessoas começavam a ver novas flores que as outras não viam, pois havia uma doença de sombras.
Entre a vida e estes dias sonâmbulos instava-se um esquecido tempo sem nomes verdadeiros ou com demasiados nomes. Aparências. Muitas notícias em algazarra. Sinais para as pessoas se ampararem.
Alguns mais desesperados matavam-se. Outros resignavam-se, á espera. A morte, apesar de sempre presente, disfarçava-se de esquecimento. Andava-se de um lado para outro, através de distrações perenes. No fundo, ninguém se via nem via os outros, porque havia uma doença de sombras. No entanto, alguns vislumbravam o que parecia ser natural. Falavam destes tempos de mudanças, sem ninguém os escutar. Acomodavam-se num silêncio de ouro que crescia somente para eles. Aparentemente. Outros ainda gritavam sem ecos. Aparentemente, pois tudo era um vasto Mundo cada vez mais ligado.
1.6.23
Já fui ao Paraíso
28.5.23
( aos leitores)
Foto trabalhada. J.A.M. |
Entre tantos arquipélagos
enquanto as minhas âncoras acendem
as raízes do mar por onde indago
o céu & a terra
e este sentimento obscuro e fundo
que me entrelaça a ti.
25.5.23
tudoestáligado
Pintura: J. A. M. |
abre-se uma porta
abre-se uma janela
22.5.23
21.5.23
Imagens do lançamento do livro de contos: O OURO BREVE DOS DIAS.
(contos escritos em Portugal, Cabo Verde e Brasil).
Apresentação do poeta narrador: Thomas Bakk.
Local: Espaço QuadaSoltas
Rua
de Tânger, Nº1281-4150-721, Porto
E-mail:
quadrasoltas@gmail.com .Tel.965
637 472.
18.5.23
Estrelas Apagadas
“ Cego do Maio"(1817 - 1884) Póvoa de Varzim. Foto: J. A. M.
(Póvoa do Varzim. Portugal)
( J. A. M.)
17.5.23
Lançamento do livro de contos: O OURO BREVE DOS DIAS (escritos em Portugal, Cabo Verde e Brasil).
Bibliografia poética anterior:
- As Mãos e as Margens, Editora Limiar, Porto, 1991.
- A Primeira Imagem, Editora “Sol XXI” – Lisboa, 1998.
15.5.23
9.5.23
SOMBRAS DE UM FAROL ~ SHADOWS OF A LIGHTHOUSE
COMENTÁRIOS
CRÍTICOS (Resumos):
Mas, mais uma vez, também se nos afigura que o cunho inconfundível da arte de José Alberto Mar flui naturalmente da matriz existencial do poeta, pintor – e visionário - e de uma radical liberdade do ser e do estar como assumida celebração da vida.
~ ~ ~
“Arte Futura, no seu melhor. A sua arte é tão única e futurística. A arte do futuro vive hoje.”
(Michael Iva - Chicago, U.S.A.)
~ ~ ~
“(…) Na obra plástica e literária de José Alberto Mar - pintor e poeta, de motivações filosóficas, percorre-se num tempo de sensações, durante a energia vital das coisas do Homem, e das marcas que este vai deixando no seu labor (…) Na sua proposta encontramos com alguma facilidade laços de estreitamento que cruzam ou juntam civilizações do oriente com latino americanas, africanas e europeias. (…) São registos que a sua obra espalha, e nalguns casos com profunda evidência, sendo até comparáveis com as formas de padrões matemáticos e geométricos, desenvolvidos de há muito na China, na Mesopotâmia (…) A obra na relação com o espectador cria um espaço orgânico cujo arquétipo é biológico, celular e vital (…)”
(Doutor Rui Baptista)
3.5.23
Enquanto há os mortos verticais em meu redor
Pintura. J. A. M. |
Enquanto também há seres acordados, outros iluminados
Enquanto há uma luz do Sol que vem das trevas
Enquanto me sinto a respirar o halo silencioso das árvores
o entrelaçado canto enlevado dos pássaros que não vejo
nesta viagem pela noite escura
2.5.23
28.4.23
Exposição de Pintura
SEM MARGENS
por vezes, abrem-se outras luzes, outras cores
outros sons dentro
como acontece na boca das fontes
e é por aqui que algo em mim é mais humano
entre esta sagrada Terra e as estrelas á mão de semear
entre tantas margens os tambores celestes batem e
rebatem no meu coração.
Outras vezes vem um outro sol, outro sal, outra luz
da cintura dos astros ou do fundo da Terra
descendo, subindo, entrando, aclarando
a cabeça que já não pensa
pois já é outra a resposta que cintila
no esquecimento do olhar
onde caio em mim, como uma gota de água
no mar dentro dos dias todo o tempo é redondo
e reparo nas duas mãos como se fossem
10 os novos caminhos
e no entanto, são tantos e tantos
que me volto a calar.
25.4.23
Poema em saldo
Made in Portugal. (Pintura. J. A. M.) |
uma data que regressa sempre
transparente à cabeça
um sino pendular nas cavernas do corpo
e então escrevê-lo é abrir as potências
do sangue, dos pés até à raiz
dos cabelos, deixar renascer a vida
circular dos dias
pelo silêncio poderoso
se fundamenta um olhar
um sonho uma estátua invisível
dentro da memória
ordena-se o esquecimento
mantendo todos os dias
entre muitos e muitos horizontes.
José
Alberto Mar
22.4.23
RIO SEM MARGENS ( Exposição de Pintura)
1º
Por vezes, alguém põe um
dedo na ferida. Quero dizer: alguém acorda a sombra geral dos seus nomes e os
nomes mergulham nos ritmos do sangue e logo as mãos crescem para os
lugares e os lugares crescem com elas e tudo fica mais Alto. Há quem passe,
olhe de lado e continue a sua vida. Outros há que passam e se detêm por um
pormenor mais chamativo.
2º
Claro que todos os lados,
todos os nomes são pretextos. E os lugares também. Nascemos e morremos por uma
graça indomável perdida no tempo. Andamos às voltas disto tudo enquanto por
dentro acordam e adormecem as sementes povoadas pelos
estranhos frutos de uma sede sem fim.
3º
Vozes e imagens que
cantam a Vida e o exemplo dos milhares de sóis mesmo
sabendo-se que para outros olhares, há um abismo memorial nas cabeças uma outra
idade outra boca menos cercada pelos dons dos dias, na transformação dos
corpos.
(in, “A Primeira Imagem “, J. A.
M.)