José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

20.4.22

"ESCUTA, ZÉ NINGUÉM !" (Wilhelm Reich, 1946)

Imagem transformada: J. A. M. 

 

"(...) é de ti que depende o futuro da Humanidade. E tenho medo de ti porque não existe nada a que mais fujas do que a encarastes-te a ti próprio. Estás doente Zé Ninguém, muito doente, embora a culpa não seja tua. Mas é de ti que cabe libertares-te da tua doença. 
Já há muito que terias derrubado os teus verdadeiros opressores se não tolerasses a opressão e não a apoiasses tu próprio.
Nenhuma força policial do mundo poderia prevalecer contra ti se tivesses ao menos uma sombra de respeito por ti próprio na tua vida quotidiana, se tivesses a profunda convicção de que, sem o teu esforço, a vida sobre a terra não seria possível por nem uma hora apenas. 
Será que o teu "libertador" to disse?
 
(…) és tu quem transforma homens medíocres em opressores e torna mártires os verdadeiramente grandes; que os crucificas, os assassinas e os deixas morrer de fome; que não te ralas absolutamente nada com os seus esforços e as lutas que travam em teu nome (...)"

CONVITE ( Lusofonia)


 

10.4.22

Felizmente vivo

Autor: J. A. M.

de manhã, quando as aves ainda parecem sonhos
e já as claridades esvoaçam
abrindo as portas e as janelas
de encontro aos olhos de quem acorda


e os rios de ouro abrem as vozes
à procura dos mastros humanos
onde há gente viajada em nascentes


e a Beleza do mundo é 1 presente simples
e tudo se ampara nos muitos eus
que devagar se unem
enlaçando a infância, o futuro e o agora


de manhã quando algo estala o silêncio
instaurado e já ouço
o cantarolar aceso dos pássaros
Felizmente vivo
mais um dia.


( J.A.M.)




3.4.22

esta vida é um sopro

Autor: J. A. M.

à volta estranho não escutar
os pássaros
os belos sons da cascata do rio
neste lugar
onde o sol se debruça
onde a minha alma é sempre pouco
para ocupar o espaço
que aparentemente me abraça.

Há uma semente estrangeira
no meu coração
por vezes ilumina-se, outras vezes
sussurra, outras vezes ainda
adormece, desamparada
como um pássaro elevado
pelo centro da noite
entre as estrelas sempre muitas
e a minha solidão de ser humano.


(J. A. M. - 22-03-2022)


20.3.22

já não recordo, pois foi num campo de batalha ...

Pintura: J. A. M. 

 

Alguém disse já não recordo, pois foi num campo de batalha e o ribombar das bombas e dos seus ecos na altura, faziam-nos surdos. A outros, faziam-nos cegos. A outros ainda, faziam-nos mortos.
Mas a frase em questão, no meio daquele inferno encantou-me o lugar e por momentos caí num silêncio sem tempo, que me trouxe a casa de meus pais, longe muito longe, onde havia um jardim. E a frase era assim: não corras atrás das borboletas, cuida antes das tuas flores que elas virão até ti (1).
 
Ainda hoje, passados séculos, por vezes em dias ou noites em que tudo parece estranhamente desolador, me acontecem as imagens bem nítidas que esta frase levanta à frente do meu olhar.
E então, algo em mim se transforma e tudo à minha volta também. E uma flor leve e doce aflora por dentro.


(1) frase atribuída, a D. Elhers, em tradução livre.

 

18.3.22

Pintura: J. A. M. 

Colher escolher à tona o desejo mais fechado
em cada instante
entregá-lo aos olhos e dizer: como acontece o coração
no seu exacto pensamento. Onde felizmente
há música na geometria dos astros
e um início de ouro a cada momento.

4.3.22

Onda

Pintura: J. A. M.


Bate-me à porta a noite
o silencioso exercício do Mundo
acontece-me na mais pura beleza 
do que parece estar nu.

Inspira-me a visão das linhas curvas
dos sons e a inutilidade das mãos
quando a intenção desta beleza é estar
à altura do espanto. 

Sou, pois, mais um ser
dominado pela voz, cantando
o seu exemplo de onda
transformada em espuma.


( J. A. M.)

1.3.22

Abraço.

Pintura: J. A. M. 

 

Palavras, palavras, por vezes

 

Palavras, palavras, por vezes cansado das palavras fico completamente à escuta, vazio por dentro, parado, virado para fora. Como se o meu corpo fosse uma harpa aberta aos sons que passam. E então há um outro sol a cobrir as formas do Mundo, o grandioso coração do Universo começa a bater como um pêndulo maduro, a água no corpo a murmurar lá no fundo como nos oceanos e a beleza epidérmica das coisas à volta aparece sem nomes, a vida total continua a transformar-se sem eira nem beira.

E então, vejo que nada em mim é o que sei e sinto, nada em mim é apenas uma ilha a desenhar horizontes de palavras, letras que se juntam para criarem um círculo um entendimento, nada disto tudo faz sentido, sem a Luz e a vastidão da Terra com sementes e as flores e as plantas e as árvores e os frutos e as aves e as pessoas, as pessoas a encherem-nos os dias e as noites.

 

J. A. M.

 

in, “ O Ouro Breve dos Dias”. 2021.

( Livro de contos, escritos em Portugal, Brasil e Cabo Verde )

15.2.22

~ 18ª folha de 1 diário perdido ~

MUNDOS PARALELOS( 105X105 cm). J. A. M. 

Atravesso os dias como quem viaja. Quase tudo é inesperado porque nada espero.
Por vezes, levanta-se um farol. Às vezes, é metáfora outras vezes é mesmo visão ou alucinação. A distância do momento faz um laço entre o que em mim há de vivo e está acordado e o que me trespassa. Fica um resíduo de luz que permanece e aos poucos se esvai.
Nestas margens os nomes são difíceis. Os nomes praticamente não existem. Tornam-se as sombras por onde a minha viagem me acompanha.
Há pontes por estes caminhos. E rios que desaguam para dentro das vozes. Abundantes águas há neste planeta.
Mas só em silêncio vejo o meu rosto multiplicado por 1001 rostos que acabo por saber serem meus.


 

10.2.22

A Ilha Encarnada

 

Pintura: J. A. M. 


Olho-te agora de longe. O teu rosto enaltece a luz que cai entre os muitos ramos das enormes árvores à-volta e ao mesmo tempo é uma luz saída de dentro de ti. Com um sorriso leve igual a 1 pássaro suave que vai passando. Entre ti e este momento, entre ti e a tua discreta doação ao que no fundo já sentes ser, recordei agora esse instante fugaz entre o marulhar dos pequenos peixes na água do rio e os teus pés à beira descalços e acesos no meio da fogueira que agora me apetece imaginar.

Por detrás de ti havia plantas e flores despidas pelo sol com aromas em brandas chamas, havia borboletas amarillas(1) lúcidas e loucas sem dono agrupadas em círculos, e foi então que eu vi que eras uma pequena deusa ali descida, sem testemunhas, e prometi voltar sem o saber.


(1)  amarelas (castelhano)


- Topes de Collantes, Cuba -


28.1.22

Os Poderes do Coração


 LINK: https://youtu.be/tc4FDU4OIKc


Trabalho baseado em estudos científicos, no campo da neurologia e neurocardiologia. O coração possui um campo complexo de células neurológicas. O campo magnético deste, é muito superior ao do cérebro.

(Ilações retiradas a partir do "HeartMath Institute", U.S.A.)


P.S. Ao minuto 1.10 , há uma transição.



20.1.22

Earth is just One ~ A TERRA é só Uma.

 

"MostraMuseu". São Paulo. Br. Foto: Maria Eduarda Mota. 

" A TERRA é só Uma." Artista convidado: J. A. M. 


havia uma doença de sombras. Entranhadas no ar, nos ritmos dos dias, nas pessoas que deambulavam entre estes.
Mas as sombras eram como todas as sombras:  germinadas por uma luz. Esta luz era cega, distante, não se via. Apenas alguns a pressentiam. Por dentro, era por dentro que novas sementes germinavam e quando cresciam o suficiente, toldavam os olhares. E algumas pessoas começavam a ver novas flores que as outras não viam, pois havia uma doença de sombras.
Entre a vida e estes dias sonâmbulos havia um esquecido tempo sem nomes verdadeiros ou com demasiados nomes. Aparências. Muitas notícias em algazarra. Sinais para as pessoas se ampararem.
Alguns mais desesperados matavam-se. Outros resignavam-se, á espera. A morte, apesar de sempre presente, disfarçava-se de esquecimento. Andava-se de um lado para outro, através de distrações perenes. No fundo, ninguém se via nem via os outros, porque havia uma doença de sombras. No entanto, alguns vislumbravam o que parecia ser natural. Falavam destes tempos de mudanças, sem ninguém os escutar. Acomodavam-se num silêncio de ouro que crescia somente para eles. Aparentemente. Outros ainda gritavam sem ecos. Aparentemente, pois tudo era um vasto Mundo cada vez mais ligado.


(rascunho Nº 2. 2021)



13.1.22

um mar, onde todos os rios se esquecem

Pintura: J. A. M. 

Foi há muito tempo ou talvez não. Vinha de uma viagem por colinas por onde tudo me encantava e acabei por desembocar num rio.
Este, era desconhecido sem barcos nem barqueiros, apenas as duas margens amparavam o meu olhar.
Havia pássaros no ar a deslizarem as sombras sobre as águas que, apenas por isso, se moviam.
Imaginei um mar, onde todos os rios se esquecem.
Imaginei muitas metáforas que já esqueci.

( J. A. M.)

4.1.22

Sei como os universos estão cheios

 

Sei como os universos estão cheios de estrelas
de ouro breve nas suas viagens
e um coração de ouro nunca tem preço
(eu sei) como o teu sol também é o meu
também sei que por onde caminhas
é o (mesmo) lado só teu 
do lado que também é o meu.


( J. A. M. )

 

27.12.21

Estrelas apagadas

Foto de azulejos na Póvoa do Varzim ( transformada). J. A. M.

 

     Já a noite tinha sido iniciada, os pescadores juntos sentados calados curvados olhavam presos por um fio emaranhado de leves e ondulantes pensamentos o horizonte, como quem lia 1 texto antigo.
    Entretanto as nuvens de um lado para o outro, fragmentariamente orquestradas pelo seu próprio destino, lá iam impavidamente diferentes. Nada se cruzava e tudo estava ligado.
     Os barcos continuavam a baloiçar o cais. O mar sempre estivera ali como se fosse eterno. Como um eco longínquo que ainda perdura pelo poder dos olhares de muitas gerações.
    E os pescadores aguardavam como quem espera e também não, a hora da partida. Em casa os filhotes mais novatos choramingavam por comidas diferentes e as mães afagavam-lhes os cabelos, com um sorriso esboçado junto ao aconchego do útero.
 
    Os pescadores, disse-me um dia um amigo vagabundo nas viagens, viraram estátuas fixas e ali estancaram para o gáudio dos turistas que acudiam aos magotes e as crianças agora pediam moedinhas com uma vida inteira moribunda nos olhares.
 
 
(Póvoa do Varzim. Portugal)

 
P.S.
Texto do Livro de contos O Ouro Breve dos Dias- 2021.

 ( J. A. M.)

15.12.21

"Portal"

Pintura: J. A. M.

 1º vieram as saudades. De um mundo longínquo. Os meus dois olhos comidos pela noite. Onde a suspeita de uma luz pairava: sem sobressaltos olhei á volta. Tudo era um chão incógnito.

Algures em mim uma voz muito distante chamava-me. Não havia nomes. Não havia palavras. E algo por dentro tinha a ideia de porta fechada que a qualquer momento se podia abrir.

10.12.21

Todos parecemos ilhas

Pintura: J. A. M.

Todos parecemos ilhas

todos temos as mesmas raízes

entrelaçadas no fundo da Terra

e do Sol.


( J. A. M.)

3.12.21

Vivemos tempos de União

Foto: J. A. M.


 








O silêncio serpenteia-se nas ondas do ar, a boca
da noite abre as flores do coração curva
os sons que tem sempre à mão e o tempo
habita-nos mais ao sabermos nos olhos
as sombras que se despedem das árvores
onde os pássaros acolhem os primeiros
tons do dia sob o lençol verde às tantas
da manhã pelas cinco e tal ou quase
assim começam a sinfonar uma visão
acesa para quem esmorece ainda é cedo
ainda há o segredo de haver um mundo
com tudo sagrado.



J.  A.  M.

( Data: ?)

28.11.21

会议

Foto: J. A. M.

 

à-volta era um lugar que, mal entrámos, se tornou ausente. Talvez houvesse um espaço, um tempo, quatro olhos duas pontes comunicantes sobre algo circular o tampo de mármore da mesa onde as palavras caiam redondas, finitas e havia miríadas de estrelas a rebentarem no desamparo das mãos quando se tocavam. Bailando, bailando os dedos finos de uma alma sensível no fim das hastes, re/parei.

As gaivotas vinham açoitadas pelo mar sem pescadores e abriam lá fora os espaços altos à procura. Eram sombras nos intervalos apanhadas pelos acasos, quando olhava de soslaio pelas vidraças húmidas do café. Enquanto ambos estávamos num fogo adormecido apesar de darmos por ele.

À-volta havia os outros, longínquas sombras, e em poucos minutos nem sombras já aconteciam. Por dentro senti metafóricos desejos de serem mais, algo que só na altura sabia, cresciam para cima e para baixo como nas árvores a seiva, nas galáxias a luz.

Agora vejo como fui vago nessa travessia.  Luz dos teus olhos bebiam a minha sede. E, era uma sede viajada para dentro, ensaiada pelas danças do silêncio. Por onde perscrutava os teus altares aguardando vislumbrar o fino ouro do teu mistério.


(Porto)

 

13.11.21

 

Pintura: J. A. M.



Depois de viajar por muitos universos, as asas descem
mais cegas
mais frágeis
apenas dois olhos na luz possível.
 
Por aqui, neste mundo, á minha volta: 2 universos, apenas: o Universo do Amor e o Universo do Medo.
Cada um com inúmeras portas e janelas e nomes encobertos e descobertos por onde se entra e sai e se volta a entrar e a sair. Diariamente, quase eternamente. O círculo a levantar-se em espiral, ainda a sobrevivência do macaco nas demonstrações da luz ou a luz derramada em forma de cruz.
Tudo crenças.
Tudo inscrito, tudo escrito em todos os lados, dentro das cabeças, na água oceânica do interior dos corpos, nas paredes inventadas por fora e por dentro, nas alegrias e na dor.
 

- De onde cresce a tua luz?

27.10.21

Outono

 


As folhas caiem das árvores
com o peso do Outono
castanhas, amarelas, verdes, vermelhas
às vezes
um adeus de sombras a voarem.

Mudas as árvores abraçam o frio.


17.10.21

Não sei se volto a voltar

 

(Auto-retrato)
     

     Algures no Brasil cheguei a estar num Paraíso. E regressei.  Agora encontrei outro Paraíso.      Não sei se volto a voltar.
     
    Começo por um dos lados: o mar sem fundo, no compasso di roncu di mar(1)  a chegar claraMente até  mim. Depois há coqueiros esguios, altaneiros nas suas tranquilas danças  com a aragem muito ao de leve, afinal quem sopra por lá? E há as tamarineiras com os fortes braços erguidos para os céus e os seus frutos tombados doados à espera de quem lá chegue. Palmeiras com as suas folhas dobradas em devoção às 7 portas que iniciam as noites. Balançam-se também aos sons do mar, da lua que começa a ser maior no céu indefinito do meu olhar.
     Estou nu, sentado com os pés apoiados na varanda azulzíssima e tomara eu estar assim tão nu por dentro. Agora vou colher uma cana de açúcar aqui do meu quintal e depois talvez vá soprá-la numa flauta vazia por aí adiante. 

    Olhando, escutando, aprendendo a ser mais. 

    O pássaro que me visita todos os dias merece agora toda a minha atenção. E ele já está ali, na sua árvore de eleição, misturado com as flores vivas cor-de-laranjas-acesas, pelo meio da folhagem verde escura porque efetivamente já é noite e tudo está demasiado claro para mim.



 (1) “nos sons compassados das ondas do mar”. (crioulo do Sotavento).


(Sidády Vêlha. Ilha de Santiago. Cabo Verde.) 


P.S. Texto do livro de contos "lusófonos":
O OURO BREVE DOS DIAS.

10.10.21

Portas para os dias.

Pintura: J. A. M.

 " Não andes a correr atrás das borboletas. Antes, cuida bem das flores que tens no teu jardim e elas virão até ti "

19.9.21

~ 17ª folha de 1 diário perdido ~

Pintura: J. A. M. 

 

O texto ergue-se como uma árvore. Mas, nem é texto nem árvore. É uma fonte de onde brotam outras paisagens, outros lugares sem os contornos dos horizontes visíveis.
 
Pelo meio, há muros, fronteiras e o poder das asas em espaços onde o voo é simples.
É necessário deslaçar o emaranhado que em nós nos ergue ao fazê-lo. A dor também nos faz crescer. E, nesta procura para cada 1 o seu caminho. Tudo se inicia e cresce por dentro. Os muros, as fronteiras, as asas e os voos. Só os monstros aparecem por fora. Só há monstros quando existe o medo. Ou, para quem escuta só com um ouvido e depois se esquece de si, levando consigo as sombras da sua idade.
 
Temos o que para nós é chamado. Pela chama que em nós arde, sem o sabermos. Chama ligada a um sol que também não vemos, mas vivemos. Por vezes, sentimo-lo como um arrepio de luz muito repentino pelo corpo todo.
Mas é na alma que fala.


( rascunho Nº 2)

23.8.21

todos parecemos ilhas

Pintura: J. A. M. 












Todos parecemos ilhas

todos temos as mesmas raízes

entrelaçadas no fundo da Terra

e do Sol.


( J. A. M.)


 

18.8.21

~ 16ª folha de 1 diário perdido ~

Foto: J. A. M. -2021

 

Sona Jobarteh está a entrar pelos lados onde as portas são mais negras. Para que as estrelas resplandeçam mais, nesta infindável noite.


Há na vocação das vozes um halo universal redondo é este planeta onde agora vivemos.


Como no mar: altas ondas outras nem tanto, a 7ª onda é sempre ouro nos sons alongados e por tal sortilégio algo em nós se expande mais. 
Tenho evidentemente os pés nus onde elas esmorecem e eu cresço.
Falo do amor. Falo sempre do amor.
 
Entretanto no mar~alto e no seu fundo, tudo parece sereno, adormecido, indiferente.
Mergulhei por aqui em noites de vãs esperanças. Cheguei a morrer: de encantamentos.
Regressei sempre 1 outro que não conhecia. Enquanto peixes translúcidos me trespassavam. E tudo era a mesma matéria, tudo estava sempre ligado a uma luz que de longe clamava. Os sons, as raízes dos sons de Sona Jobarteh, aproximavam tal mistério.
Era uma outra colheita para a alma, oura voz desconhecida cujas cores não chegavam a ter nomes, aqui neste mundo em que respiramos?
Cheio de tantas perguntas, regressava á minha cabana onde acendia uma vela. Eu vivia numa ilha, desconhecida dos mapas.
E tudo se tornava claro como um anel de sol virado do avesso. Dentro e fora de mim.


( Rascunho Nº2)
 

29.7.21

~ 15ª folha de 1 diário perdido ~

Obra de : J. A. M. 

 

Enquanto as palavras são sombras na frescura do Verão e as flores parecem sempre adormecidas pelos prados e as nuvens altas viajam em formas só delas, como te dizer os muitos nomes do espanto?
Como te dizer que tudo isto é, um outro Todo já revelado em ti?

A nossa vida, o nosso milagre sempre longe sempre em nós, onde há demónios e deuses e o nosso olhar se apaga no final dos dias.

Continuamos a dormir lençóis de sonos, visões que são nossas herdeiras enquanto Deus agita os seus 1001 braços nas suas mãos imensas alongadas em dedos luminosos por tudo sem algum fim, à vista desarmada.

 

 

Portugal-21/02/2021

( Rascunho Nº 5)

 

14.7.21

A 15-07-2021, Fecho a Porta da Exposição " DEIXO A PORTA ENTREABERTA". Mas continuo a deixar o meu coração aberto.


( Vídeo Arte.Video Art)
Trabalho baseado em estudos científicos, no campo da neurologia e neurocardiologia. O coração possui um campo complexo de células neurológicas. " Cerca de 40.000 células neuronais ". O campo magnético deste, é muito superior ao do cérebro.

(Ilações retiradas a partir do "HeartMath Institute", U.S.A.)

~

Work based on scientific studies, in the field of neurology and neurocardiology. The heart has a complex field of neurological cells. " About 40,000 neuronal cells ". Its magnetic field is much higher, when comparing to the brain.

(Conclusions, learned from the "HeartMath Institute", U.S.A.)


Autor: J. A. M. ~ Author: J. A. M. - 2020.

8.7.21

" DEIXO A PORTA ENTREABERTA "

Série: Pequenas sabedorias.Series: small wisdoms. J.A.M.




Depois de viajar por muitos universos, as asas descem
mais cegas
mais frágeis
apenas dois olhos na luz possível.
 
Por aqui, neste mundo, á minha volta: 2 universos, apenas: o Universo do Amor e o Universo do Medo.
Cada um com inúmeras portas e janelas e nomes encobertos e descobertos por onde se entra e sai e se volta a entrar e a sair. Quase eternamente. O círculo ou a espiral, ainda a sobrevivência do macaco nas demonstrações da luz ou a luz derramada em forma de cruz.
Tudo crenças.
Tudo inscrito, tudo escrito em todos os lados, dentro das cabeças, na água oceânica do interior dos corpos, nas paredes levantadas, por fora e por dentro, nas alegrias e na dor.



( Reino do ButãoJ.A.M. )


 


ARTEINFORMADO ( Espanha):

 


 

5.7.21

Apresentação do Livro "lusófono " de Contos.


 Sinopse simplificada:

 Livro de Contos, escritos em vários locais de Portugal, Brasil e Cabo Verde.

~ ~ ~


Após um interregno de duas décadas, o autor decidiu publicar o presente livro.

1ª Edição ( Ed. LeiaLivros). São Paulo. Brasil -2020.

2ª Edição (do autor). Porto. Portugal-2021.

 

Livros anteriores do autor (poesia):
 
O Triângulo de Ouro” (Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores – 1987 ), Editora Justiça e Paz, Porto, 1988.
 
As Mãos e as Margens”, Editora Limiar, Porto, 1991.
 
A Primeira Imagem”, Editora “Sol XXI” – Lisboa, 1998.
 
- Inúmeras colaborações em Antologias, Revistas culturais, Jornais, Blogues, Sites, etc. Em Portugal e vários países.


-O-

O OURO BREVE DOS DIAS


   Em o “Ouro Breve dos Dias” encontramos uma rota sem outro rumo que o deslumbramento. Nos vários pontos de passagem – Brasil, Cabo Verde, Portugal – o autor faz-nos seguir o seu olhar e apurar os sentidos através de uma escrita fortemente imagética e também inovadora pelas incursões neologísticas e originalidade das soluções frásicas. Afirma-se, então, um estilo com um forte sabor a “língua portuguesa”, num projeto de lusofonia aliciado, sim, pela variedade (veja-se as passagens em crioulo de Cabo Verde ou as sugestões sensuais na descrição das mulheres brasileiras), mas imbuído também do reconhecimento num sentir comum
   E é aí que o livro ganha um cunho universal pelo olhar humano do escritor, fascinado e despretensioso, que subjaz à sua tríplice condição de narrador, poeta e artista visual. Ou, de outo modo, partilhar dos “saberes” e “sabores” do viajante andarilho é também celebrar a vida.


(Poeta Sofia Moraes)


f.b. :https://www.facebook.com/josealberto.mar

Instagram: https://www.instagram.com/jose.alberto.mar/

 

1.7.21

Exposição de Artes Visuais

 

" Deixo a Porta Entreaberta " ( 26 Junho ~15  Julho. Porto. Portugal)


Tríptico às Imagens Nuas


 1.º

 Por vezes, alguém põe um dedo na ferida. Quero dizer: alguém acorda a sombra geral dos seus nomes e os nomes mergulham nos ritmos do sangue e logo as mãos crescem para os lugares e os lugares crescem com elas e tudo fica mais Alto. Há quem passe, olhe de lado e continue a sua vida. Outros há que passam e se detêm por um pormenor mais chamativo.

 2.º

Claro que todos os lados, todos os nomes são pretextos. E os lugares também. Nascemos e morremos por uma graça indomável perdida no tempo. Andamos às voltas disto tudo enquanto por dentro acordam e adormecem as sementes povoadas pelos estranhos frutos de uma sede sem fim.

 3.º

Vozes e imagens que cantam a Vida e o exemplo dos milhares de sóis mesmo sabendo-se que para outros olhares, há um abismo memorial nas cabeças uma outra idade outra boca menos cercada pelos dons dos dias, na transformação dos corpos.

 

 

(in, “ A Primeira Imagem “ , J. A. M. - 1998)