José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

24.9.08

A Natureza , essa grande escultora

(Povoação Velha, Ilha de Santiago.Cabo Verde)

o quadro


estou no restaurante de Alita, já comi qualquer coisa e agora palitando-me com um fósforo descascado, olho, + uma vez para aquele quadro à minha frente.
à 1ª vista armada (dos hábitos, claro)
é uma pintura "naif", académica, esses rótulos que nos deixam satisfatoriamente adormecidos, mais uma vez e assim continuamos cheios de convicções apodrecidas há tanto tempo.
Mas, olhando Mais,,, e, apurando o ofício dos 2 olhos com o respectivo pensamento o mais possível claro, tudo bem mais unido, é outra coisa, que é maior.
A técnica, nesta onda, cumpre bem a sua função.
Não me apetece descrevê-lo porque imagem fica sempre ainda mais longe quando há o negócio de palavras pelo meio.

Evidentemente, ComTem beleza!


No primeiro plano, na zona mais colorida N flores diferentes, azuis vários, cor-de-laranjas, rosas, violetas, amarelos, claro! por aí a fora, até às florzinhas minúsculas brancas que me levam a memória aos malmequeres-bem-me-queres.
Há umas árvores que não dão sombra que eu enxergue. Do lado esquerdo da obra, 3 troncos, com o mesmo lado prolongado em ramos sem + nada. dos seus lados direitos, os ramos alongam-se numa folhagem castanhamarelada longe do verde que mui possivelmente já por ali passou.
Há do outro lado do quadro a provocar uma incerta simetria ocidental, uma quase árvore ainda a tentar sê-lo, no entanto já com folhagem de cores quando aparecem tenras nos primeiros dias.

Todo este jardim descontraído e plantado pela Natureza cerca um banco de madeira acho que é de mogno talvez sucupira ou,, que está mesmo só. Ou talvez não, pois encontra-se majestosamente aberto e a olhar lá para um fundo onde aparece uma casa estranha, diferente. longa para os lados, com uma torre pelo centro + ou -, e a zona que suspeito ser maior tem uma porta de um azul sonolento em si, mal se dá por este silêncio vivo estar ali mesmo.

Depois,,, levanta-se um céu longe l o n g e. Do seu pressuposto centro obliquamente eterno, vem à tona do meu olhar, uma luz que se vai abrindo em círculos e em mais círculos expansiva mente discretos mas eficazes e tudo acaba numa claridade mornamente doce, que já está a morar dentro de mim.



- Sidáde Vêlha. agosto -2008 -

Demorei-me a chegar a casa

Imagem construída. j.a.m. - Set.2008



A noite redonda pela lua Cheia, cai a luz caindo.
E então hoje perdi-me ainda mais no caminho para casa e já estava numa outra montanha sentado no meio do descanso indeciso das cabras selvagens a olharem-me e assim fiquei divagado pela luz que circundava a lua quando, sem saber o porquê, um jovem macaco pousou no meu ombro esquerdo & bem vigiado pela mãe a poucos metros, assim ficou vidrado pelas visões que eu colhia.

Demorei-me

a chegar a casa na outra montanha fui até lá com o cajado dos sons do mar lá ao fundo a conduziram-me sem eu dar por isso. Entrei pela janela, porque nada de chaves por esta noite, por amor a deus, acendi a outra luz e estanquei na porta do sono, escutando os galos & as galinhas e a maldita da mosca chata-chata que teimou em zunir perto de mim.


- Cabo Verde. Sidády Vêlha. Agosto.2008)

23.9.08

Mercado de Sucupira


7 horas e tal, as mãos & as moscas e às vezes uma delas....Zás!....apanhei-te.....

E então, depois de aviar uma caxupa num prato redondo mesmo, dentro de uma antiga camionete, transformada em "restaurante", estou numa mesa à porta da dita a colher imagens da gente que vende coisas, que compra algumas dessas coisas e da gente que passa de um lado para o outro e vão abrindo naturalmente o ar que se lhes depara.

No geral, "a coisa está preta". Depois, levanta-se nas cores das roupas. Dá-me a impressão, ainda sujeita a posterior confirmação, que o vermelho é a eleito. Impõe-se só por si é evidente, mas também é muito abusada. A seguir, há os amarelos e os verdes de N tons. O verde-alface é bem considerado por aqui. (mais depois, claro que há as outras cores, incluindo o branco que não é cor mas para este presente visual encaixa muito bem).


Uma jovem mulher expõe com um só braço suspenso exactamente uma garrafa de água quase gelada e espera alguém que a leve. Tem uma bunda maravilhosa e sei lá porque é que olhei para este caso.

Alguém transporta carne de um animal já muito morto numa bacia de plástico cor-de-laranja em cima da cabeça, mas o que eu vejo com estes dois olhos que a terra há-de comer, é uma chusma de moscas enlouquecidas com o manjar. Irão pesar as moscas também, aquando do negócio? Ou, serão o brinde, concerteza.


Lá ao longe o céu está assim-assim, sei lá o que vai fôr e já transpiro bastante.

Passa por aqui uma menina "pineirinha", retocando os cabelos e a treinar o gingar das ancas que ainda se estão abrir às sementes que um dia virão, e lá vai ela muito compenetrada do seu papel à espera de ser amada quando acontecer e será para breve, vê-se.


Ali vai um "preto" de rádio aos berros na mão esquerda junto ao ouvido do mesmo lado, e é música que não tenho tempo de saber, mas com aquele ar tão feliz, é boa música de certeza.

Ainda as eternas mangas ao lado sempre as bananas juntas ao quilo, a evidente e muito dura realidade da sobrevivência.

E são as Mulheres que erguem, sempre rodeadas de bandos de filhos,toda esta trabalheira. Cumprem-na devotadas, depois desenlaçam-se e ao fim da noite encostam ao de leve a cabeça a uma esperança que nunca entendi, mas já senti, e ficam assim à espera,,, do que será meu deus? O papel dos homens por estas bandas, eu ainda não estudei bem o assunto, mas parece-me que esporradicamente atiram-se a elas que nem machos cheios de vontade de o serem e depois bazam logo na primeira curva para as sombras do grogue ou de outras sombras quaisquer organizadas pela preguiça ou desenrascam mais um poiso temporário algures noutra ilha às vezes por onde vão cumprindo os seus ancestrais ofícios de marinheiros vagabundos.

Estas Mulheres são as raízes destas 10 ilhas - o resto é mar

mar e mais mar e depois,

ainda

o

mar.


(...)


- Cabo Verde. Praia. Agosto.2008 -

O Semeador de Perguntas


(Imagem realizada em Cabo Verde. Agosto.2008)

"os trabalhos & os dias"



a voz que chama é uma luz

trémula, ao fim da noite
Profunda+mente escureço
os caminhos, pois todo o meu "eu"
é um eco de memórias
onde se agiganta a vaidade
esse "ser sobrevivente" = as máscaras que enfeitam
o tempo alugado ao dinheiro
e aos infernais engenhos daí vindos.


É por tamanhos trabalhos
que os dias, ainda são a matéria
do meu "estar", mas já sei
que há amigos, por aí
cativando os pássaros, o sol e a lua
e a aragem que vai sendo também,
os lugares por onde acontece
e Então, eu quero ser eu sem
nenhum "eu" , que sobressaia
à frente do Mundo e desta Vida
entregar-me assim, sem intervalos
à Beleza que em tudo Há,
e se possível, arder até ao fim
todo aquele tempo que perdi
para me achar
Assim, eu quero: amar, só por amar
o instante das águas universais
que se acham comigo:
aqui.


(17.Set.2008)

A LEI do Boomerang

22.Setembro.2008

22.9.08

Sócrates! A propósito



"É preferível ser um homem insatisfeito do que um porco satisfeito;
é preferível ser Sócrates insatisfeito do que um imbecil satisfeito
."



( Stuart Mill)



p.s. Quanto àquele sócrates que nos en calhou, trata-se de um PATARATA *:

*(Dicionário de Língua Portuguesa; Porto Editora): "patarata": s.f. mentira; impostura (B) adj. a pessoa que só diz pataratas; que alardeia qualidades que não tem; pessoa tola, pretensiona; pessoa-afecta; nem mérito mental ou (menos) moral

21.9.08

Rosa de Hiroshima (Secos & Molhados)

série: O(s) GRITO(s) - Das liberdades & Garantias 自由和安全 Freedom and Security




“(…) vir discutir, em 2008, a questão da liberdade.

Mas a verdade é que os últimos tempos têm revelado factos e tendências já mais do que simplesmente preocupantes. (…). Foram tomadas medidas e decisões que limitam injustificadamente a liberdade dos indivíduos. A expressão de opiniões e de crenças está hoje mais limitada do que há dez anos. A vigilância do Estado sobre os cidadãos é colossal e reforça-se.

A acumulação, nas mãos do Estado, de informações sobre as pessoas e a vida privada cresce e organiza-se. O registo e o exame dos telefonemas, da correspondência e da navegação na Internet são legais e ilimitados. (…)

(…) TEMOS DE RECONHECER: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente.

Será anestesia?

Resignação?

Acordo?

Só se for medo...”



(António Barreto, in Público)


p.s.1. O sublinhado, cores, eteceteras, foram realizados pelo autor do blogue.

p.s. 2, Bem-hajas TOIX ("Lusofonia") pela dika.

p.s. 3, Se já "eles", andam assim a falar (táctica da vacina ?), o que não-dizem os que andam por aqui, na Mó-de-Baixo?



TRIBES of The MotherLand

(dedicado aos "makakóides" & aos "matrekos" & aos" pataratas", deste país & também.

19.9.08

VADU - La Fora

(FOLHA DE 1 DIÁRIO PERDIDO)




Após o jantar uma caldeirada de peixe bem servida por uma menina simpática, que até me fez lembrar o os nordestes do Brasil onde o meu coração fica sempre mais ele, isto é, claramente com mais luz.
Mas, agora estou no Tarrafal e cheguei mesmo hoje. A viagem no “ayce” demorou-se com mangas pelo meio, vizinhos amigos & sonolentos como eu, e nem o meu grande malão lá atrás cheio de diamantes, pedras preciosas, rubis, esmeraldas, jóias de ouro muitas e de prata algumas, N riquezas, a mala pesadíssima lá pra atrás de pé, ainda por cima encostada a 1 porco branco, que ás vezes rosnava para o silêncio dele próprio e o barulho do veículo pela estrada acima que nem uma seta q.b. doucement dentro do nevoeiro que ás vezes se esquecia de o ser, e então eu já via montanhas verdes, casas perdidas sozinhas por lá onde me apetecia morar

(…)

E volto ao lugar onde estou com o meu grogue da patroa Alita,,, tranquilo,,,tranquilo, cada vez mais dentro de dEUS que me atura, graças a Tudo

(…)

E, depois de ter ido ali à mesa do lado, contar a um menino e ao seu pai e amigos, uma história budista que convinha ao momento, regressei ao sossego luminoso do meu estar só, e é através das palavras que também se vai dizendo e dizendo para alguém entender e se entrar, beber a água já transformada mente em vinho, e assim pronto:
Já posso contar com + um ébrio, à maneira.


(Cabo Verde. Tarrafal. Agosto-2008)

Imagem "acontecida".j.a.m.-2008

msg

"Dragão devorando a própria cauda"



Um dragão refugia-se na Floresta
E de seu Veneno nada escapa;
Quando vê o Sol e o Fogo,
Sua saliva envenenada se espalha e ele voa tão prodigiosamente
Que nenhum animal vivo sobrevive à sua passagem.
Não pode ser comparado nem ao próprio Basilisco.
Quando é mortamente atacado por esse mal corrosivo,
Combate-o com todas as forças.
Suas cores intensificam-se com a morte,
E de seu Veneno faz-se a Medicina.
Investe contra si mesmo todo o veneno
E devora sua própria cauda venenosa
Que deve encontrar em si mesma a perfeição.
O Bálsamo mais nobre jorra desse dragão,
E suas admiráveis virtudes poderão ser observadas,
E delas, todos os Sábios se rejubilam.

BRASIL

(maria)

FOI ALGURES, JÁ NEM ME LEMBRO

Era um recinto fechado à volta, com um local de entrada para lá e eu depois de pagar o bilhete já lá estava:
No centro da noite!
A música sacudia o ar, havia muitos corpos a dançarem aluados de todo ainda com o brilho do Sol acordado na pele e os cheiros de África todos espalhados à toa.
Foi algures, já nem me lembro, e eu sentia-me muito vivo de dentro para fora, como um farol aberto a todo o Mundo. Tudo em mim, tinha um sentido que eu nem pensava e então deixava-me levar pelos dons que a vida me dava.
Quando a Vi, parei:
Alguém mesmo ali á minha frente, dançava no ar, com toda a alegria a saltar pelos olhos de quem se sente mesmo livre e cheia de luz para se dar. Era uma menina negra com aquele jeito despojado e solto de quem nada tem a perder por se sentir gente, e, meu dEUS! era tão bela na sua juventude lisa, pelo corpo a baixo até às asas dos pés.
Aproximei-me, qual andarilho dançante sem eira nem beira, à procura no fundo, de um lugar macio para pousar a minha cabeça de marinheiro sem norte, mas no meu jeito cativo de saborear primeiro os segredos daquela flor.
Foi breve a espera dos meus braços à-volta daquela cintura, as minhas mãos inteiramente à toa a espalharem as gotas muitas de suor pelas costas a baixo e as bocas cheias de sede ambas sem dono.
E logo a noite teve um outro sentido e todas as estrelas dos universos foram poucas para chamarem o novo dia que felizmente demorou a chegar.

José Alberto Mar



(texto escrito algures no Brasil, 2006. Entretanto transformado. N vezes)

18.9.08

série: O(s) GRITO(s): TRABALHO ESCRAVO PARA-KÊ?


ENTÃO: REGRESSEMOS AO EXEMPLO DO OURO

(...)

mas agora lembrei outra pedra demorada
nascendo da madeira das lentas árvores ao crescerem
e depois, já vão sendo mortas
adormecem assim sorrindo dentro das terras e vão-se
ressuscitando numa outra luz
e é muito lenta no tempo sem tempo, mas !
- o que é o tempo?
e começam a luzir lá no início do seu destino
e essa luzinha vai-se espalhando por ela
e é tudo íntimo, recolhido e inteiro
porque também à-volta
Tudo está acordado e atento
Nada se perturba & colabora-se
e então, esse pedaço de madeira
que já esqueceu a sua árvore
começa a ter uma outra alma
e quando há outro espírito num corpo
também há outro corpo à frente dos olhos
e a luz lá no fundo cresce
Cresce e se faz Grande
e já é DIAmante
e mais uma vez o milagre da Vida
acontece: de 1 pedaço apagado de árvore que findou
nasceu uma estrela no chão escondido
das vivas trevas castanhas da Terra
graças a dEUS, graças ao enigma mais longe
na minha mão de aprendiz de poeta
agora ainda




(18.Set.2008)


17.9.08

série: recadinhos


"O amor só é lindo, quando encontramos alguém

que nos transforme no melhor que podemos ser."


(Mário Quintana)


16.9.08

Palmeira Acesa

- imagem criativa. j.a.m. Set.2008 -

HÁ POETAS Assim, A Sério.


CANTO PRIMEIRO
De Manhã! Os tambores
amam
a chama da palavra mão





De manhã! as ilhas
Da minha pátria nascem grávidas
Como o arco-íris
na menina do olho

E falam
De afro-pão E afro-guerra
Como o olho na pólvora do mundo

*

Quando! de manhã
o ovo na colina
meu & minha

Ama a fome das palavras
com o ventre na penúltima sílaba
E a bandeira do útero
rasga o hino da terra crua
o vulcão é força
a ilha é semente
o mar é músculo
a cabra é ouro


(in, "A Cabeça Calva de Deus", de Corsino Fortes, poeta de Cabo Verde)

14.9.08

“Os que viajam mudam de clima, mas não de caráter”.

(Foto. Local: Tunísia)
( título: frase de HORÁCIO)

recados da Ivone



"A esperança inquebrável é força
A esperança misturada com dúvidas, é cobardia
A esperança misturada com temor, é fraqueza"

(texto adaptado)

esTá na Hora! Sempre ESTÁ.


À míngua de tãotanto aqui estar

no que é MUITO nesta Vida
Cheio de Sede até à vergonha
de escutar tantas e tamanhas águas

Valha-me Shakespeare:
o seu entendimento
Começa a aumentar: a maré que sobe
Em breve cobrirá a praia da razão
Que agora jaz suja e lamacenta.
o seu entendimento
Começa a aumentar: a maré que sobe
Valha-me o Ser que em viajem
mais uma vez & outra vez seremos
outros corpos presos por um fio unânime
à luz longínqua que já Aqui está.



Vem viajante amiga, vem nua
como a Natureza : nunca te mascares
ou então, transfigura-te em cada instante
com a aragem que passa, o céu assim,
o voo distraído dos pássaros, a voz
dos misteriosos serzinhos que trabalham
nas poucas florestas ainda,
- Deixa-te vir
e que eu saiba estar então acordado
para te saber logo ao chegares
e que a última lágrima amarga do que já fui
caia esquecida no cálice sem fundo
do meu silêncio futuro
e, não haja mais palavras como estas
para redizerem os meus ilusórios limites
ou desafiarem a suspeita vaidade
do que outros possam "ver"
pois, os barcos já largaram das praias
e é tempo de irmos para o mar alto
que nos chama, e se arde! , a chama



Consumido assim, alguém ficará
de braços cruzados
a ver este mundo afundar-se sozinho?

(...)