José Alberto Mar. Com tecnologia do Blogger.

13.4.25

voltarei, não voltarei?

Casa do Sr. Embaixador de S. Tomé e Príncipe. Foto: Cantor Arnaldo

 

       Algures no Brasil cheguei a estar num Paraíso. E regressei. Agora encontrei outro Paraíso. Não sei se volto a voltar.

          Começo por um dos lados: o mar sem fundo, no compasso di roncu di mar (1) a chegar claraMente até mim. Depois há coqueiros esguios, altaneiros nas suas tranquilas danças com a aragem muito ao de leve, afinal quem sopra por lá? E há as tamarineiras com os fortes braços erguidos para os céus e os seus frutos tombados doados à espera de quem lá chegue. Palmeiras com as suas folhas dobradas em devoção às 7 portas que iniciam as noites. Balançam-se também aos sons do mar, da lua que começa a ser maior no céu indefinito do meu olhar.

       Estou nu, sentado com os pés apoiados na varanda azulzíssima e tomara eu estar assim tão nu por dentro. Agora vou colher uma cana de açúcar aqui do meu quintal e depois talvez vá soprá-la numa flauta vazia por aí adiante

      Olhando, escutando, aprendendo a ser mais.

      O pássaro que me visita todos os dias merece agora toda a minha atenção. E ele já está ali, na sua árvore de eleição, misturado com as flores vivas cor-de-laranjas-acesas, pelo meio da folhagem verde escura porque efetivamente já é noite e tudo está demasiado claro para mim.

(Sidády Vêlha. Ilha de Santiago. Cabo Verde)


(1)   “nos sons compassados das ondas do mar”.(crioulo do Sotavento).


(J. A. M.)

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