- a Arte de um marmeleiro - ~ Foto de: 1 marmelo, folhas de marmeleiro, pedaço de céu , sol & j. a. m. |
23.2.18
um marmelo ao sol amarelo com azul dá verde
22.2.18
20.2.18
KOISAS ~ DO ~ MOLESKINE ( 3ª folha)
às 5,48 da manhã fomos abrir o sol prós lados onde o mar fica mais a jeito. O areal já não é o que era havia um pescador depois outro alguém tirava fotografias e
mal as olhava ~ as
ondas ~ as ondas ~ as ondas não paravam de acontecer. O mar parecia um longo vidro quebrado em pedaços dançantes sob a luz ondulada do sol. Um passeio
pela orladura pedrinhas luzidias no chão depois não serão, pedacinhos de conchas que foram,
também o ruído no olhar de latas marcas adiante & garrafas verdes, até
preservativos ainda bem preservados.
Dentro do bar, o sol caía sobre o meu rosto e simultaneamente na heineken que
me segurava a mão suspensa na sede. Uma
sede silenciosa em si demorada em cada trago, pois a namorada era calada e o cenário à volta parecia-me inesperadamente distante: telemóveis agarrados às mãos, cabeças curvadas um ou outro colar ou brinco pendurados no brilho, outras figuras atentas a 1 café ou a uma torrada ou a um fino a borbulhar amarelíssimo sobre a
superfície viva de 2 lábios semi-abertos pintados de carmim talvez fosse uma dádiva celeste para o meu estar na altura, o tal
rosto pelo menos de perfil era belo recortado contra o fundo geral, também haviam nuvens de palavras
cruzando-se no ar frases soltas que se
soltavam & esfumavam com os laços voláteis dos cigarros sem alguém parecer (querer) dar por isso, atmosferas
assim sem
dono à vista desarmada.
E quanto ao mar, mal o olhava lá
estava ele vivo, o m~a ~r galgando-se onda após onda crescendo avançando regressando a si, contra o impávido areal golpeado: quando repousas?
Ao longe o sol lá ia no seu ritmo
que também era o nosso e please, por
agora no photos, já há tantas. Roubamos tudo às paisagens uma flor aqui uma imagem acolá, para as trazermos para dentro das nossas casas, dos nossos próprios vazios, um dia destes como será?
Depois fomos ver os pinheiros.
Estavam juntos e pareciam muitos, é o novo hábito de serem novidade num país queimado
todos os Verões * ao sabor dos lucros & das voracidades da kambada. A certa altura estacionámos
a carroça (levámos o burro e o respetivo veículo que um dia adquirimos por tuta
& meia a uns ciganos desesperados no Alentejo) e foi tão belo aquele
momento que até o aroma amarelo de umas mimosas ali perto, nos alertaram para a evidente beleza da vida. Como se tal fosse necessário, mas pelo sim pelo não, aproveitei
para efetuar a habitual vénia diária a Tudo.
Mal demos conta já estávamos à
frente de alguém fardado que stopava o caminho. Que se passa, sr. Agente? Isto é território militar, têm de se afastar,
s.f.f. - Como o recado era evidente e o homem estava ali apenas a cumprir o seu papel & até falou assim com um ar de enfado desamparado e
evidentemente tínhamos mais que fazer, demos a volta e regressámos às nossas prazenteiras deambulações pelo campo, com a carroça quando muito talvez a 5 Km à hora e o GPS na intuição do burro.
evidentemente tínhamos mais que fazer, demos a volta e regressámos às nossas prazenteiras deambulações pelo campo, com a carroça quando muito talvez a 5 Km à hora e o GPS na intuição do burro.
* estava eu nestes preparos,
quando recebo um email da “Autoridade Tributária e Aduaneira”, com o “assunto:
Campanha para a prevenção de incêndios”, dirigido a mim próprio como: “ Ex.mo(a)
Sr(a) “.
1º fiquei estupefacto pelo facto de me sentir tratado
como gente neste país, depois mais assente na coisa, deduzi humildemente que esta
comunicação tinha sido eventualmente lida por milhares de portugueses que
possuam email e tiveram pachorra para tal. Numa leitura oblíqua senti-me claramente intimidado e olhei com carinho os pinheiros do meu vizinho que felizmente alongam generosamente os seus belos ramos para a minha varanda. Olhei para eles com a gratidão que naturalmente me merecem e tácitamente jurei-lhes a minha proteção. Depois : no comments.
( Rascunho Nº 18 )
( Rascunho Nº 18 )
19.2.18
17.2.18
15.2.18
alguém passeia-se porque lhe deu para tal
Sr. da Pedra. Praia de Miramar. V. N. Gaia
( foto: j. a. m.)
alguém passeia-se algures por caminhos & paisagens onde ainda há árvores algumas aves pedras pelo chão e acontece-lhe curvar-se de repente, por algo que o chama sem dar-bem-por-isso e há um diamante entre as suas mãos o olhar turva-se pelo brilho que o sol, atento a tudo onde há vida lhe oferece no mesmo instante e depois
há quem logo veja ali um presente, há quem não dê conta do vislumbre que lhe
aconteceu e continue apegado aos seus hábitos, atirando o pequeno seixo para as
águas de 1 rio que resvala por ali no seu ocaso indiferente a tudo isto.
Os hábitos escravizam, tornam-nos
cegos.
Todos os dias acontecem coisas
assim, parecem banais porque são diárias mas não o são, não.
Nada é banal nesta vida que nos está acontecendo.
E por aqui os diamantes não têm
quaisquer preços são iluminadas fontes metafóricas criadas pela infindável
sede que também habita os profundos lençóis da Terra:
- quanto demora um olhar a ser luz?
(Ourique. Alentejo. Portugal)
- rascunho Nº331 -
13.2.18
KOISAS ~ DO ~ MOLESKINE ( 2ª folha)
trata-se genericamente de pontos de
vista como outros quaisquer cada um vê à sua altura e nem há alturas mais + nem
desalturas. A viagem é longa, “um homem com pressa é um homem morto”, eis um
ditado de gentes apaziguadas entre si com certeza nos desertos (1) há tempo
para tudo é tudo pois o céu é amplo e os horizontes demorados, o tal tempo que foi expulso dos dias & das noites por estas bandas ocidentais lá desandam eles a correrem
sozinhos cada um com a sua meta & o descalabro dos seus desígnios impostos & aceites como únicos, quando por vezes acontece passarem ao lado das árvores elas abanam desconsoladas as suas cabeleiras por vezes
criam ditirâmbicas alianças com os ventos e assobiam, mas qual quê moucos
de todo.
Quem os convenceu de que sozinhos vão a
qualquer lado?
Enquanto caminho ao sabor da
leve aragem que me acompanha re/paro lá ao longe senti o aroma espalhado de uma visita a que não liguei e é
saboroso vislumbrar agora as flores de alfazema minúsculas violetas azuladas
encantadas entre si amparadas pelas significantes folhas verdes onde o sol tranquilo se desfaz em prata, e estão a olharem-me como eu nunca as olhei.
Guardo a lição no bolso da camisa junto ao peito e continuo a caminhar até onde não sei
Guardo a lição no bolso da camisa junto ao peito e continuo a caminhar até onde não sei
(
12.2.18
Msg a Garcia
"(...) Quem olhasse este passo para o mar e para a terra, e visse na terra os homens tão furiosos e obstinados , e no mar os peixes tão quietos e tão devotos, que havia de dizer?
Poderia cuidar que os peixes irracionais se tinham convertido em homens, e os homens não em peixes, mas em feras. Aos homens deu Deus uso da razão, e não aos peixes; mas neste caso os homens tinham a razão sem o uso, e os peixes o uso sem a razão. (...) Aristóteles diz que só eles, entre todos os animais, se não domam nem domesticam.(...).
Peixes, quanto mais longe dos homens, tanto melhor: trato e familiaridade com eles, Deus vos livre!"
( " Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre Antóno Vieira. Col. Portugal, Nº38, Joaquim Ferreira)
11.2.18
com o sol as ondas quebravam os espelhos da luz
foto trabalhada : j. a. m. ~ LENDA DA NAZARÉ: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lenda_da_Nazar%C3%A9 |
9.2.18
série: pequenas sabedorias ( Nº 92) or a pyramid seen from UFO.
obra de j. a. m. ~~~ https://youtu.be/_iaGcdlWk6k |
5.2.18
31.1.18
KOISAS ~ DO ~ MOLESKINE
jÁ há uns bons tempos
que faço diariamente, com base nos tramites das meditações ocidentais, dado que sou do género Oblomov, uma
pesquisa mui atenta ao meu umbigo.
Como se se tratasse de um curioso buraco negro ou o olho da espiral de uma galáxia ou
qualquer outro círculo vulgar, como se houvesse algo que pudesse ser vulgar nesta vida & nestas
ocasiões, para me concentrar sirvo-me do meu girassol caseiro arrebanho o vaso p/ o meu labor pessoal e - olhos nos olhos - Tudo está lá.
Também.
Também.
Nestas
vãs deambulações, encontro paredes pedras real-mente duras & a minha picareta é
sempre tão frágil tão frágeis estas mãos sementes de asas, mas às vezes por acaso
😊
surgem
horizontes desamparados, e dou por mim noutra linha de tempo, isto é, re/paro que
o desamparo é apenas meu e digamos assim, para finalizar por repentina preguiça este laço, há koisinhas
inverbais. Como se a língua de repente, se enrolasse para dentro em onda armada
em rebelde e ficasse ofuscada perante um inesperado diamante em visita, vindo sabe-se
lá de onde? Cada vez que o vislumbro fico tão deslumbrado que,,,,,isto é, apago-me
e demoro acender-me. Mal dou conta, escuto um outro eu de mim: " o gajo caiu em si ". Aqui temos se temos
admitamos que temos um 1 exemplo
pragmático e até ouso por ora dizer positivista (Um) apenas momentâneo de que há que aceitar o que a vida nos oferece ou nos empresta
seja lá o que isso for i Haja deus !, cada um que se procure se para tal lhe acontece tal necessidade & quiçá se aperceba de tal com uma dose ou pelo menos meia-dose de pachorra e uns grãos de flor de sal q.b. iluminados pela novidade de uma estranha lucidez:
respirar fora da caixa, alguém sopra soprou
(enquanto
as nuvens de um céu diferente se abrem aos meus olhos cativados e cada nuvem
tem uma cor ousada que logo se dilui numa outra e todas vão são ligadas sem darem
por isso parece-me, mas o que sei eu? )
(Um) baseado sobretudo no calendário lunar composto por 13 meses de 28 dias.
( raskunho Nº ? . 31 Jan. - L.C. )
j. a. m.
(continuará quiçá)
29.1.18
25.1.18
ao artista Vadú
ainda recordo algumas imagens como pétalas
caídas no meu regaço estava no restaurante “Quintal da Música” com o meu amigo
acontecido há pouco por ali, entre strelas
(1) douradas pela luz oblíqua da porta semiaberta da entrada e saída e os dengosos
funanás no palco onde a Mayra (2) se espraiava deleitosamente.
e ele entrou, fino, esbelto como um lírio
estremecido pela sua íntima alegria de estar naturalmente vivo no seu gingar dançante
e o meu amigo inesperadamente levantou-se assaltou-o na dança e apresentou-me:
este é o não-sei-quê.
Levantei-me a pesar a repentina gravidade
do momento & a que existe em todo este mundo de deus, mas a leveza que me
acompanhou logo me surpreendeu e quando olhos nos olhos enlaçámos as mãos eu vi
ali um ser raro mesmo à minha frente daqueles que já ganhei o dia embora neste agora quase já fosse noite.
“Lá Fora” (3) no surpreendente mundo das
pessoas tudo parecia continuar a ser igual.
Quando a altas horas consegui descer de
tudo aquilo, pois nestas farras a fraternidade por estas bandas é imensa e onda
a onda neste mar tudo se demora já os meus amigos no veículo estavam à espera numa achada (4) próxima.
Levantei as asas possíveis com tais
companhias é sempre fácil e logo estávamos a viajar entre tantas estrelas à mão
de semear que nem vos conto.
Nota: texto alusivo ao cantor Vadú. (1977-2010)
1. cerveja caboverdiana.
2. Mayra
Andrade. Cantora.
3. título
de canção de Vadú.
( 4. planalto
de origem vulcânica.
j. a. m. raskunho. ( ? - 2017 )
foto: j. a. m. |
24.1.18
dos sonos -.- à propos de dormir
imagem trabalhada ~ https://youtu.be/zMvXnz8ThnA |
Mestres do Nada
Há rostos que tornam as coisas mais simples.
São como pedras vivas
mergulhadas a prumo
no sábio esquecimento
das suas formas
onde a sós
os olhos dizem
o ouro breve das imagens.
( in, A Primeira Imagem, Ed. Sol XXI, 1998 )
Catálogo/Exposição : " o ouro breve das imagens "
De poeta para poeta: " Quem é que canta sem condição? É José o homem dos sonhos” [1]. Mas também de poeta para artista visual, numa dupla afirmação de liberdade em relação às fronteiras da linguagem, ou sequer do mundo, via a novos mundos em que do comum se faz Outro e Outrem.
Assim, se na obra plástica de José Alberto Mar nos
reconhecemos perante signos ligados à natureza (sóis, luas, flores, borboletas)
e ao humano (corações, olhos, labaredas de fogo interiores, cabeças, cruzes),
nos harmonizamos perante arquétipos universais de raiz formal geométrica,
espantamo-nos, porém, perante a metamorfose dos signos num processo de
morfogénese que progressivamente se tem vindo a acentuar no percurso ontológico
da obra do artista, onde busca e revelação surgem indissociáveis. De tal modo
que nesses universos (im)possíveis que nos é dado entrever pelo “ouro breve das
imagens”, o olhar surpreende-se, mas não emigra, pois o outrem que se afirma enraíza-se
profundamente no humano e na natureza como assunção do transcendente.
De outro ângulo, nesta mostra reencontramos o jogo entre
a cor e a sua ausência, a linha intensa, em formas bidimensionais,
tridimensionais - e sugestões de outros planos - e os signos inefáveis das
nossas e de novas linguagens, ou seja, tudo aquilo que decorre de uma
caligrafia do simbólico. Mas, mais uma vez, também se nos afigura que o cunho
inconfundível da arte de José Alberto Mar flui naturalmente da matriz
existencial do poeta, pintor – e visionário - e de uma radical liberdade do ser e do estar
como assumida celebração da vida.
Enfim,
“Quem é que canta sem condição? É José o homem dos sonhos”.
Sofia
Moraes
(07- 01-2018)
19.1.18
f l O r * asTraL
18.1.18
O ESPANTO ACORDADO
primeiro foi uma sensação a veludo nas mãos, a carne à flor da pele era macia de um modo tão suave a pedir só mansidão e elas, as mãos transcorriam como caravelas loucas com todas as suas 10 velas nas polpas sensíveis cada vez mais e eu lá ao fundo, no final da sensação, deixava-me navegar com toda a preguiça esboçada do mundo por este mar de novidades que aquele corpo me emprestava no silêncio ofegante da noite.
E ela estava deitada, absorta no seu sonho inteiro de ser escultura para as minhas mãos, e eu sentia-a a crescer nos ritmos da respiração e de um lado e do outro ambos éramos mais próximos, como se houvesse uma indeterminada luz pelo meio que ambos tínhamos de possuir, precisamente ao mesmo tempo.
Tudo ilusão. E, no entanto, não
era. Eu estava ali, ela também, éramos 2 corpos com todas as portas abertas à
vida. A aragem das mãos esvoaçando sobre a pele de veludo era o que sobrava do
silêncio de chumbo, onde os nossos corpos jaziam. Havia entre nós um nó
inteiramente aceso por dentro, onde as línguas mais apuradas já não dizem
palavras.
E os gestos criavam outros mundos
onde só nós cabíamos, onde só nós éramos quase perfeitos, à espera de o sermos.
j. a. m.
(São Luís do Maranhão - Br. - Rascunho
Nº 146. 2000-2018)
série: pequenas sabedorias (Nº78) Obra integrada na Exposição, a decorrer : " o ouro breve das imagens " (13 jan. - 1 fev.) |
17.1.18
16.1.18
Exposição de pinturas: " o ouro breve das imagens " . Art Exhibition: " the brief gold of images "
ARTEINFORMADO ( Spain) : http://www.arteinformado.com/agenda/f/o-ouro-breve-das-imagens-el-breve-oro-de-las-imagenes-150809 |
15.1.18
por uma unha negra
foto trabalhada. j. a. m. |
Foi um tempo obscuro,
escuro, mesmo negro. Atravessei-o com a juventude espalhada pelo corpo e todos
os mundos que podia a encherem-me a alma até às marcas tatuadas
à flor da pele. Por vezes, pensava
que enlouquecia e então abrigava-me nas casas do silêncio à espera de segurar o
fio tremeluzente da minha voz mais íntima. Outras vezes, saía pelo mundo fora à
procura de mais dias & mais noites umas a seguir às outras como primaveras
que se devoram com muitas flores vivas a saltarem pela boca, pelos olhos, pelo
corpo inteiro esburacado. Conheci gente, pessoas, corpos habitados por alguém,
outros nem por isso, cheguei a conhecer os mortos que continuam por aí de um
lado para o outro como imagens atrapalhadas adiarem ou a esperarem sei lá o
quê. Também, confesso, cheguei a ser tocado por alguns seres raros, que me
deram minúsculas estrelas duradoiras, muitas vezes sem eu dar por isso. Ainda
hoje as guardo, como símbolos preciosos soltos entre os seixos das minhas
margens.
Foi um tempo de procuras,
em que passei por pontes & pontes e nem sequer as via, nem o rio que lá ia
para o seu mar, nem os lugares de um lado e do outro por onde queimava o meu
destino possuído pelas douradas cegueiras das vertigens e por todos os copos dos venenos que tragava. Vi alguns amigos caírem para o interior de
uma luz alquímica que nunca mais os largou, foram assim sozinhos para tão longe
e nuncanunca mais.
Após muitas paisagens
comecei a ver que tudo à minha volta eram imagens que se soltavam de dentro de
mim, onde eu não era chamado para o caso, nem propriamente ninguém, mas no fim
de contas todos estávamos lá: pessoas, mundo, vida, animais, plantas, pedras e
todos os milhares de universos que na verdade existem para quem os vê.
Comecei a olhar mais a luz, a luz claramente acesa, a primeira que vem de dentro das pessoas e de todas as coisas vivas, que afinal é Tudo.
Comecei a olhar mais a luz, a luz claramente acesa, a primeira que vem de dentro das pessoas e de todas as coisas vivas, que afinal é Tudo.
Descobri um centro que não
é centro nenhum, apenas me desloco por dentro, despido e nu, de centro em
centro, nos mapas circulares da minha idade, amparado pelo tempo que não
existe.
Sempre, com o deus presente
em mim e à minha volta e o amor íntimo e distante por tudo o que me vai
acontecendo
(série: confluências,
confidências, algo assim.Rascunho ~ 1988?)
14.1.18
12.1.18
11.1.18
10.1.18
nÃo peço brasas emprestadas
Hoje,
deu-me para ir jantar fora para espraiar ver gente à minha volta talvez fazer amigos algo assim diferente. Encaminhei-me para o restaurante mais próximo dado que estava a
chover e os guarda-chuvas não se dão bem comigo & vice-versa e já agora confesso com o tempo acabei por aceitar tal facto. c,est la vie. Lá fui entretido com a noite bem escura e as gotas de água fria que me
perseguiram até à meta pretendida na aLtura e quando desemboquei na coisa é que
me apercebi que amanhã será feriado e por conseguinte todo o pessoal da zona
lhe deu pra ir prá-li coincidências.
Lá
me alinhei aprumadamente na fila de espera depois de emprestar o nome ao men de serviço nos apontamentos e pus-me a pasmar com o vái-vém corredio dos empregados por entre N curvas do pouco espaço e os rostos foragidos de si próprios, mais um ou outro personagem
que sobressaia por 1 ocaso qualquer e me levava o olhar para aqui e acolá onde acabava por se
esfumar (as mesas fartas, as bocas a mastigarem abertamente nos vários planos
arranhados das algazarras, os omnipresentes telemóveis pelo meio das batatas
fritas & das carnes a fumegarem químicos, o ruido abrupto das 4 pernas das cadeiras
juntas quando deslizavam, um prato que foi desta pra melhor forçando à
despedida a presença obrigatória de muitos olhares, por aí…..)
e
sem dar por isso já estava a ser encaminhado por um empregado conhecido que me
levava pela mão imaginei isto assim pois quando fui palhaço num circo ambulante pela província descobri que somos todos seres humanos ou para lá caminhamos nunca será tarde e então aconteci numa mesa com duas cadeiras, onde
obviamente só ocupei uma. Aparentemente. Dado que a outra, por debaixo da
toalha de plástico com quadrados ainda vermelhos servia-me para apoiar confortavelmente as
sapatilhas encharcadas de todo. É Inverno por estas bandas e dei as botas a um
pobre diabo que estava a tentar dormir à soleira da minha & também dele porta da cabana, quem leva o quê quando vamos desta pra melhor?
Por
cima da minha cabeça havia uma T.V. e no início estranhei tanta gente a olhar
para mim. O meu “eGo” ( o tal meu cão com o seu aspeto cada vez + belo à vista desarmada já vai tendo 1 nomezinho na praça intenacional, após exposição pública desatempada mas oportuna a meu ver qualquer dia chamam-no pra Hollyood é o meu último grande sonho e eu vou ser o seu curador & ambos vamo-nos safar bem na vidinha e veio-me agora ao de cima isto são tentações ordinárias que acontecem pelos raios dos hábitos mas o Sr. acima referido tinha ficado em casa. Afinidades também sou muito caseiro e até à data lido muito bem comigo próprio tantas vezes sei lá quem sou.
Dado
a algazarra inopinada (em relação ás minhas perspetivas iniciais para quê as perspetivas quando tudo está sempre a mudar como nos anúncios das têVés mas estas nunca chegarão lá?), explico não
só pelo feriado já aludido centra-te mas também porque já começou a coisa dos Natais e ele há grupos & mais grupos a juntarem-se
para se comemorarem felizmente há males que vêm por bem e quando chegou o empregado com aquele livrinho trés fino que
só tem meia-dúzia de folhas habitualmente, mas aqui fica-se pelas duas, eu
disparei-lhe logo a solução: ½ dose de açorda de camarão (lá são generosos nisto, já não é a 1ª vez & até dá pra trazer pra casa)
e o maduro branco da casa com o seu conveniente ar de frescura ( é do Douro, bonzinho até à data venham mais turistas), e
aguardei pastando o olhar pela multidão de vozes & rostos & gestos & televisões
nos 4 cantos do lugar tomara não haver 5 nesta altura do campeonato até ganhavam a animalesca taça da competição, mas estavam isoladas de todo pareciam as ilhas Berlengas no inverno ou até mais que isso, salvo as devidas distãncias que não são nenhumas.
Felizmente o pedido
não demorou a ter resposta, pois já estava a esgotar o cardápio visual &
sonoro. Debrucei-me sobre o assunto em questão e isolando-me do mundo à-volta,
saboreei o repasto, pois realmente a fome
é negra, como dizem os pobres pois os ricos ainda não chegaram lá e com a
noite de bréu pelo meio ainda mais, depois havia ali mesmo à minha frente mais 1
camarão rosadinho que nem uma minhota, mais uma concha para desembrulhar mais uma
colherada de açorda com orégãos, a faca & o garfo entrecruzando-se num
bailado amistoso + uma golada do delicioso néctar tudo estava a ficar 1 pouco mais claro e comecei a serenar os impetuosos
ânimos um tanto ou quanto já exaltados do meu dele estômago que desde manhã
cedo não tinha vislumbrado niente.
Fizemos as pazes finalmente nunca é tarde para tal deslumbrante facto, a meu
ver.
Mastiguei
demoradamente, como é meu hábito não tenho pressas entretido com os minúsculos sabores que advêm
de tal esforço pelos vistos compensatório para as papilas gustativas que batiam palmas em uníssono, escortinando agora à-volta aquele mundo parecia-me tudo muito longe.
Tinha-me desligado. Aprendi esta pequena arte algures com um mestre budista que
me enfiou numa gruta sozinho por um ano e tal. Nem me deu tempo para. Foi numa serra do Tibete (bem
perto de um portal ) toda alva de neve
e quando saí de lá até voei ~.~
Bons
tempos,,,,, em que entre mim e os anjos apenas havia a diferença no comprimento
das asas. Quanto à cor ninguém se sentiu nem mais nem menos assim é que eu gosto & gostos não se discutem.
Depois
regressei aos ocidentes made iN U.E.
prá-ki made In U.S.A. prá-li todos feitos num nó obscuramente amistoso opiniões pessoais claro e todas as minhas asas foram à vida. 1º fiquei
desencantado de todo depois comecei andar macambuzio pelos cantos dos dias depois surgiu uma depressão horrível e mais depois logo a
seguir psiquiatras pírulas um balúrdio de $ nas farmácias [1]. Terra esta de danados, meu irmão. Também de pessoas simples, humildes e humilhadas tantas vezes parece-me só ás vezes sem darem por isso nem me apetece parecer.
Após
um delicioso café (honra lhe seja feita) e um incendiário bagaço (fabrico caseiro, proibido nas Europas eles lá
sabem o que fazem?) lá me dispus a declarar-me à noite sózinho que remédio, regressando
a casa entre estrelas muitas e gotas de chuva agora prateadas pela luz descarada
que descia da lua belamente cheia.
[1] Onde felizmente
me deixam pagar ao fim do mês * quando o patrão me dá (ás vezes sei lá se dá mesmo?) o
tal de ordenado mínimo que nem tenho cabeça pra saber a minha Maria é que trata
dessas coisas.
*uma das minhas namoradas anda lá metida com a patroa
& pronto dá-se com uma mão e recebe-se com a outra.
-.- Rascunho nº 192 . 1757/2018 -.-
-.- Rascunho nº 192 . 1757/2018 -.-
9.1.18
série: pequenas sabedorias ~ series: small wisdoms ~ серия: маленькие мудрост ~ シリーズ:小さなウィスダムズ ~ 系列:小智慧 ~ série: petites sagesses
j. a. m. -.- https://youtu.be/q0xU6T2pAnA |
7.1.18
5.1.18
2.1.18
imagem trabalhada: J. A. M. ~ https://youtu.be/zb7AvrJqqXE |
31.12.17
womad
imagem trabalhada: j. a. m. ~ https://youtu.be/uUS0-0Fv7c8 |
29.12.17
26.12.17
~ não sei se volto a voltar ~
Há coisas do diabo. Algures no Brasil cheguei a estar no Paraíso. E regressei. Agora encontrei outro Paraíso. Não sei se volto a voltar.
Começo por um dos lados:
o mar sem fundo, no compasso di roncu di
mar [1] a chegar claraMente até mim. Depois há coqueiros esguios, altaneiros nas suas
tranquilas danças com a aragem muito ao de leve, afinal quem sopra por lá? E
há as tamarineiras com os fortes
braços erguidos para os céus & os seus frutos curvados doados à espera de quem
lá chegue. Palmeiras com as suas folhas dobradas em devoção às 7 portas que
iniciam as noites. Balançam-se também aos sons do mar, da lua que começa a ser
maior no céu indefinito do meu olhar.
Estou nu, sentado com as patas apoiadas na varanda azulzíssima e tomara eu estar assim tão nu por dentro. Agora vou colher uma cana de açucar aqui do meu quintal e depois talvez vá soprar uma flauta vazia por aí adiante.
Olhando, escutando, aprendendo a ser mais.
O pássaro que me visita
todos os dias, merece agora toda a minha atenção. E ele já está ali, na sua
árvore de eleição, misturado com as flores vivas cor-de-laranjas-acesas, pelo
meio da folhagem verde escura porque efetivamente já é noite e tudo está
demasiado claro para mim.
de: j. a. M. & Victor M.
(Sidády Vêlha. Ilha de Santiago. Cabo Verde. Rascunho.2008/2017)
22.12.17
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