José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

28.3.19

As Mãos Góticas ( 3º)

Obra de : J. A. M. - 2017




















mais sábia é essa porta que procuras
no rumor da súbitas manhãs
quando os olhos recebem do seu sono
a cerimónia de uma luz sem horizontes.

E quando um sonho é feito de matéria para os teus olhos
para quê cantares as ciências das bocas consagradas?



- in, As Mãos e as Margens, Editora Limiar, Col. Os Olhos e a Memória/57, 1991 -

19.3.19

Foto trabalhada: J.A.M.



















Pergunta às montanhas como o silêncio cresce
como tudo é uma voz
saída de dentro
ressoam os ecos dos infinitos momentos através dos dias
enquanto as nuvens nos mostram
as respostas que já sabemos

18.3.19


Estremece a estrela que vive
naturalmente aberta à escuridão
e nos 2 olhos cintila
o véu do instante a aparência maior
do que é superfície e aí se afoga
na multidão dos dias
as multidões são mecânicas.


Vejo nos gestos a estrela amparada
pelo silêncio que aspiro, o lugar onde
qualquer semente pensa
sonhando com tudo
pois nada do que é fruto
acontece sozinho.


(J. A. M. - Set.-2009)

7.3.19

As Fronteiras Agitadas

Foto: J. A. M. 




















Eu não sei como dizer-te dizendo as formas
à-volta tangentes
ao meu corpo tudo ligado.

Linhas invisíveis separam e partilham
os mundos
- vários limiares.

Baralharam as lâmpadas acesas com a sedução
das estrelas. Inventaram Criaram
Transformam
Destroem.

Como dizer-te
os simples segredos da Terra. A minha seiva
sangue resina sangrada
nas luas cheias tempestuosas no corpo.
A imaginação acordada nas sementes
já nos frutos a água doce
para a sede das bocas
no fim completo da elipse.

Como tocar a simbólica garganta sozinha
na nascente da nosso voz mais esquecida
onde  já não há livros nem palavras evidentes.

Os sons do mundo batem furibundos
no céu das bocas atraiçoadas
pelo ódio e pelo amor.
O comércio a ganância assassina
sob a ingénua luz das estrelas.
Imparcialmente a noite é dividida
para cada um a sua sombra.

Olhar-me assim, sagrado animal acossado
pelas suas próprias garras apocalípticas
das antigas ciências onde o anjo ferido
é caça e caçador
desafio entregue às estranhas vontades
dos homens alguns.


( in, "As Mãos e as Margens", Editora Limiar, Col. Os Olhos e a memória/57.1991)



27.2.19

Cinturão de Asteróides

Autor: J. A. M. 

( Entrevista com a psicóloga Gilda Moura, " Programa Vida Inteligente":
https://youtu.be/YkQh8cJzPIM )

16.12.18

~ Mercado de Sucupira ~


6 horas e tal, as mãos & as moscas e às vezes uma delas está a poisar AGORA…Zás!…apanhei-te… 
e depois olho, olho e não vejo nada

e então, depois de uma noitada em que atravessei vários mundos na Praia [1], já estou no interior de uma antiga camioneta amarela torrada pelo sol transformada em restaurante. Depois de ter aviado uma catxupa [2] num prato de lata redOndo mesmo, sentado numa mesa à porta da dita a colher imagens da gente que vende coisas, que compra algumas dessas coisas e das pessoas que passam de um lado para o outro abrindo naturalmente o ar que as ampara.
No geral “a coisa está preta”. Depois, levanta-se nas cores das roupas. Dá-me a impressão, ainda sujeita a posterior confirmação, que o vermelho é o eleito. Impõe-se só por si, a seguir há os amarelos e os verdes em N tons. O verde-alface é bem considerado por aqui. O branco, obviamente.
Uma jovem mulher expõe com 1 só braço suspenso exatamente uma garrafa grande de água gelada e espera alguém que a leve. Tem uma bunda maravilhosa e sei lá por que é que olhei para este caso. Alguém transporta carne de um animal já muito morto numa bacia de plástico cor-de-rosa em cima da cabeça, mas o que eu vejo com estes 2 olhos que a terra há-de comer, é uma chusma de moscas tresloucadas com o manjar. Irão pesar as moscas também aquando do negócio ou serão o brinde, com certeza.

Lá ao longe o céu está assim-assim-escurecido, sei lá o que vai ser por aqui nunca se sabe e já transpiro bastante, ponho-me nu, da cintura até à cabeça exponho o peito a alma, tudo.

Passa mesmo à frente do meu nariz uma menina toda sirigaita, retocando os cabelos com uma mão distraída e a treinar o gingar das ancas que ainda se estão a abrir às sementes que um dia virão, e lá vai ela muito compenetrada no seu papel de ser gente grande também, à espera de ser amada quando acontecer e será para breve, vê-se. Ali vai um gajo todo inclinado para o rádio aos berros na mão esquerda junto ao ouvido do mesmo lado e é música que não tenho tempo de saber, mas com aquele ar tão feliz é boa de certeza.
Ainda
as eternas mangas as bananas ao lado juntas ao quilo, maçarocas de milho tenro, galinhas aos saltos, compotas, bolsas de coco e outros objetos decorativos feitos de conchas e dádivas do mar, cestos de folhas de tamareira, sapatos sapatilhas e chinelos para todos os gostos, mandioca, queijos da ilha de Maio, ervas medicinais, garrafas de manecom [3], licores, Tudo…
e a evidente e dura realidade da sobrevivência. São as mulheres, sempre rodeadas de bandos de filhos espalhados em brincadeiras por ali, que erguem toda esta trabalheira.  Cumprem-na devotadas e depois, ao fim do dia no silêncio pesado da noite instalada, desenlaçam-se, encostam ao de leve a cabeça a uma esperança qualquer que nunca vislumbrei e ficam assim desimportadas engolidas pela escuridão, até que o sono as recolha.
O papel dos homens por estas bandas, parece-me que é atirarem-se a elas esporradicamente e depois basam logo na primeira curva do tempo d´encontro às luzinhas do grogu [4] ou desenrascam mais um poiso temporário algures numa outra ilha deste arco verde, por onde vão cumprindo os seus ancestrais ofícios de marinheiros vagabundos.

E são as mulheres as raízes destas 10 ou dez mil ilhas. O resto é mar, mar e mais mar
e depois ainda
o    m ~ a ~ r






[1] Cidade da Praia, capital de Cabo Verde.
[2] Prato típico da gastronomia de Cabo Verde, confecionado à base de milho, feijão, carne e/ou peixe.
[3] Vinho produzido nas terras vulcânicas da Ilha do Fogo.
[4] Aguardente feita a partir da cana do açúcar (crioulo do Sotavento). 



(J. A. M. -  Cabo Verde. Ilha de Santiago. Praia – 2008-2018. 


Rascunho Nº 324

10.11.18

Título: " Mundos Quânticos "

Técnica: tinta da china e acrílico s/ papel canson. 100X100 cm. 2017 . Obra de : J. A. M.

























"Os padrões internacionais que definem o quilograma e outras grandezas vão mudar na próxima semana, quando a entidade internacional de metrologia votar a adoção de fórmulas da física quântica para determinar quanto valem.
O Comité Internacional de Pesos e Medidas (CIPM), numa decisão que será votada por representantes de 60 países reunidos a partir de terça-feira no Palácio de Congressos de Versailles, passará a usar uma fórmula conhecida como Constante de Planck, avançada em 1900 pelo físico teórico alemão Max Planck, prémio Nobel da Física em 1918.(...)"
( in, JN-10-11-2018)


~ A FÍSICA DA ALMA ( Amit Goswami ) : https://youtu.be/TwBSn5oAnJ4


7.11.18

( 5ª postagem de Sir aLgood )

trabalho : j. a. m.
( Eu não sei  ficar em silêncio quando o meu coração está a falar )


"I don’t know how to be silent when my heart is speaking."
Fyodor Dostoyevsky, "White Nights and Other Stories", 1848 )

3.11.18

As Virtudes do sOl

 J. A. M. ~ 2017 

~ encontros do acaso ~





Os lençóis negros da noite desciam, tombavam, adormeciam colados uns aos outros, como as folhas das carnaubeiras [1] juntas secas no chão.
Depois de várias voltas por N ruas obscuras da cidade pareceu-me que era por aquelas bandas que a festa começava a fervilhar. Num passeio de uma rua desamparada, encontrei um banco à minha espera e pedi mesmo ali à Sr.ª da roulotte uma cerveja bem gelada.   Recostei-me, costas com parede e vice-versa, e pus-me a pastar vacarosamente  o olhar à volta:  havia de tudo o que era gente, jovens em grupos soltos e felizmente assim, pessoas solitárias, alguns com ar de quem procura desinspiradamente libertarem-se daquilo, outros já mais ancorados nas suas derradeiras sortes, havia casais apaixonados que nem pássaros azurumbados havia também mulheres de todas as cores e as mais belas prendiam-me o olhar por mais tempo, e logo depois, desapareciam pelas portas dos vários bares de onde se soltavam canções às molhadas e, de quando em quando, tudo aquilo fundia-se no fundo mais profundo do meu ser e dava-me sede para mais uma cerveja. 


A incerta altura, uma menina sozinha por fora e por dentro aproximou-se de mim, de cerveja na mão e sentou-se a meu lado. Depois continuou calada, ancorada e eu também não de cerveja na mão. Encostou a sua tristeza desarmada no meu ombro abrigada e eu comecei a cantar. As minhas canções eram peixes criados ali, para o seu mar. E sem darmos por isso, pousámos os olhos nos olhos & começámos a beijar-nos. Já o seu fundo sereno tinha um outro olhar. E uma paixão qualquer aconteceu naquele lugar.


Claro que o dia nasceu sem nos avisar.



 (Jacaúna. Estado do Ceará. Brasil) 

Rascunho Nº 288.



[1] Variedade de palmeira, com caraterísticas singulares, também conhecida pelo povo como a “árvore da vida” e considerada o símbolo do Estado do Ceará.

31.10.18

selfie em Cuba

homenagem à "Palmeira Imperial". Habana ~ 2018
















 (a meu pai)

Nasci a 13 de Maio, a uma sexta-feira, e o meu pai partiu para outro mundo num dia 14 de Maio. Tenho a impressão, que apesar de moribundo, aguentou aquilo para, mais uma vez, não me fazer qualquer desfeita. O meu pai era assim: sensível às pessoas e muito atento ao seu filho. Também lhe agradeço este último gesto a selar toda uma vida de dedicação e amor, como pai, amigo e ser humano.
Ontem, ás tantas da noite, quando me bateram à porta tão tarde, fiquei um pouco interrogado. Ia de braço em riste para o puxador, quando vejo o meu pai já dentro de casa, com o seu ar circunspecto e um sorriso levemente matreiro de quem vê alguém com uma cara de espanto sem solução á vista.” Então Gé, como vai isso?” Falou-me no mesmo tom e com as mesmas palavras que ouvi N vezes, como quem pergunta:” Então filho, como vai essa Vida”.” Tá indo bem” disse-lhe enquanto o olhava nos olhos para confirmar o que dissera. Lembrei-me que muitas vezes, quando ele estava deste lado, eu nem sempre era mesmo sincero, embora a resposta fosse sempre igual. Mais tarde percebia que não o tinha convencido. Conhecia-me de ginjeira.
Entre, sente-se ali no sofá. Toma alguma coisa?”.
“Não, bem-hajas, agora não preciso de tomar nada, mas vamos lá até ao sofá”. Sentámo-nos lado a lado, enquanto eu o olhava de soslaio verificando que continuava com os seus gestos pousados a reflectirem um sossego interior muito raro, nos dias que correm. A conversa facilmente desembocou, como não poderia deixar de ser, para os lados da Vida e da Morte. Demorámo-nos entre frases, sorrisos e jeitos só nossos de falar das coisas que só as palavras permitem. Depois, quando o dia já se começava a misturar na sala e a realidade daquilo tudo parecia demasiado e também já sentíamos ter esgotado o que nos ia na alma, o meu pai, pôs-me uma mão no ombro e levantou-se com um ar vagamente satisfeito, “pareces cansado, não estás a precisar de ir dormir?”. “É, acho que sim”, e levantei-me também dando-lhe uma palmada afectuosa nas costas. Dirigi-me para a porta e quando me voltei para nos despedirmos mesmo, eu estava ali sozinho.


(28.29-05-2006)

30.10.18

Olhando para o " Monte Cara " ( Cabo Verde)



os ramos das palmeiras ao sabor da leve brisa
e os seus sons frescos encaminham-me para o mar
onde vejo um pensativo rosto de pedra
e já não estou só.

feliz escureço, o olhar à procura
da lua, esse vaso de luz
onde uma das 4 luas agora se deita
e então eu sou, a sombra pousada
dessa luz alheada.




(Cabo Verde. Ilha de São Vivente. Mindelo.2005)


25.10.18

(série): Ao DEUS~DARÁ

( Cidade Velha. Ilha de Santiago. Cabo Verde. Foto: j. a. m.)

~ Não Sei se Volto ~

Algures no Brasil cheguei a estar no Paraíso. E regressei.  Agora encontrei outro Paraíso. Não sei se volto a voltar.
Começo por um dos lados: o mar sem fundo, no compasso di roncu di mar [1] a chegar claraMente até mim. Depois há coqueiros esguios, altaneiros nas suas tranquilas danças com a aragem muito ao de leve, afinal quem sopra por lá? E há as tamarineiras com os fortes braços erguidos para os céus & os seus frutos tombados doados à espera de quem lá chegue. Palmeiras com as suas folhas dobradas em devoção às 7 portas que iniciam as noites. Balançam-se também aos sons do mar, da lua que começa a ser maior no céu indefinito do meu olhar.
Estou nu, sentado com os pés apoiados na varanda azulzíssima e tomara eu estar assim tão nu por dentro. Agora vou colher uma cana de açúcar aqui do meu quintal e depois talvez vá soprá-la numa flauta vazia por aí adiante.


O pássaro que me visita todos os dias, merece agora toda a minha atenção. E ele já está ali, na sua árvore de eleição, misturado com as flores vivas cor-de-laranjas-acesas, pelo meio da folhagem verde escura porque efetivamente já é noite e tudo está demasiado claro para mim.

raskunho Nº216.

(Sidády Vêlha. Ilha de Santiago. Cabo Verde.)


[1]  “nos sons compassados das ondas do mar”. (crioulo do Sotavento). 

22.10.18

série: pequenas sabedorias


















( Autor: J. A. M. Técnica: tinta da china a acrílico s/ papel canson. 2017)
~

17.10.18

~ um barco dançava na luz ~

azulejos em Póvoa do Varzim. Foto : j. a. m. 
























hoje peguei numa das minhas naves do séc. XVI, coisa antiga para variar, meti-me ao caminho para Norte e vim parar à Povoa do Varzim, mais precisamente em  A Ver-O-Mar.
(Tem muito a ver com os pescadores e  eu soube há uns bons tempos que na anterior reencarnação fui um deles e morri no mar. Já agora, numa outra reencarnação anterior, morri no deserto.) 

O mar vivo & aceso com 1 sol por cima, logicamente, que até mete inveja, está a meu lado como um companheiro para a minha solidão, prazenteira aliás. ( Quando é que eles acordam? )
Nesta esplanada onde as ondas se debruçam nos seus sons em cascatas muito agradáveis para os ouvidos & os olhos e a bem dizer, para o corpo todo.
Um barco de velas no alto mar, parece transparente, atravessa agora a luz espelhada na água pelo rei sOl e parece desaparecer por momentos. Até nas imensas águas deste mundo ele se espalha deleitado. Como é tão belo saber esta luz por dentro e por fora o reflexo direto e verídico do que funciona assim. As leis da Natureza em Tudo se demonstram.
A Maria, empregada de Pernambucoestou cá há duas semanas que me serve as estrellas (1), tem um ar graciosamente sensível, ondula a sua maravilhosa bunda por entre as mesas & a simpatia dos clientes que surgem como cogumelos neste fim de tarde e ainda à pouco se lembrou de me trazer a caixa vermelha dos guardanapos de papel, que simpatia de menina. ( É tão fácil dispor bem um outro ser humano, com um simples gesto de atenção, não é? ) Alguns destes amigos vêm do trabalho e falam alto entre eles, como se tivessem muitas coisas adiadas para dizerem. Outros mais cansados aparentemente, agarram-se com afinco aos telemóveis e vice-versa & também ficam presos a uma atenção  tão demorada que me deixa derrotado, mas logo recupero.

O copo amarelo pela cerveja, os tremoços tb amarelos, ambos juntos bem equilibrados em cima do corrimão branco da varanda com minúsculos espelhos, onde os azuis do mar se refletem e  parecem eternos.  E a sinfonia dos maravilhosos sons das ondas d´encontro aos meus 2 ou 200 ouvidos expectantes. Como é tão bom estar vivo. E o tal barco, feito de nevoeiro e magia voltou ao início, desliza agora outra vez no mesmo caminho outro.
- Maria, já reparou naquele barco além?
- Desculpe, sr., mas não vejo barco algum.

Entretanto: o jantar, algo comestível com um “Cabriz”(2) tinto que foi a empregada de avental  preto que sugeriu ( a Maria basou, nem gorjeta levou), mas quanto ao prego a parte da carne nem se via praticamente que o digam os talheres. Como só consumo cadáveres raramente, não houve problema de maior, embora tenha assinalado a “gravidade do lapso” ao empregado que  fez a fita de se mostrar servil, nem era preciso tanto pensei eu para com os meus botões, depois de um sorriso q.b. compreensivo & implicitamente altaneiro de cliente de fora, para concordar com o teatro.

Entretanto o ar escureceu de todo, nem horizonte, nem gaivotas, apenas umas luzinhas dispersas são barcos de pesca nesta zona ainda são possíveis embarcações pequenas onde meia-dúzia de pescadores salvam muitas vidas nos pratos dos restaurantes à beira-mar plantados à espera dos lucros, obviamente, venham os turistas, por aqui ainda há peixe fresco, serviços baratos, aproveitem  que 1 dia destes nunca se sabe, até quando será?

Distraí-me a olhar o mar, um barco na luz, e eis-me então agora no laço final: café curto &  Jack Daniel`s, com uma pedra. De gelo, feito com água da Serra da Estrela, gosto de saber estas coisas.
Antes de me ter despedido do local, ainda olho + uma vez para o tal barco, parecia parado antes de o fixar, o barco e a sua viajem, agora tudo é luminoso e entre este e as águas que o transportam não  há intervalo que se vislumbre tudo é uníssono e caminha através de um tempo novo para os hábitos que aconteciam. As novidades aproximam-se já estão neste Mundo tudo começa a ser um outro modo de respirar, de estar aceso & vivo: frequência e ritmo, uns estão outros não.
Aos poucos, todos ou quase todos verão o brilho de que são feitos há novas luzes que estão a entrar. Estejam abertos e em paz pois falo-vos com as duas mãos nuas e um coração dourado. Privilégios de quem sabe apenas ( e já é tanto!) ser um meio para que as águas luminosas se espalhem, ninguém é uma ilha, ninguém é  perfeito. Todos procuramos amor & aceitação. “Fortalecer e Crescer, apoiar e capacitar”. Eis um lema, um contrato diria aceitável, nos dias que correm. 

- andas a correr? onde queres chegar?



(1) cerveja da Galicia ( Espanha).
(2) vinho da zona do Dão, Portugal.

Nota: Existem hiperligações. Como em muitos textos anteriores.

 Rascunho Nº15
 Out. 2018



TempoS de Sinais

Técnica: caneta rotring e acrílico s/ papel canson. 2016. Autor: J. A. M. 

Raul Seixas ( Trem das sete )

16.10.18

) diarístico (



são janelas minúsculas que se abrem.
Há visões que aparecem e desaparecem. 
Há muitas noites nos dias & muitas 
noites também. Há uma cabeça cheia
para esvaziar.
Há a presença na ausência, a presença
que se quer presente.
Há que retomar sempre ao tal centro.
A luz emanante, múltipla, a única.


( já há luz no pântano acordado)


09-2018


Corações ao Alto. 2017. J. A. M. 


15.10.18

há gente que manda na Gente só para se sentir gente

trabalho artístico: j. a. m. 


















há "gente" que manda na gente, só para se sentir gente. Eu, cá para mim, não gosto  nada dessa "gente". Prefiro, de longe, a gente que gosta da gente, sem lhe apetecer mandar na gente. Pois, essa "gente", que só gosta de mandar em toda a outra gente para se julgar gente, cá para mim, não são propriamente gente, mesmo. Porque se essa "gente" fosse realmente gente, entendia claramente, que não é necessário haver gente-por-cima & gente-por-baixo, dado que - por exemplo -  toda a gente nasce despida e toda a gente vai desta para melhor, vestida por outra gente, quer o queira quer não.

Mas, porque é que essa "gente" que continua a mandar em toda a outra gente, não começa por mandar neles próprios, para se tornarem verdadeiramente gente? Essa "gente" é mentecapta, muito inteligentes sem dúvida mas com a inteligência ao serviço da estupidez, têm a lucidez do tamanho da astúcia,  são inequivocamente infelizes, intranquilos, sem  paz por dentro, escuros, desalmados até, medrosos e merdosos até à insanidade, mas que culpa nós temos disso?
Gente, gentinha, seus velhacos,  deste & daquele ramo dessa árvore putrefacta, crentes disto & daquilo, governantes grandes & governantezinhos pequenininhos, lá vê a gente aquela outra “gente” a continuar a mandar para nos ludibriar, escravizar, espezinhar, ignorar  & roubar a toda a minha nossa gente.

Claro que também há gente que se deixa levar  assim, por essa "gente" seguem-nos cegamente que nem sombras indignas das vidas que Deus lhes emprestou & então só é gente assim-assim,  entre os muitos lados das gentes.
Nesta coisa de haver gentes, "ser ou não ser é“  a questão é mesmo : “estar ou não estar, " pois cá pra mim nunca há meias-gentes, propriamente dito, amigos atinem caiam em si.




( rascunho Nº 367. 1974) 



12.10.18

( 4ª postagem de: Sir aLgood )

Com base em trabalho, intitulado " A Escada de Jacob " ( 1984 ) de J. A. M.
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Uma pessoa desconectada em relação aos seus sentimentos e emoções é uma pessoa "orientada para e pela cabeça". Estar separado de seus sentimentos  pode ser benéfico em situações pontuais que exigem objetividade e análise lógica. No entanto, a desvantagem pode ser uma sensação de “sentir-se uma ilha” em relação aos outros e ao Mundo, incapacidade de aproveitar Bem a vida & ficar perdido em círculos fechados dentro da sua cabeça, pois já reparou que por lá não há luz alguma?