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Foto: J. A. M. ~ ALCÂNTARA. MARANHÃO. BR. |
31.3.25
28.3.25
CONVITE
HORÁRIO:
O Sopro
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PINTURA " SOPRO". J. A. M. |
de uma forma natural e o Mundo
tinha um amplo sentido exato
em todas as coisas.
e com o passar dos anos aprendi
a esquecer-me de mim.
esse vaso de luz
onde a luz me ensina.
20.3.25
) eu falo para ti (
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Pintura. J. A. M. |
Os hábitos escravizam, tornam-nos cegos.
Todos os dias acontecem coisas assim, parecem banais porque são diárias, mas não o são, não.
Nada é banal nesta vida que nos está acontecendo.
E por aqui os diamantes não têm quaisquer preços, são iluminadas fontes metafóricas, criadas pela infindável sede que habita os profundos lençóis da Terra. E das pessoas, também.
16.3.25
Ecos de Cabo Verde
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Pintura. J. A. M. |
(dá tchuva na tchón áoje, foi milagre d`Deus(1)
O
céu cheio de manchas acinzentadas umas mais outras menos escuras sobre
um fundo que se pressente azul. O “Monte Cara” sempre pousado na sua lonjura
pensativa e sempre tão presente no caroço da alma de cada mindelense. Os aromas
nostálgicos do ser de uma ilha com as raízes mergulhadas nas águas demoradas do
eternamente mágico oceano(2), os sons de uma morna abrindo a noite
como quem pede licença para entrar mas já se instalou suave e inteira, abrindo
os braços a quem quiser estar, a menina de camisa encarnada e
mini-saia-abertamenteazul com as duas coxas de ébano polido demoradamente nuas
e brilhantes até um determinado ponto inexato, os 2 amigos calados & unidos
a uma garrafa de grogue, a criança ainda de colo de camisa
cor-de-rosa e 4 totós verde-alface no cabelo
encarapinhado a chupar uma manga pela boca adentro e uma gota a cair-lhe doucement pelo
queixo até à mão naturalmente aberta da mãe absorta aos sons do Paulino Vieira(3),
unindo-nos a todos num só abraço unânime e depois lá fora vislumbro
através do feixe de luz da porta com uma nesga aberta, os ruídos dos ilhéus que
vão e vêm dos seus destinos circulares e ali na estrada, agora mesmo, alguém
vai sentado ao contrário , numa bicicleta que desliza sorrateiramente
pelas azáguas(4) afora, mas que arte
será aquela?
[2] Atlântico.
[3] Cantor cabo-verdiano (1956).
[4] Poças de água da chuva (crioulo do Barlavento).
9.3.25
eu vim de longe
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Imagem trabalhada. J. A. M. |
7.3.25
Mauro, o poeta da Ilha
Foto trabalhada. J. A. M. |
[1] Marca de cerveja brasileira.
[1] Existem várias versões acerca desta lenda
nordestina. A história mais comum refere a escrava Catirina ou Catarina,
grávida, que pede ao marido Chico ou Pai Francisco para comer língua de boi. O
escravo atende ao desejo da esposa, matando o boi de estimação do patrão. O
crime de Pai Francisco é descoberto e por isso ele é perseguido pelos vaqueiros
da fazenda. Quando preso, são infligidos excruciantes castigos e, para não
morrer, Pai Francisco, com a ajuda de pagés, ressuscitam o animal. Todos,
então, cantam e dançam comemorando o milagre. Esta lenda tornou-se motivo das
maiores celebrações culturais e festivas em todo o Estado do Maranhão. O
“bumba-meuboi” maranhense recebeu do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional) o título de Patrimônio Cultural do Brasil.
[1] Embriagados, bêbedos (dialeto maranhense).
(J. A. M. em São Luís do Maranhão. BRASIL)
5.3.25
Encontro
Pintura. J. A. M. |
demorados gestos que se prolongam até hoje.
28.2.25
Ecos do Brasil
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Pintura. J. A. M. |
Estou na Ponta d’Areia([1]). Deitado ou sentado
à sombra, aí uns 30 e tal graus. O guarda-sol é cor de mangas maduras e eis à
minha frente o mar vivo e aceso. Do céu vários azuis luminosos descem
naturalmente sobre tudo o que é vida.
À minha volta, o povo espraia-se finalmente no seu
domingo. As crianças vivem à solta por aqui, onde o mar deslaça dia e noite as
suas ondas e elas, as crianças, dão cambalhotas e correm chapinhando a água
dócil, entre pequenos sal/tos de quem está mesmo felizmente feliz e quer
continuar assim, sem precisar de o querer. Há gazelas morenas, umas a seguir às
outras, é difícil acompanhar com a merecida atenção tantos ritmos ondulantes e belos,
sob este sol de Deus. Passa uma caipira([2]) com o peso dos anos
no rosto grudado pelo sal que vagueia pela aragem e com uma caixa transparente
no braço leva ovos de codorniz, camarão cozido, umas comidas que outros irão
comprar, com certeza.
Olhando para trás,
vejo 2 candeeiros públicos ainda acesos, o que não me espanta (pois em Portugal
também acontecem estes descuidos) a despontarem entre as cabeleiras verdes das
árvores sossegadas e claramente alheadas do assunto. É de lá dessas bandas -
que chegam até aqui aquelas músicas populares, sempre a tocarem as esferas do
coração. Muitas pessoas cantam-nas em grupos e alegram-se simplesmente assim.
Um papagaio caiu,
tombou mesmo agora a meus pés e re/ paro que é feito de plástico, que já foi
saco de supermercado + uns pauzinhos de coqueiro aliados, e ainda mais agora, o
menino já o ergueu no ar e aquela coisinha frágil como Tudo, dá curvaS sozinho com
a cauda louca sem tino e esburaca o espaço, rodopia veloz e depois ,,, cai
outra vez no chão aparentemente sólido do mundo e a criança continua a ser
criança a brincar e já é muito, tomara eu.
A menina do bar,
mini-saia de ganga boa perna, camiseta vermelha desabotoada, bandeja prateada
na mão esquerda, já aviou mais umas garrafas de Sol([3]) a uns jovens que
estão pr’ali num forrobodó evidente e regressa ao balcão, esvoaçando um olhar
geral pelas mesas dos seus clientes.
Um bandozinho de
sabiás-da-praia passa à frente do meu olhar a rasarem o grande areal, com
cadeiras e mesas azuis, vermelhas e brancas e desaparecem numa curva uníssona
do tempo, o que é feito deles? pensei, enquanto uma outra parte de mim se
regala a misturar as cores do cenário em jogos infindáveis.
Lá adiante, lá mesmo ao fundo, onde o céu se afunda
numa tira horizontal de água mais cintilante no brilho, faz-me lembrar que
amanhã irei a Stº António de Alcântara, por onde um touro ([4]) passeia a sua
estrela de cinco pontas na testa carimbada, em noites de lua cheia.
(São Luís. Estado do Maranhão. Brasil)
[2] Pessoa humilde do campo, da roça, do interior do Estado.
[3] Marca de cerveja mexicana, bastante consumida por estas bandas.
[4] Segundo uma interpretação livre de lendas populares brasileiras, na Ilha dos Lençóis, D. Sebastião mora num palácio de cristal que se ergue no fundo do mar próximo à ilha considerada encantada. Consta que o rei vagueia pela praia, durante a noite, na forma de um touro com uma estrela de ouro (ou de prata), na testa. Se alguém conseguir atingir a estrela e ferir o touro, o seu reino será desencantado e D. Sebastião poderá regressar a Portugal.
25.2.25
Foto. J.A. M. |
o olhar
e tudo à volta enaltece
um outro mundo
onde os nossos olhos se inclinam
para dentro
desenhando as formas que chegam
com uma luz alheia, uma luz cheia
de novos horizontes
onde somos os mesmos sendo outros.
21.2.25
Não corras atrás das borboletas...
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Foto. J. A. M. |
Mas a frase em questão, no meio daquele inferno encantou-me o lugar e por momentos caí num silêncio sem tempo, que me trouxe a casa da minha infância, longe muito longe, onde havia um jardim. E a frase era assim: não corras atrás das borboletas, cuida antes das tuas flores que elas virão até ti *.
E então, algo em mim se transforma e tudo à minha volta também.
E, uma flor expectante e incógnita aflora por dentro.
* frase atribuída,
a D. Elhers, em tradução livre.
(J.A.M.)
11.2.25
Foto. J. A. M. |
Escuta
como o ar
brilha em silêncio nas nossas veias lavradas
e os cometas
dos sonhos transportam minuciosas luzes
para dentro da
nossa escuridão, é um corpo sempre com
um lado esquecido, o
ouro, dizes, navega pelo sangue
entra
e sai pelos poros e o olhar torna-se o lugar das aparições,
inaugura o
tempo que volta escondido sob os primeiros sinais
das madrugadas.
(J. A. M.)
8.2.25
Últimas Notícias
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Pintura. AUTO~RETRATO. J. A. M. |
O grande Mistério assola
a nossa atual tempestade. Ou seja
28.1.25
Caminhos Peregrinos
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Pintura ( J. A. M. ) |
26.1.25
22.1.25
Os Dias Breves Visões
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Pintura. J. A. M. |
18.1.25
Para quem é mendigo à frente do prodígios do Mundo
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Pintura. J. A. M. |
31.12.24
Tempos de transição
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Pintura. J. A. M. |
Permanecem um desentendimento algo que transcende.
Entre as dúvidas e as certezas arde o silêncio da curva
fechada da ignorância, da distração, da língua de alguns
Vivemos tempos de transição.
Há sombras que se iluminam e se dissolvem, há luzes
Por mim, para já, não sopro nenhuma bandeira, não assinalo
Na minha cabeça as oficinas trabalham em vão.
No meu coração tudo se alinha. Na minha intuição, também.
23.12.24
21.12.24
Parece haver um destino nesta viagem
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Pintura. J. A. M. |
o barco acompanha a sua sombra ondulada pelas águas do rio. É um rio largo, com as margens erguidas por uma floresta imensa. Que na lonjura escurece todos os nomes.
Por cima pássaros e nuvens passeiam-se com o sol por testemunha.
13.12.24
A Vida é um sopro
Pintura. J. A. M. |
Os dias cresceram, os anos cresceram a luminescência do sobrenatural também.
Vi na antecipação das auroras, a linha inexistente entre a luz e as sombras. Vi com os olhos, as mãos, o corpo inteiro.
Era o sobressalto da idade adulta. O brilho arrefecido onde supliquei pelas antigas manhãs.
E voltei a aperfeiçoar-me no centro das peregrinações. A viagem prossegue. Amaciando o clarão, onde metade de mim floresce e a outra metade adormece.
(28-11-2024)
30.11.24
EXERCÍCIO ALEGÓRICO À BELEZA
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Pintura. J. A. M. |
Longos dedos têm
o silêncio
nas muitas
palavras acordadas. Inventam
rios de peixes
completos na cor
estrelas austeras
como cardos
e das fontes por
onde bebemos
não a água, mas a
sede
chega-nos ao
rosto esse anónimo jardim
com sementes
sonhadoras ainda
em exercícios
geométricos e sonâmbulos
onde invisíveis
mãos já tocam extasiadas
uma repentina
beleza para os nossos olhos.
( J. A. M.)
15.11.24
O TRIÂNGULO DE OURO
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Pintura. J. A. M. |
o mundo atravessa-te o corpo a meio
e de ambos os lados
ficas nu.
para as incertezas serem tão grandes
e as mãos poderem tão pouco
tanta matéria com sinais.
entrega-lo aos olhos e dizer: como acontecesse o coração
no seu exato pensamento. Onde felizmente
há música na geometria dos astros
e um início de ouro a cada momento.
18.10.24
Deus viaje em nós
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Pintura. J. A. M. |
- Dizem: Deus viaja em nós perante o imenso espetáculo do desconhecido.
- O poeta pergunta, separa um a um os raios do sol interior que em si afoga.
E cercam os seus limites.
7.10.24
Não é fácil ser alto por dentro
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Pintura. J. A. M. |
E as pétalas rebentam libertadas por uma luz que transpira sombras.
E, igualmente me basta, porque cintila sempre um coração em arco, um halo de concha vidente, que obstinam os meus desejos de ser humano.
27.9.24
" Veritas lux mea "
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Pintura. J. A. M. |
Como uma borboleta perturbada á volta da lâmpada acesa.
da cega lâmpada no olhar da borboleta.
- Até onde nos sustenta a lucidez da luz?
( J. A. M.)
19.9.24
Um Poema na Escuridão
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Pinturas. J. A. M. |
os astros fulgurantes aceitam a luz silenciosa das raízes
do mundo
eu escuto
eu adormeço para um outro sonho
mais acordado
por onde se desvanecem todas as quimeras
que preencheram mais um dia.
11.9.24
( entretanto ama os teus amigos)
![]() |
Pintura. J. A. M. |
Da vagina das mães, prenúncio dos dons cósmicos, a inaudita descoberta
Eis a exatidão do que em nós também é. E esquecemos.
Dissimulados nos dons, somos sempre o desconhecido lugar da saída, com todas as portas abertas.
Uma cegueira enorme escuta o silêncio, depois do confirmado enredo da vida. Estamos aqui, a palavra repete-se: “aqui” e a onda desaparece nas areias dos nossos distraídos desertos.
Inalterável esta estória refugia-se mo corpo. É o corpo que enobrece a distância, é o corpo que abre as distâncias, é o corpo que se despede das distâncias.
E olhas á-volta e vês o que és.
6.9.24
Um Sopro Distraído
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Pintura. J. A. M. |
Na rua as pessoas passeiam-se devagar no meio do tempo. Saboreiam os encontros, param aqui e acolá, trocam poucas frases, poucos gestos, coisas simples, como um sorriso cúmplice na caminhada, já é Tanto!
Um pescador idoso, de boné ainda vermelho e corpo fechado, está esquecido ou estará a lembrar-se, a olharolhar o mar como se lesse um texto antigo.
Alguns barcos assinalam o horizonte e ampliam o céu.
(
J. A. M. – Gaibu. BR)
31.8.24
Exposição de Artes Visuais
30.8.24
SERES COMUNS
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SERES ESTRANHOS. Pintura. J. A. M. |