CANTO PRIMEIRO
De Manhã! Os tambores
amam
a chama da palavra mão
De manhã! as ilhas
Da minha pátria nascem grávidas
Como o arco-íris
na menina do olho
E falam
De afro-pão E afro-guerra
Como o olho na pólvora do mundo
*
Quando! de manhã
o ovo na colina
meu & minha
Ama a fome das palavras
com o ventre na penúltima sílaba
E a bandeira do útero
rasga o hino da terra crua
o vulcão é força
a ilha é semente
o mar é músculo
a cabra é ouro
(in, "A Cabeça Calva de Deus", de Corsino Fortes, poeta de Cabo Verde)