27.10.19
22.10.19
pequena homenagem à Amazónia : reino mineral, vegetal, animal (humano) e divino.
6.10.19
25.9.19
Exercício Alegórico à Beleza
Desenho. Anos /80 . Autor: J. A. M. |
Longos dedos têm o silêncio no meio
das muitas palavras acordadas. Inventam
rios de peixes completos na cor
estrelas austeras como cardos
e das fontes por onde bebemos
não a água, mas a sede
chega-nos ao rosto esse anónimo jardim
com sementes sonhadoras ainda
em exercícios geométricos e sonâmbulos
onde invisíveis mãos já tocam extasiadas
uma repentina beleza para os nossos olhos.
( in, " As Mãos e as Margens", Editora Limiar - 1991 )
18.9.19
12.9.19
Imagens Afundadas na Memória ( 15º )
Pintura de J. A. M. |
como um navio deixa nos olhos uma sombra em movimento
a memória é um cais iluminado só por um lado crescem as
raízes das estrelas que os dedos não tocam apesar das palavras
agora falo-te assim como um navio que vai de imagem em imagem
lentíssimamente, atravessando um instante sempre atrás de outro
o tempo é um gesto parado que não pára de navegar.
(in, "A Primeira Imagem", Editora Sol XXI, Lisboa-1998)
3.9.19
Imagens Afundadas na Memória ( 3ª)
Os dias acordam as várias faces
da luz.
O poder inexorável do Mundo
vem das raízes
do sol.
Dias absolutos
nos seus fulgores errantes
impelidos par além
de todos os gestos dos mortais.
Todos os tempos da memória
são espasmos próximos à madeira
quando aumenta os anéis
nos troncos das árvores. - Todos
os segredos da Terra
são gerados em silêncio.
Em geométricas forças moleculares.
E o jeito dos olhares...- o enredo
toca o centro
e o dia desprende-se
para todos os lados
em luzes aliadas com as sombras.
Olhamos, respiramos, toda a vida
toda a arte é
transparente. E depois apaga-se
o lugar repentino
que mal se vê
e já não se encontra. Nem
o caos. Nem a ordem
ou a lembrança.
( in, A PRIMEIRA IMAGEM, Editora Sol XXI, Lisboa -1998)
1.9.19
30.8.19
XXI BIENAL ARTES PLÁSTICAS, Festa do Avante ( 6,7,8 Setembro ~ 2019)
" H de HOMEM " ( 100X100 cm). Obra de de : J. A. M. |
Júri de Seleção:
Andreas
Stöcklein, ( pintor que cursou a
Academia de Belas-Artes de Dusseldorf e actualmente ocupa um lugar de destaque
na renovação da azulejaria portuguesa);
Jaime Silva ( pintor, coordenador e docente da Área de
Pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes e vice-presidente do seu Conselho
Técnico;
Sérgio
Vicente (artista plástico e
professor da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.)
18.8.19
9.8.19
onde o sOl é mais perto
" O Olhador " . Autor: J. A. M. |
ás vezes à noite, pego no
bloco pego na caneta. Fico assim, horas a fio a olhar para o céu, depois a
incerta altura, desço o olhar
agora:
1 pirilampo aqui outro acolá na espessura da noite por detrás da sebe deste
jardim há 3 sobreiros unidos com troncos rugosos onde a cortiça respira e
cresce sem darmos por isso e as folhas todas juntas formam uma cabeleira que
estremece & dança, muito espaçadamente, com a aragem que sopra dos lados do
mar enquanto pedaços de algodão dos álamos esvoaçam e uma sisão[1]
algures espalha as pautas.
De
repente, a chuva parou. Gotas de água escorrem de folha em folha e depois
apagam-se no chão onde as raízes das plantas absortas se abrem aos desejos da
sede. E as folhas cintilam sob o peso da luz que cai dos candeeiros. E são
belas assim, nos seus verdes flamejantes contra as obscuridades à volta. Na
superfície azulada de um pequeno lago provisório, estranhamente ondulado, está
a lua estampadamente enorme.
Data =?
(
Rascunho Nº 238)
28.7.19
Um Barco dançava na Luz
Foto: J. A. M. |
Hoje,
para variar, meti-me ao caminho para norte e vim parar à Povoa do Varzim.
O
mar vivo e aceso, com o sol por cima, está a meu lado como um companheiro para
esta ocasional minha solidão, prazenteira aliás.
Nesta esplanada onde os sons das ondas se debruçam em cascatas iluminadas para dentro
dos ouvidos dos olhos e a bem dizer, para o corpo todo.
Saio
de mim
e
reparo num barco de velas no alto mar, parece transparente segue um percurso e
agora atravessa a luz espelhada na água pelo sOl e parece desaparecer
definitivamente. Como é tão belo saber esta luz por fora e por dentro o reflexo
direto e verídico das leis da Natureza em Tudo se demonstram.
A Maria, empregada de Pernambuco, estou
cá há duas semanas que me serve as estrellas (1), tem
um ar graciosamente sensível, ondula a sua maravilhosa bunda por entre as mesas e a
simpatia dos clientes que surgem como cogumelos neste fim de tarde Alguns destes amigos vêm do trabalho e falam
alto entre eles, como se tivessem muitas coisas adiadas para dizerem. Outros
mais cansados aparentemente, agarram-se com afinco aos telemóveis e
vice-versa & também ficam presos a uma atenção tão demorada
que me deixa derrotado, mas logo recupero.
O copo amarelo da cerveja, os tremoços também amarelos, ambos juntos bem
equilibrados em cima do corrimão branco da varanda com minúsculos espelhos,
onde os azuis do mar se refletem e parecem criar um outro mar. E a
sinfonia dos maravilhosos sons das ondas torna-se mais aLta, d´encontro aos meus 2 ou
200 ouvidos expectantes. E, por momentos torno-me o Cego do Maio, sem me entender.
E
o tal barco, feito de nevoeiro e magia voltou ao início e este início é a
forma de uma ilha a flutuar entre as
águas longínquas e um horizonte difuso e o barco desliza agora outra vez no
mesmo caminho outro.
- Maria, já reparou naquele barco além?- Desculpe, sr., mas não vejo barco algum.
Entretanto: o jantar, algo comestível com um “Cabriz”(2), mas quanto ao prego
no prato a parte da carne nem se via praticamente que o digam os talheres.
Como só consumo cadáveres raramente, não houve problema de maior, embora tenha
assinalado a “gravidade do lapso” ao empregado que fez a fita de se
mostrar servil, nem era preciso tanto pensei eu para com os
meus botões, depois de um sorriso q.b.
compreensivo & implicitamente altaneiro de cliente de fora, para
estar de acordo com o teatro.
Entre tanto ar tudo escureceu, nem horizonte, nem gaivotas, apenas umas
luzinhas dispersas são barcos de pesca nesta zona ainda são possíveis
embarcações pequenas onde meia-dúzia de pescadores salvam muitas fomes e
apetites nos pratos dos restaurantes à beira-mar plantados à espera dos lucros,
obviamente, venham os turistas, por aqui ainda há peixe fresco, serviços
baratos, aproveitem que 1 dia destes nunca se sabe, até quando?
E
eis-me então agora no laço final: café curto & Jack Daniel`s,
com uma pedra. De gelo, feito com água da Serra da Estrela, gosto de saber
estas coisas.
Antes de me ter despedido do local, ainda olho + uma vez para o tal barco, parece sempre parado antes de o fixar, o barco e a sua viajem, agora é uma visão ou alucinação diferente e entre este e as águas que o transportam não há intervalo que se vislumbre tudo é uníssono e caminha através de um tempo metafórico que 1 dia destes talvez venha a saber.
As
novidades dos novos tempos aproximam-se já chegaram, tudo começa a ser um outro
modo de olhar, de estar vivo e aceso.
(1) cerveja da Galícia ( España).
(2)
vinho da zona do Dão, Portugal.
(Inicial: Out.
2018)
Rascunho Nº27
25.7.19
Série; Celebrações
Pintura : J. A. M. |
Há coisas que acontecem.
Há coisas que não acontecem.
Há coisas que não acontecem.
Entre elas, a luz
derradeira a mais simples
luZ
as esplêndidas aranhas solares expandindo as teias
à nossa volta, ainda os véus impostos da escuridão
erguidos por afortunados ventos dos desertos
das almas que viajam pelas fontes
onde me perdi para Te encontrar
e agora sou o diabo, o anjo negro transformado
em mais um deus, graças a deus
luZ
as esplêndidas aranhas solares expandindo as teias
à nossa volta, ainda os véus impostos da escuridão
erguidos por afortunados ventos dos desertos
das almas que viajam pelas fontes
onde me perdi para Te encontrar
e agora sou o diabo, o anjo negro transformado
em mais um deus, graças a deus
nos teus frondosos braços
há oásis
onde pouso as asas quando as noites são translúcidas
e então, eu lhes abro minha atenção
e depois sei como regressar aos voos
o tempo é uma pérola abismada no meu bico
& todas as aves dos céus sem fim
subitamente iluminam as minhas asas
com a felicidade das coisas assim.
onde pouso as asas quando as noites são translúcidas
e então, eu lhes abro minha atenção
e depois sei como regressar aos voos
o tempo é uma pérola abismada no meu bico
& todas as aves dos céus sem fim
subitamente iluminam as minhas asas
com a felicidade das coisas assim.
(Data: séc. 20)
24.7.19
de manhã
de manhã, quando ainda as aves são sonhos
e já as claridades esvoaçam
abrindo as portas & as janelas
de encontro aos olhos de quem acorda
e os rios de ouro abrem as vozes
à procura dos mastros humanos
onde há gente viajada em nascentes
e a Beleza do mundo é 1 presente simples
e tudo se ampara nos muitos eus
que devagar se unem
enlaçando a infância, o futuro e o agora
de manhã quando algo estala o
silêncio instaurado e já ouço
o cantarolar aceso dos pássaros
Felizmente vivo
mais um dia.
(11-10-2008)
21.7.19
New Worlds - Nuevos Mundos - Novos Mundos
https://www.arteinformado.com/agenda/f/nuevos-mundos-novos-mundos-new-worlds-177228
(IM)POSSIBLE WORLDS?
(IM)POSSIBLE WORLDS?
From poet to poet: "Who is the one who sings without condition? It is Joseph the man of
dreams.* "But also from the poet to the visual artist, in a dual declaration of freedom concerning
the frontiers of language, or even of the world itself, heading new worlds in which from the ordinary,
the Other and the Other else are created.
Thus, if in the plastic work of José Alberto Mar we recognize ourselves before signs related to
nature (suns, moons, flowers, butterflies) and related to the human being (hearts, eyes, inner
flames, heads, crosses), we harmonize ourselves before universal archetypes of geometrical
formal root, we become amazed, however, at the metamorphosis of the signs in a process of
morphogenesis that has gradually been emphasized by the ontological course of the artist's work,
where quest and revelation emerge indivisible. In such a way, that in these (im)possible universes
that we are allowed to glimpse, the look surprises itself, but it does not migrate since the other self
who affirms himself is deeply rooted in both the human being and nature as an assumption of the
transcendent.
From another angle, in this display we encounter again a performance between colour and its
absence, the intense line, in two-dimensional, three-dimensional forms - and suggestions of other
planes – as well as the ethereal signs of ours and of other new languages, that is, all that derives
from a symbolic calligraphy. But again, it seems to us that the unmistakable imprint of José Alberto
Mar's art flows naturally from the existential matrix of the poet, painter - and visionary - and also
from a radical freedom of the being and the existing as an assumed celebration of life.
Anyhow, “Who is the one who sings without condition? It is Joseph the man of dreams.”
* (Poet, Ruy Belo, Homem de Palavras)
* (Poet, Ruy Belo, Homem de Palavras)
poeta Sofia Moraes. Translation: Dr.ª Isaura Pereira
19.7.19
18.7.19
16.7.19
14.7.19
( Os Distraídos)
Pintura de J. A. M. ( 100X100 cm) |
alguém passeia-se
algures por caminhos e paisagens onde há pedras pelo chão e acontece-lhe
curvar-se de repente, por algo que o chama sem dar-bem-por-isso e há um diamante
entre as suas mãos, o olhar turva-se pelo brilho que o sol, atento a tudo onde
há vida, lhe oferece no mesmo instante e depois há quem veja logo ali um presente, ou há quem não dê
conta do vislumbre que lhe aconteceu e continue apegado aos seus hábitos,
atirando o pequeno seixo para as águas de 1 rio que desliza por perto no seu
ocaso indiferente a tudo isto.
Os hábitos
escravizam, tornam-nos cegos.
Todos os dias
acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias, mas não o são, não.
Nada é banal nesta
vida que nos está acontecendo.
E por aqui os
diamantes não têm quaisquer preços, são iluminadas fontes metafóricas, criadas
pela infindável sede que também habita os profundos lençóis da Terra. E das pessoas, também.
- quanto demora uma idade a ser luz?
(Ourique. Alentejo. Portugal)
- Rascunho Nº 287 -
11.7.19
~ 1 Céu para Todos ~
Pintura de : J. A. M. |
Série: pedaços de 1 diário perdido
(…) aconteceu-me algures, num país distante, sem tempos nem espaços uma luz 1ª, e
sem dar tempo ao tempo muitas luzes explodiram em uníssono e só não caí redondo
talvez por um acaso que julgo agora ter sido fortuito.
Era a simples beleza de um areal prateado sem fim, ao lado o mar
evidentemente, e eu ou alguém na altura por mim passeava sem qualquer destino
entre os despojos das ondas à frente dos olhos e o soletrar dos seus sons
quando se fingiam enfim de mortas. Deambulava por ali ciente da felicidade
que vivia sem dar por tal e a incerta altura, o sol que me acompanhava desde o
início desbotou-se pareceu retirar-se e eu senti-me sozinho sem
e foi então, regressando aos milagres da luz (pois hoje sei que tudo é Luz), que olhei mui
convictamente para o céu no lugar onde o sol se tinha ausentado e pedi convictamente que voltasse para a companhia
que me faltava. Repentinamente surgiu invadindo-me de calor, das raízes dos
cabelos até às plantas dos pés e … fiquei repentinamente surpreendido pelo
meu próprio espanto!
e foi a partir deste momento que nunca mais duvidei de Deus.
Um deus, muito longe de todas as cruéis religiões que andam por aí a fazerem
dos homens escravos.
(…)
Data = ?
8.7.19
3 Obras na Exposição: " Novos Mundos - Nuevos Mundos - New Worlds "
5.7.19
pedaços do texto "Estou de Tanga"
Obra de : J. A. M. |
hoje levantei-me bem comigo e a vida, comi manga, papaia e cana de açúcar que o meu quintal me ofereceu com uma claridade de sol já esclarecido nas coisas do mundo. Também bebi água logo nas aberturas do dia e é água fresca e leve que vem dos lados do convento de São Francisco, do séc. 17, eles lá sabiam as melhores fontes das coisas essenciais na vida.
Nesta varanda virada para a Sidády Vêlha, com o mar ao fundo de onde me acolhem imagens & imagens sem fim e um barulho de ondas fortemente contra as pedras negras da praia, onde todos os dias me banho ao fim da tarde até ver o círculo solar cheio de luz e cores e vice-versos (...)
Nesta varanda virada para a Sidády Vêlha, com o mar ao fundo de onde me acolhem imagens & imagens sem fim e um barulho de ondas fortemente contra as pedras negras da praia, onde todos os dias me banho ao fim da tarde até ver o círculo solar cheio de luz e cores e vice-versos (...)
(...) A minha amiga borboleta, que me visitou logo no 1º dia, volta todos os santos dias, enquanto estou a acordar-me nestas pequenas tarefas prazenteiras. Ontem um dia destes veio poisar na minha mão, mas só no fim do coração da manga bem chupada [1] é que sorveu com tal suavidade a última gota que me deixou derrotado por longos instantes.
Ah! eu e a minha balurca[2], batizada ao 3º dia com o nome Unine [3],
duas pétalas brancas uma de cada lado onde pontuam vários círculos negros
salpicados à toa, falámos abertamente dentro dos nossos silêncios unidos,
depois foi vadiar desclaradamente pela mata fora partilhar alegria e liberdade
com outros seres vivos na viagem, remando agora as suas muitas asas frágeis ao
sabor das curvas zoadas da aragem e, pronto (...)
(Sidády Vêlha. Ilha de
Santiago. Cabo Verde.)
[1] Para quem ainda não viveu
estas circunstâncias, creio achar por bem informá-los que as mangas por aqui
cabem inteiras numa mão e então não se comem propriamente dito, após as
primeiras dentadas na casca amarelaesverdeada chupam-se longamente até o
caroço, qual osso, reluzir à luz que há.
[2]
Só gosta de vadiar, sem trabalhar (crioulo do Sotavento).
[3] Referência a personagem mítico da
cultura popular cabo-verdiana, transcrito por Leão Lopes, em “UNINE” (Edição:
Embaixada de Portugal em Cabo Verde, Instituto Camões e Centro Cultural
Português Praia-Mindelo, Coleção Livros Infanto-Juvenis, 1998).
NOTA: uma das várias versões do texto completo, encontra-se publicado a 24.9.08, neste blogue.
NOTA: uma das várias versões do texto completo, encontra-se publicado a 24.9.08, neste blogue.
3.7.19
1.7.19
Comunicação da Exposição de artes visuais: "New Worlds ~ Novos Mundos".
27.6.19
pedaços de 1 diário perdido
Lanzarote. España. Foto: J. A. M. |
(...) de onde em onda, os relâmpagos ao fundo assinalavam as
vertigens da noite sobre os espelhos ondulados e partidos das águas do mar. Aconteciam esporadicamente como se acontecessem por acaso, como se
o acaso não tivesse dono. Pareciam lentos nas suas próprias demoras nos olhos
até nos sons que só aconteciam às vezes, como as súbitas surpresas que nos
caiem bem.
Entretanto
o terraço na escuridão sem algum fim à vista desarmada, apenas aconteciam algumas estrelas que
me permitiam vislumbrear a lua acesa no seu C.Q., e, francamente, eu já nada pensava, apenas estava (...)
20.6.19
( Enxerto do livro inédito “ Diário de 3 Gatos)
" VOZES DA TERRA". Obra a integrar a " IX Bienal de Pintura (Prémio Joaquim Afonso Madeira) Moita, Alentejo - Portugal " |
(…) Então hoje ensinei os meus discípulos
a plantar 1 carvalho. No novo quintal, que aluguei à Junta de Freguesia
aqui da zona, vá lá não foram alarves no negócio até não pareciam políticos ( depois, dá-nos umas flores para a festa cá da Terra. – Está bem !).
Não chamei
as crianças (1) nem lhes dei secas de aulas teóricas & essas outras tretas que por aí andam nos ensinos oficiais deste país, peguei na pequena haste da futura árvore, construí um buraco a condizer
e eles aconteceram ali a olhar para a circunstância. Depois fui ao poço com um
cântaro e despejei a água que julguei necessária à firmeza da terra abraçada ás
raízes do novo hospede. Olhei para esta obra na companhia de 4 olhos
debruçados, atentos, até (julguei) admirados e pensativos, quem o haveria de
dizer? tratando-se de gatos.
Confirmado a facto em si, in
loco, 1 dia destes haverá um pouco + oxigénio para o Planeta, bem-precisa ! há
por aí, pelo Mundo a fora, pessoal a fazer o mesmo - graças a Deus - nem tudo está perdido, penso ás vezes em
momentos de um inesperado fervor & uma boa dose de esperança.
Enquanto agora os meninos,
refastelados na almofada colorida de flores exóticas, de onde aromas vários se
desprendem, olham para mim como se eu fosse um ser estranho (…)
Francamente...
(1) trata-se de um casal de gatos com cerca de 8 meses.
~ J. A. M. ~
~ J. A. M. ~
16.6.19
Alguém passeia-se porque lhe deu para tal
CUBA. Trinidad. Topes de Collante. Foto: J.A.M.- 2019 |
Alguém
passeia-se algures por caminhos e paisagens onde há pedras pelo chão e
acontece-lhe curvar-se de repente, por algo que o chama sem dar-bem-por-isso e
há um diamante entre as suas mãos, o olhar turva-se pelo brilho que o sol,
atento a tudo onde há vida, lhe oferece no mesmo instante e depois há quem veja
logo ali um presente, ou há quem não dê conta do vislumbre que lhe
aconteceu e continue apegado aos seus hábitos, atirando o pequeno seixo para as
águas de 1 rio que desliza por perto no seu ocaso indiferente a tudo isto.
Os
hábitos escravizam, tornam-nos cegos.
Todos os dias acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias, mas não o são, não.
Nada
é banal nesta vida que nos está acontecendo.
E
por aqui os diamantes não têm quaisquer preços, são iluminadas fontes
metafóricas, criadas pela infindável sede que também habita os profundos
lençóis da Terra.
- quanto demora uma idade a ser luz?
( J. A. M. Rascunho Nº 231)
Subscrever:
Mensagens (Atom)