José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

16.5.12

Bar do Godô ( Alcântara. São Luís. Maranhão. Brasil)



Foto: J . A . M .


( Meiri )


Os lençóis negros da noite desciam, tombavam, adormeciam colados uns aos outros, como folhas de árvores de Outono que se voltam juntar.
Depois de várias voltas por N ruas da cidade pareceu-me que era por aquelas bandas que a festa começava a fervilhar. Num passeio de uma rua desamparada, encontrei um banco á minha espera e pedi á Sr.ª da roulotte uma cerveja bem gelada. Recostei-me, costas com parede & vice-versa, e pus-me a pastar vacarosamente  o olhar á volta:  havia de tudo o que era gente, jovens em grupos soltos e felizmente assim, pessoas solitárias, alguns com ar de quem procura desespiradamente libertarem-se daquilo, outros já mais ancorados, havia casais apaixonados que nem pássaros azabumbados, havia também mulheres de todas as cores e as mais belas prendiam-me o olhar por mais tempo &  depois, desapareciam pelas portas dos bares de onde saltavam canções ás molhadas, e de quando em quando muitas vezes, tudo aquilo junto dava-me sede para outra cerveja



por cima de mim, a escuridão salpicada de estrelas e uma clara sensação de vastidão completamente alheada de tudo


a incerta altura, uma menina sozinha por dentro por fora, aproximou-se de mim, de cerveja na mão e sentou-se a meu lado. depois continuou calada, ancorada e eu também não de cerveja na mão. encostou a sua tristeza desarmada no meu ombro abrigada e eu comecei a falar. as minhas palavras eram peixes criados ali, para o seu mar. sem darmos por isso, pusemos os olhos nos olhos e começámo-nos a beijar. o seu fundo sereno tinha outro olhar. & uma paixão apareceu naquele lugar. Claro o dia nasceu sem nos avisar


( Brasil. Gaia  .Texto inicial: 27-05-2006 )






http://pt.wikipedia.org/wiki/Esperando_Godot









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