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Pintura. J. A. M. |
Solitário e caído como a chuva, quero erguer
as florestas ressoadas ao longe, o manso som
dos camelos no deserto, pela noite adiante
até que enfim, os jardins reinarão
e no final haverá deuses.
E, no entanto, há um olhar derradeiro no fim das visões
tudo o que é felicidade começa e acaba por uma torrente
vou dizendo, vou tentando entrar pelo lado
mais surdo onde estás adormecido, morto de todo
e eis, o meu fiel cantar, a casa liberta, a estrela livre
o espírito aberto, e eis que aclamo: o teu sol total
a luz íntima e simples desse fim
onde já moras sem margens sem caminhos
sem paz nem alegrias
alternando as rosas e os espinhos
quando acordas. Quando?
Já não estás vivo, e ambos o sabemos, agora só imagens
por fora, só pontes rios e ecos enchem as cabeças
ressoam ao longe pelas noites onde vives esquecido
e depois?
Um dia destes partes para outra luz
cheia de escuridão negra, luz assim ressurgida
desde o princípio dos homens, desde o início da Terra
entre os Sr.s e os seus povos escravizados.
Vamos um dia destes unir os abismos da sabedoria?
Vamos ao silêncio dourado, vamos celebrar?
Vamos quebrar, a constante unanimidade das fontes
secas?
( J. A. M. )