José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

23.9.08

Mercado de Sucupira


7 horas e tal, as mãos & as moscas e às vezes uma delas....Zás!....apanhei-te.....

E então, depois de aviar uma caxupa num prato redondo mesmo, dentro de uma antiga camionete, transformada em "restaurante", estou numa mesa à porta da dita a colher imagens da gente que vende coisas, que compra algumas dessas coisas e da gente que passa de um lado para o outro e vão abrindo naturalmente o ar que se lhes depara.

No geral, "a coisa está preta". Depois, levanta-se nas cores das roupas. Dá-me a impressão, ainda sujeita a posterior confirmação, que o vermelho é a eleito. Impõe-se só por si é evidente, mas também é muito abusada. A seguir, há os amarelos e os verdes de N tons. O verde-alface é bem considerado por aqui. (mais depois, claro que há as outras cores, incluindo o branco que não é cor mas para este presente visual encaixa muito bem).


Uma jovem mulher expõe com um só braço suspenso exactamente uma garrafa de água quase gelada e espera alguém que a leve. Tem uma bunda maravilhosa e sei lá porque é que olhei para este caso.

Alguém transporta carne de um animal já muito morto numa bacia de plástico cor-de-laranja em cima da cabeça, mas o que eu vejo com estes dois olhos que a terra há-de comer, é uma chusma de moscas enlouquecidas com o manjar. Irão pesar as moscas também, aquando do negócio? Ou, serão o brinde, concerteza.


Lá ao longe o céu está assim-assim, sei lá o que vai fôr e já transpiro bastante.

Passa por aqui uma menina "pineirinha", retocando os cabelos e a treinar o gingar das ancas que ainda se estão abrir às sementes que um dia virão, e lá vai ela muito compenetrada do seu papel à espera de ser amada quando acontecer e será para breve, vê-se.


Ali vai um "preto" de rádio aos berros na mão esquerda junto ao ouvido do mesmo lado, e é música que não tenho tempo de saber, mas com aquele ar tão feliz, é boa música de certeza.

Ainda as eternas mangas ao lado sempre as bananas juntas ao quilo, a evidente e muito dura realidade da sobrevivência.

E são as Mulheres que erguem, sempre rodeadas de bandos de filhos,toda esta trabalheira. Cumprem-na devotadas, depois desenlaçam-se e ao fim da noite encostam ao de leve a cabeça a uma esperança que nunca entendi, mas já senti, e ficam assim à espera,,, do que será meu deus? O papel dos homens por estas bandas, eu ainda não estudei bem o assunto, mas parece-me que esporradicamente atiram-se a elas que nem machos cheios de vontade de o serem e depois bazam logo na primeira curva para as sombras do grogue ou de outras sombras quaisquer organizadas pela preguiça ou desenrascam mais um poiso temporário algures noutra ilha às vezes por onde vão cumprindo os seus ancestrais ofícios de marinheiros vagabundos.

Estas Mulheres são as raízes destas 10 ilhas - o resto é mar

mar e mais mar e depois,

ainda

o

mar.


(...)


- Cabo Verde. Praia. Agosto.2008 -

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