José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

19.9.08

(maria)

FOI ALGURES, JÁ NEM ME LEMBRO

Era um recinto fechado à volta, com um local de entrada para lá e eu depois de pagar o bilhete já lá estava:
No centro da noite!
A música sacudia o ar, havia muitos corpos a dançarem aluados de todo ainda com o brilho do Sol acordado na pele e os cheiros de África todos espalhados à toa.
Foi algures, já nem me lembro, e eu sentia-me muito vivo de dentro para fora, como um farol aberto a todo o Mundo. Tudo em mim, tinha um sentido que eu nem pensava e então deixava-me levar pelos dons que a vida me dava.
Quando a Vi, parei:
Alguém mesmo ali á minha frente, dançava no ar, com toda a alegria a saltar pelos olhos de quem se sente mesmo livre e cheia de luz para se dar. Era uma menina negra com aquele jeito despojado e solto de quem nada tem a perder por se sentir gente, e, meu dEUS! era tão bela na sua juventude lisa, pelo corpo a baixo até às asas dos pés.
Aproximei-me, qual andarilho dançante sem eira nem beira, à procura no fundo, de um lugar macio para pousar a minha cabeça de marinheiro sem norte, mas no meu jeito cativo de saborear primeiro os segredos daquela flor.
Foi breve a espera dos meus braços à-volta daquela cintura, as minhas mãos inteiramente à toa a espalharem as gotas muitas de suor pelas costas a baixo e as bocas cheias de sede ambas sem dono.
E logo a noite teve um outro sentido e todas as estrelas dos universos foram poucas para chamarem o novo dia que felizmente demorou a chegar.

José Alberto Mar



(texto escrito algures no Brasil, 2006. Entretanto transformado. N vezes)